Semana 06 Aulas 2- Trabalho e Energia Cinética:

Lista de Tópicos:

  1. Potência Geral.
  2. Potência Mecânica.
  3. Potência e o Teorema Trabalho e Energia Cinética.
  4. Exemplo automotivo.
  5. Exemplo (quase) real. Preparação para Conservação da Energia.

Potência Geral.


Até aqui a mecânica modelada usando Trabalho não envolve o tempo explicitamente. Mesmo ao incluir a velocidade no Teorema do Trabalho e Energia Cinética, só é necessário ver os valores no início e final do movimento.

O tempo é introduzido de forma harmônica por meio da derivação do trabalho, definimos a Potência que é um conceito muito geral.

$$P=\frac{dW}{dt}.$$ Essa é possivelmente uma das definições mais importante para a vida moderna, dimensina-se a capacidade de trabalho de diversas máquinas por meio de sua potência nominal.

Multiprocessador

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Etiqueta Chuveiro Elétrico

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Aquecimento Solar de Água

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Aquecedor a Lenha

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Potência Mecânica ou Potência de uma Força.


Relembrando o trabalho diferencial, $dW=\vec{F}\cdot d\vec{l}$ e $\frac{d\vec{l}}{dt}=\vec{v}$, então,

$$dW=\vec{F}\cdot\vec{v}dt\quad\Rightarrow \quad $$

$\quad$

$$ P=\frac{dW}{dt}=\vec{F}\cdot \vec{v} \quad.$$

Potência de uma força. $\quad\quad$

Potência Mecânica e Energia Cinética


Imediatamente com base na equação anterior, a Potência associada a força resulta (nos termos da 2ª Lei de Newton).

$$P_{res}=\vec{F}_{res}\cdot \vec{v}$$

O trabalho total, é aquele excercido pela força resultante (como na 2ª Lei de Newton).

Mas pelo teorema do Trabalho e Energia Cinética, $W_{Total}=\Delta K$,

$$W_{Total}(t)=K(t)-K_0\quad \Rightarrow \quad P_{Total}=\frac{W_{Total}}{dt}=\frac{dK}{dt}$$

$\quad$

$$ P_{res}=\vec{F}_{res}\cdot \vec{v}=\frac{dK}{dt} \quad.$$

A potência associada a força resultante nos fornece a variação da Energia Cinética no tempo. $\quad\quad$

Exemplo automotivo simplificado:


O motor de um automóvel é o principal responsável pela realização de trabalho em automóveis.

É muito comum aproveitar o mesmo motor, em diversos veículos, muitas vezes essa utilização gera projetos que claramente carecem de potência. E isso se reflete nos parâmetros cinemáticos (velocidade e aceleração).

Vamos investigar (de forma simplificada) esse efeito em 2 veículos Renault Symbol e Renault Duster.

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Experimento:


Ambos os carro sobem com velocidade constante, um aclive que tem um ângulo $\theta$. Quanto percentualmente menor é a velocidade do carro mais pesado? Leve em conta apenas a ação da força peso, e da força de tração, ignore os efeitos aerodinâmicos.

Então se a velocidade é contante, o trabalho realizado pelo motor e transferido para as rodas é o mesmo que o necessario para superar os efeitos da força peso.

In [20]:
#Figura do plano com as forças e um sistema de coordenadas pouco vantajoso.
fig
Out[20]:

Informações Teóricas:


Já fizemos na aula passada.

$$p_\parallel=m\;g\;sen(\theta)$$

Note, se $\vec{v}$ é constante, então Energia Cinética K, também é constante.

$$P_{res}=\vec{F}_{res}\cdot \vec{v}=\frac{dK}{dt}=0\Rightarrow (P_\parallel+F_\parallel)\;v=0\Rightarrow F_\parallel=-P_\parallel$$

Claro que se você já sabe das Leis de Newton, isso era evidente.

Além disso, está claro que toda a potência liberada pelo motor é utilizado para realizar trabalho contra a força peso (a parte paralela a trajetória).

Potência individual dos 2 veículos com motores iguais e $m_2>m_1$ (quando vazios):


$p_1= m_1\;g\;sen(\theta)$, portanto a potência do veículo 1 é $P_{Motor}= m_1\;g\;sen(\theta)\;v_1$

$p_2= m_2\;g\;sen(\theta)$, portanto a potência do veículo 1 é $P_{Motor}= m_2\;g\;sen(\theta)\;v_2$

Dividindo os valores,

$$ 1 = \frac{m_1}{m_2}\frac{v_1}{v_2}\;\Rightarrow\; v_2=\frac{m_1}{m_2}\;v_1$$$$ Dif\%=100\%\frac{|v_1-v_2|}{max(v_1,v_2)}= 100\%\frac{v_1-v_2}{v_1}=100\%\frac{v_1-\frac{m_1}{m_2}\;v_1}{v_1}$$
$$ Dif\%=100\%\; \frac{m_2-m_1}{m_2}$$

Dados do Carros e resultado:


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Motor 1.6 16V 4x2 (Hi-Flex) - Potência: 110 cv ~ 81 kw;

Dados do Symbol: 1045 kg (vazio) ou 2400 kg (carga máxima - Essa carga tem haver com o Motor)

Carga útil: 1355 kg

Dados do Duster: 1228 kg (vazio) ou 2378 kg (carga máxima - Essa carga tem haver com o Motor).

Carga útil: 1150 kg

Resultados:


  • Carros vazios (Symbol mais rápido)

    $$ Dif\%=100\%\; \frac{1228-1045}{1228}\approx 15\%$$
  • Carros no máximo de carga (Velocidades equivalente)

$$ Dif\%=100\%\; \frac{2400-2378}{2400}\approx 0.92\%$$
Porém o Symbol carrega 205kg a mais de carga util.

Exemplo (quase) real: Aposta na pista de esqui:


Esse exemplo foi adaptado do exemplo 6.12 do livro do Tipler.

Dois esquiadores apostam estão apostando uma corrida, um desce pela pista para iniciantes (com inclinação constante) e o outro desce pela pista para veteranos (com formato parabólico).

Dados das pistas:

  • A ambas tem comprimento horizontal 'D' e altura 'h'.
  • A pista de veteranos tem formato parabólico, não deforma esse formato.
  • Ambas mantém o início e final da trajetória na mesmas posições.
  • A pista de veteranos termina com inclinação zero.

As seguintes comparações são alvo de disputa:

  1. Qual esquiador chega a base pista com a maior velocidade?

Situação:

Ambos os esquiadores deslizam, e apenas a força peso é capaz de realizar trabalho. A força normal é perpendicular a trajetória e forças de atrito podem ser despresadas nesse momento. Podemos tratar os esquiadores como partículas.


In [45]:
#Diagrama das pistas de esqui
fig
Out[45]:

Parte inicial da Solução:

  • Vamos utilizar o Teorema Trabalho e Energia Cinética.
$$W_{Total}=\Delta K \Rightarrow W_{g}+W_{N}= \frac{1}{2}\;m\;v_f^2-\frac{1}{2}\;m\;v_i^2$$

Suponhamos que a velocidade inicial (inpulso inicial para descer) é despresível quando comparado a velocidade no fim da pista $(v_i=0)$. E sabendo que a força normal não realiza trabalho.

$$W_{g}=\frac{1}{2}\;m\;v_f^2$$ Essa constatação é válida para ambas as pistas.

Parte específica da pista 1:

  • O trabalho da força peso sobre uma partícula em um plano pode ser encontrado facilmente utilizando a componente da força peso paralela a trajetória.

Para o plano inclinado vimos que $p_\parallel=m\;g\;sen(\theta)$. Isso é suficiente para a pista de iniciantes. Note ainda que para o plano inclinado, com as informações que temos, $sen(\theta)=\frac{h}{l}$, onde $l^2=h^2+D^2$.

  • Trabalho da força peso na pista para iniciantes (identificado como pista 1).
$$W_{g1}=\int_0^l\;m\;g\;\frac{H}{l}dl\Rightarrow W_{g1}=m\;g\;h $$
* Encontrando a velocidade da pista 1 (para iniciantes). $$m\;g\;h=\frac{1}{2}\;m\;v_{f1}^2 \Rightarrow v_{f1}=\sqrt{2\;g\;h}$$

Solução para 2(respira fundo):

  • O que foi dito para o plano inclinado, vale para cada ponto da parábola, evidentemente, o ângulo $\theta$ é quem vai variar ao longo da trajetória, $p_\parallel=m\;g\;sen(\theta)$

Como a CADA ponto da parábola, podemos determinar a inclinação da reta tangente, que nos fornece a tangênte do âgulo $\theta$.

Mas o primeiro passo é modelar a parábola.

  • Modelando a parábola. Toda parábola é $y(x)=a\;x^2+b\;x+c$.

Usando as informações disponíveis, podemos escolher a origem (0,0) (e o zero da parábloa) no fim da pista de esqui e ela necessariamente passa no ponto (-D,h).

Por conta (0,0), encontramos que $c=0$ e que temos uma parábola simétrica em relação a origem, portanto $b=0$.

Utilizando o ponto (-D,h), temos

$$h=a\;D^2\quad\Rightarrow a = \frac{h}{D^2} \Rightarrow y(x)=\frac{h}{D^2}\;x^2$$

E ainda,

$$ \frac{dy}{dx}=tg(\theta)=2\;\frac{h}{D^2}\;x$$

Não precisamos da tangente, mas do seno.

  • Encontrando o $sen(\theta)$.

Existem muitas possibilidades para continuar, uma possibilidade interessante é imaginar um triângulo retângulo com catetos $c_1=2\;h\;x$ e $c_2=D^2$, com esse triângulo no mesmo quadrante da tangente o seno será,

$$sen(\theta)=-\frac{2\;h\;x}{\sqrt{4\;h^2\;x^2+D^4}}$$

.

Círculo Trigonométrico - GeoGebra Planilha dinâmica

Círculo Trigonométrico

Movimento o ponto P sobre o Círculo Trigonométrico.
Selecione as opções Seno, Cosseno ou Tangente e observe!
Criado com GeoGebra


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  • Trabalho da força peso na pista para veteranos (identificado como pista 2).
$$W_{g2}=\int_C\;m\;g\;sen(\theta)dl$$

Somos obrigados escrever $dl$ utilizando o sistema de coordenadas da parábola, notem que é o módulo da diferencial de comprimento.

$$dl=\sqrt{dx^2+dy^2}=\sqrt{1+(\frac{dy}{dx})^2}\;dx=\sqrt{1+(2\;\frac{h}{D^2}\;x)^2}\;dx=\frac{\sqrt{4\;h^2\;x^2+D^4}}{D^2}\;dx$$

Integrando,

$$W_{g2}=\int_{-D}^{0}-m\;g\;\frac{2\;h\;x}{\sqrt{4\;h^2\;x^2+D^4}}\frac{\sqrt{4\;h^2\;x^2+D^4}}{D^2}\;dx=-\int_{-D}^{0}m\;g\;\frac{2\;h\;x}{D^2}=\frac{m\;g\;h\;x^2}{D^2}|_0^{-D}=\;m\;g\;h$$
* Encontrando a velocidade da pista 2 (para veteranos). # $$W_{g2}=m\;g\;h\Rightarrow v_{f2}=\sqrt{2\;g\;h}=v_{f1}$$
E ela é igual a da pista 1 (para iniciantes).

Se no lugar de perguntar as velocidades, fosse pertuntado os tempos, qual caminho leva menos tempo para chegar a base da montanha?

Para responder isso mais facilmente precisamos de mais conhecimento...

Existe algo maior ....:

  • Na definição de potência, a noção de trabalho foi ampliada.

  • E agora caminhos muito diferentes resultam na mesma velocidade (na verdade na mesma energia cinética).

  • Na próxima aula vamos falar do princípio da Conservação da Energia (o 'algo maior'), um dos conceitos com maior alcance nas ciências.

Obrigado a todos pela presença.