Semana 08 Aulas 1 - Colisões:

Lista de Tópicos:

  1. Motivação.
  2. Conceitos Centrais para avaliação do fenômeno.
  3. Tipos de Colisões.
  4. Colisões Perfeitamente Inelásticas Unidimensionais.
  5. Colisções Elásticas Unidimensionais.

Motivos para se estudar colisões


Colisões são os fenômenos mais elementares que se podemos estudar envolvendo sistemas de partículas, pois o sistema não possui forças externas, portanto as Leis de Conservação podem ser usadas largamente. Além disso, é uma ciência aplicável a um espectro enorme de situações. Desde uma inocente bolinha de ping-pong, a não tão inocente industria de armas e investigação do muido subatômico das partículas elementares.
Colisões no trânsito
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Colisões de Partículas em Aceleradores
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Colisões em jogos divertidos
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Conceitos Centrais para o Estudo de Colisões em Mecânica


Já conhecidos:

• Conservação do momento: $$\Delta P_{Sis}=0$$


• Conservação da Energia: $$\Delta E_{Sis}=0$$

Mas pode ocorrer da Energia Mecânica não se conservar em alguns tipos colisões

Essas quantidades são suficientes para descrever o movimento antes e depois da colisão.

Conceito novo:

Impulso:
Mecanismo que explica a forma com que as patículas interagem durante colisões mecânicas. Comecemos por essa novidade!

Impulso:


Quando corpos colidem, eles usualmente exercem forças muito intensas um sobre o outro (pares ação e reação), durante um tempo muito curto. Nesse momento, chamaremos essas forças de forças impulsivas ou forças de impulso. O impulso $\vec{i}$ de uma força $\vec{F}$ durante um intervalo de tempo $\Delta t=t_f-t_i$, é definido como,
$$I=\int_{t_i}^{t_f}\vec{F}dt $$
Definição de Impulso.
É de se esperar que várias forças atuem durante uma colisão, com a segunda Lei de Newton isso não será um problema, pois ela evita a descrição das forças individuais. Assim, $\vec{F}_{res}=\frac{d\vec{P}}{dt}$, usando essa informação e o teorema fundamental do cálculo,
$$\vec{I}_{res}=\int_{t_i}^{t_f}\vec{F}_{res}dt=\int_{t_i}^{t_f}\frac{d\vec{P}}{dt}dt=\vec{P}_f-\vec{P}_i $$$$\vec{I}_{res}=\Delta \vec{P} $$
Teorema Impulso-Momento linear.

Impulso e força média


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A integral tem interpretação da área sob uma curva, então é possível encontrar o valor médio do integrando, que para os mesmo limites de integração fornece a mesma área. Essa conclusão, vale para forças individuais $\vec{F}$ ou para força resultante $\vec{F}_{res}$. Pelo Teorema do Valor médio para integrais,

.

$\vec{F}_{média}=\frac{1}{t_f-t_i}\int_{t_i}^{t_f}\vec{F}dt=\frac{\vec{I}}{\Delta t}$
.

Aqui isso nos fornecerá a força média que atua sobre uma corpo durante uma colisão,

$\vec{F}_{res\; méd}=\frac{\Delta \vec{P}}{\Delta t}$

Exemplos virão adiante quando as coisas começarem a colidir.

Tipos de Colisões:


  • Colisões Elásticas.
  • Colisões Parcialmente Inelásticas.
  • Colisões Ineláticas ou Perfeitamente Inelásticas.
Conceito \ Tipo de Colisão
Elástica
Parcialmente
Inelástica
Inelástica
Energia Geral
Conserva
Conserva
Conserva
Energia Mecânica
Conserva
Perde Parte
Perde o máximo possível
Momento Linear
Conserva
Conserva
Conserva

Tipos de Colisões: Tópico sobre energia em colisões inelásticas


Conceito \ Tipo de Colisão
Elástica
Parcialmente
Inelástica
Inelástica
Energia Geral
Conserva
Conserva
Conserva
Energia Mecânica
Conserva
Perde Parte
Perde o máximo possível

Parte da Energia Mecânica é convertida a alguma energia dissipativa nas colisões inelásticas. Por isso a Energia Geral é conservada.

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• Nas colisões perfeitamente inelásticas, os corpos sempre terão a mesma velocidade após a colisão. Isso formalmente significa que a Velocidade relativa entre eles é ZERO.
• Neste curso de Mecânica, a deformação do material será o tipo mais comum de energia dissipativa em colisões. Mas pode ocorrer aquecimento também.

Colisões Unidimensionais:

Em ordem de dificuldade:

  1. Colisões Perfeitamente Inelásticas.
  2. Colisões Elásticas.
  3. Colisões Parcialmente Inelásticas (essa não será feita hoje).

Colisões Inelásticas Unidimensionais:

Consederemos 2 corpos de massa $m_1$ e $m_2$, com velocidades iniciais $v_1$ e $v_2$ conhecidas, nesse caso tanto faz se as partículas vão ao encontro uma da outra (colisão frontal) ou uma se aproxima por trás da outra (colisão traseira). Fato é que eles colidem e o máximo de energia é perdida.

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Com qual velocidade do conjunto $v_{c}$, após a colisão? Qual a Energia que resta após a colisão?

Solução:

O que sabemos:

  • Massa do corpo 1 : $m_1$.
  • Massa do corpo 2 : $m_2$.
  • Velocidade do corpo 1 antes da colisão: $v_{1a}=v_1$.
  • Velocidade do corpo 2 antes da colisão: $v_{2a}=v_2$.
  • Ambos os corpos tem a mesma velocidade após a colisão: $v_{2d}=v_{1d}$

O que desejamos:

  • Velocidade do conjunto depois da colisão: $v_c=v_{2d}=v_{1d}=\;$?
  • A Energia que resta no sistema : $K_{sd}=\;$?
  • Também sabemos ser uma Colisão, só existem forças internas:

    • Momento Linear se Conserva: $\Delta \vec{P}_{Sis}=0\;\Rightarrow\; \vec{P}_{1a}+\vec{P}_{2a}=\vec{P}_{1d}+\vec{P}_{2d}$, logo,

    ## $$m_1\;v_{1a}+m_2\;v_{2a}=m_1\;v_{1d}+m_2\;v_{2d}$$

  • No caso das colisões perfeitamente inelásticas,

    $m_1\;v_{1a}+m_2\;v_{2a}=(m_1+m_2)\;v_{c}$

Resposta: Então a velocidade do conjunto será:

$$v_{c}=\frac{m_1\;v_{1a}+m_2\;v_{2a}}{m_1+m_2}$$

Com a velocidade do conjunto disponível a Energia do sistema após acolisão será dada pela massa e velocidade do conjunto.

$K_{sd}=\frac{1}{2}\;m_c\;v^2_c$, substituindo

$K_{sd}=\frac{1}{2}\;(m_1+m_2)\;\frac{(m_1\;v_{1a}+m_2\;v_{2a})^2}{(m_1+m_2)^2}=\frac{1}{2}\;\frac{(m_1\;v_{1a}+m_2\;v_{2a})^2}{(m_1+m_2)}$

Que pode ser escrita de forma compacta usando o momento linear do sistema $(P_{Sis})$ descrito com as velocidades iniciais.

$$K_{sd}=\frac{P_{Sis}^2}{2(m_1+m_2)} $$

Colisões Inelásticas e a preservação da vida em acidentes


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Se parte da Energia não fosse convertida em destruição dos veículos envolvido em acidêntes os ocupantes estaram sujeitos a forças e acelerações tremendamente mais elevadas, isso poderia causar danos muito severos aos ocupantes. Veremos algo sobre isso adiante.

Exemplo 1: Batida contra um trêm.


Um veículo pequeno (um carro por exemplo) para na via férrea, um trêm vem em sua direção com velocidade $v_1$ e eles colidem. Supondo que ninguém se deforma. Qual a velocidade dos envolvidos depois da colisão?

Foi observado que o carro para na via férrea, então sua velocidade é zero. A massa do trêm é muito maior que a do carro de passeio.

Solução:

O que sabemos:

  • Relação entre as Massa : $m_1=m_{trem}>>m_{carro}=m_2$.
  • Velocidade do trem antes da colisão: $v_{1a}=v_1$.
  • Velocidade do carro antes da colisão: $v_{2a}=v_2=0$.
  • É uma colisão perfeitamente inelástica, pois o trem arrasta o carro.

O que desejamos:

  • Velocidade do conjunto depois da colisão: $v_{c}=?$
  • Aceleração Média a que o carro está sujeito se a colisão ocorre em 0.5s.

Nosso resultado geral foi:

$$v_{c}=\frac{m_1\;v_{1a}+m_2\;v_{2a}}{m_1+m_2}$$

Substituindo o que sabemos:

*$v_{c}=\frac{m_1\;v_{1a}}{m_1+m_2}=\frac{\;v_{1a}}{1+\frac{m_2}{m_1}}$, como $m_1>>m_2$, no caso limite $\frac{m_2}{m_1}\rightarrow 0$, portanto fazerndo esse limite encontramos.

Resposta:

$$v_{c}\approx v_{1a}=v_{trem}$$

Efeito: O trem arrasta o carro como se ele não estivesse por ali.

A Aceleração média sobre o veículo:

Aqui vamos usar os resultados obtidos na seção que falava de impulso e a segunda Lei de Newton,

$\vec{F}_{res\; méd}=\frac{\Delta \vec{P}}{\Delta t}$

  • Como estamos falando exclusivamente do carro, vamos ver a variação do momento linear do carro.

$p_{carro}=m_{car}\;v_{car}$, antes da colisão é zero, $p_{car\;ant}=0$, pois o carro está parado.

Depois da colisão será a $p_{car\;dep}=m_{car}\;v_{trem}$ pois o carro é arrastado pelo trem.

$$\Delta P = p_{final}-p_{inicial}=m_{car}\;v_{trem}$$

A força média para uma colisão de 0.5s.

$$F_{res\; méd}=\frac{m_{car}\;v_{trem}}{0.5}=2\;m_{car}\;v_{trem}$$

A aceleração média vem usando a segunda lei de Newton,

$$F_{res\; méd}=m_{car}\;a_{méd}=2\;m_{car}\;v_{trem}\Rightarrow$$

Resposta: $$a_{méd}=2\;v_{trem} $$

Efeito: Suponha que o trem consiga esteja dentro de uma parea urbana, ANTT estabelece que a velocidade máxima seja de 50km/h, isso equivale aproximadamente 14m/s, o carro estará sujeito a uma aceleração média de 28 m/s², ou seja, aproximadamente 3x a aceleração da gravidade. Uma pessoa comum perde a consciência com uma aceleração de aproximadamente 5x a da gravidade. Isso sem contar deslocamentos de orgãos internos e outros efeitos danosos.

Exemplo 2 (Histórico): Pêndulo Balístico


Estamos em um período de relativa paz no mundo, mas isso não era uma constante a alguns séculos. Em tempos de Guerra avanços científicos ocorre por questões de sobrevivência. Esse é o caso do pêndulo balístico, inventado pelo matemático inglês Benjamin Robins em 1742.
Versão feita por Lord Kelvin disponível
no Museudo Caçador de Londres
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Versão refeita de um projeto de 1856 de uso naval
Disponível no Royal Gunpowder Mills, Essex, Inglaterra.
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Funcionamento do Pêndulo Balístico:

Esse experimento serve para detectar a velocidade com que um projétil sai de uma arma. Essa detecção ainda é muito trabalhosa. Sem câmeras e computadores, era ainda mais difícil.

Situação:

Um projétil de massa $m_{proj}$ é disparado e sai de uma da arma com velocidade $v_{proj}$, essa velocidade é desconhecida. Ele colide e se aloja dentro de um objeto parado e pendurado por uma corda, esse objeto pendurado tem massa $m_{pen}$. Após a colisão o conjunto oscila e se registra a altura máxima $h$ de oscilação.

Ilustração:

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Solução:

O que sabemos:

  • Massa do projétil : $m_{proj}=m_1$,
  • Massa do bloco pendurado : $m_{pen}=m_2$
  • Altura máxima que o conjunto atinge após a colisão: $h$

O que desejamos:

  • Velocidade do projétil antes da colisão: $v_{proj\;ant}=v_{1a}=?$

Devemos separar o problema em 2 estágios: Estágio de colisão inelástica e estágio de movimento do conjunto pendurado

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  1. Estágio de colisão perfeitamente inelástica:

    • Nesse tipo de colisão, apenas uma fração da Energia cinética é preservada.

    $$K_{sd}=\frac{P_{Sis}^2}{2(m_1+m_2)}=\frac{1}{2}\;\frac{(m_1\;v_{1a}+m_2\;v_{2a})^2}{(m_1+m_2)}$$

  • Substituindo o que sabemos e o que desejamos, $$K_{sd}=\frac{1}{2}\;\frac{(m_1\;v_{1a})^2}{(m_1+m_2)} $$
Essa é a energia disponível para ser convertida em Energia Potencial gravitacional no próximo estágio.
  1. Estágio do movimento do movimento do conjunto pendurado:
    • Agora estamos com um movimento sem forças dissipativas, então a energia mecânica se conserva.
  • Vamos falar em termos de início e final desse movimento. O início desse movimento, tem os mesmo parâmetro de DEPOIS da colisão.

Pelo princípio da Conservação da Energia Mecânica

.
$$K_i+U_i=K_f+U_f$$

Escolhemos:

  • Definimos que a referencia para Energia Potencial é na parte mais baixa da tranjetória, essa forma, no instante inicial, só há energia cinética, $U_i=0\;J$.

Sabemos:

  • Quanto a altura máxima é atingida, o conjunto para, então $K_f=0$, e por sua vez $U_f=(m_1+m_2)\;g\;h$.
  • A energia cinética no início é $K_i=K_{sd}=\frac{1}{2}\;\frac{(m_1\;v_{1a})^2}{(m_1+m_2)}$

Substituindo o que sabemos e o que já encontramos,

$$\frac{1}{2}\;\frac{(m_1\;v_{1a})^2}{(m_1+m_2)}=(m_1+m_2)\;g\;h\Rightarrow$$

Resposta:

$$v_{proj}=v_{1a}=\frac{(m_1+m_2)}{m_1}\sqrt{2\;g\;h} $$

Colisão Elástica Unidimensional:

Consederemos 2 corpos de massa $m_1$ e $m_2$, com velocidades iniciais $v_1$ e $v_2$ conhecidas, nesse caso tanto faz se as partículas vão ao encontro uma da outra (colisão frontal) ou uma se aproxima por trás da outra (colisão traseira). Fato eles colidem sem deformação ou qualquer outra perda energética.

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Com qual velocidades $v_{1d}$ e $v_{2d}$, os corpos terão após a colisão?

Solução

O que sabemos:

  • Massa do corpo 1 : $m_1$,
  • Massa do corpo 2 : $m_2$
  • Velocidade do corpo 1 antes da colisão: $v_{1a}=v_1$
  • Velocidade do corpo 2 antes da colisão: $v_{2a}=v_2$

O que desejamos:

  • Velocidade do corpo 1 depois da colisão: $v_{1d}=?$
  • Velocidade do corpo 2 depois da colisão: $v_{2d}=?$
  • Também sabemos ser uma Colisão Elástica:

    • Momento Linear se Conserva: $\Delta \vec{P}_{Sis}=0\;\Rightarrow\; \vec{P}_{1a}+\vec{P}_{2a}=\vec{P}_{1d}+\vec{P}_{2d}$, logo,

    $$m_1\;v_{1a}+m_2\;v_{2a}=m_1\;v_{1d}+m_2\;v_{2d}$$

  • Energia Mecânica se Conserva (só tem energia cinética): $\Delta \vec{E}_{Sis}=0\;\Rightarrow\; K_{1a}+K_{2a}=K_{1d}+K_{2d}$, logo,

    $$\frac{1}{2}\;m_1\;v_{1a}^2+\frac{1}{2}\;m_2\;v_{2a}^2=\frac{1}{2}\;m_1\;v^2_{1d}+\frac{1}{2}\;m_2\;v^2_{2d} $$

Manipulações matemáticas:

Da equação para o momento,

$$m_1\;(v_{1a}-v_{1d})=m_2\;(v_{2d}-v_{2a})\quad(1)$$

Da equação para a Energia,

$$m_1\;(v_{1a}^2-v_{1d}^2)=m_2\;(v_{2d}^2-v_{2a}^2)\Rightarrow $$$$ m_1\;(v_{1a}-v_{1d})\;(v_{1a}+v_{1d})=m_2\;(v_{2d}-v_{2a})\;(v_{2d}+v_{2a})\quad(2)$$

Divindindo (2) por (1),

$$v_{1a}+v_{1d}=v_{2a}+v_{2d}\Rightarrow v_{1a}-v_{2a}=v_{2d}-v_{1d}$$
  • Pausa para um resultado importante, o módulo da velocidade relativa se preserva em uma colisão elástica, $$|v_{1a}-v_{2a}|=|v_{2d}-v_{1d}|\quad (3)$$

Mas como visto mais acima, o sinal se inverte.

Continuemos

  • $$v_{2d}=v_{1d}+v_{1a}-v_{2a}\quad (4)$$

Substituindo (4) em (1)

  • $$m_1\;(v_{1a}-v_{1d})=m_2\;(v_{1d}+v_{1a}-2\;v_{2a})$$

Reorganizando:

  • $v_{1d}\;(m_1+m2)=v_{1i}\;(m_1-m_2)+2\;v_{2a}\;m_2$ e finalmente,

Resposta:

$$v_{1d}=\frac{v_{1a}(m_1-m_2)+2\;v_{2a}m_2}{m_1+m_2}\quad(5)$$
  • Como as posições dos corpos 1 e 2 podem ser trocadas sem prejuízo,
$$v_{2d}=\frac{v_{2a}(m_2-m_1)+2\;v_{1a}m_1}{m_1+m_2}\quad(6)$$

Esse resultado também pode ser obtido substituindo (5) em (4).

Exemplo 3: Colisão de bolas de sinuca

Se a bola que é acertada pelo taco sai com velocidade $v_1$? E acerta uma bola parada, quais são as velocidades depois da colisão?

Podemos considerar que as bolas de sinuca tem a mesma massa $(m_1=m_2)$.

Solução:

O que sabemos:

  • Massa do corpo 1 e 2 : $m_1=m_2=m$,
  • Velocidade do corpo 1 antes da colisão: $v_{1a}=v_1$
  • Velocidade do corpo 2 antes da colisão: $v_{2a}=0$

O que desejamos:

  • Velocidade do corpo 1 depois da colisão: $v_{1d}=?$
  • Velocidade do corpo 2 depois da colisão: $v_{2d}=?$

Nosso resultado geral (5) e (6):

  • $$v_{1d}=\frac{v_{1a}(m_1-m_2)+2\;v_{2a}m_2}{m_1+m_2}$$
  • $$v_{2d}=\frac{v_{2a}(m_2-m_1)+2\;v_{1a}m_1}{m_1+m_2}$$
  • Substituindo o que sabemos,

  • $v_{1d}=0$

  • $v_{2d}=\frac{2\;v_{1a}m}{m+m}=v_{1}$

O momento e energia é transferido totalmente do objeto 1 para o objeto 2.

Exemplo real:

Exemplo 4: Colisão elástica com uma parede.


Um objeto rídigo com velocidade $v_1$ colide contra uma parede rígida. Qual a velocidade dos envolvidos depois da colisão?

É fato que a parede está parada $(v_{2a})$ e podemos considerar que a parede tem massa $M\rightarrow\infty$ se comparada a de qualquer objeto de peso limitado, uma bola de ping-pong por exemplo. Desde que a parece seja resistente, valeria para uma bola de boliche.

Solução:

O que sabemos:

  • Massa da parede: $M\rightarrow\infty$
  • Velocidade do corpo 1 antes da colisão: $v_{1a}=v_1$
  • Velocidade da parede antes da colisão: $v_{2a}=0$

Não sabemos:

  • Massa do corpo 1: $m_1$. Não foi definida, então espero que seja irrelevante, trataremos como uma quantidade auxiliar.

O que desejamos:

  • Velocidade do corpo 1 depois da colisão: $v_{1d}=?$
  • Velocidade do corpo 2 depois da colisão: $v_{2d}=?$

Nosso resultado geral foi:

  • $$v_{1d}=\frac{v_{1a}(m_1-m_2)+2\;v_{2a}m_2}{m_1+m_2}$$
  • $$v_{2d}=\frac{v_{2a}(m_2-m_1)+2\;v_{1a}m_1}{m_1+m_2}$$
  • Substituindo o que sabemos e a quantidade auxiliar $m_1$.

  • $v_{1d}=\frac{v_{1a}(m_1-M)}{m_1+M}=\frac{v_{1a}(\frac{m_1}{M}-1)}{\frac{m_1}{M}+1}$

Como $M\rightarrow\infty \;\Rightarrow\;\frac{m_1}{M}\rightarrow0$, desde que $m_1$ seja irrelevante comparado com a parede.

Resposta parcial:

$$v_{1d}=-v_{1a} $$

O objeto bate e retorna com o mesmo módulo de velocidade.

  • $v_{2d}=\frac{2\;v_{1a}\;m_1}{m_1+M}=\frac{2\;v_{1a}}{\frac{m_1}{M}+1}\frac{m_1}{M}$

Tomando o limite, $\frac{m_1}{M}\rightarrow0$

Restante da resposta:

$$v_{2d}=0 $$

Ainda bem que a parede continua parada.

Exemplos:

Isso ocorre na vida real!
E também é comum em jogos, já a muitos anos.

Exemplo 5: Jogando Boliche.


Uma bola de boliche pesada tem aproximadamente 6kg, e é arremessada a com velocidade de 10m/s$ contra um pino padrão de 1.5kg que se encontra parado. Quais as velocidades dos objetos após a colisão?

Não há o que considerar, apenas substituir.

Solução:

O que sabemos:

In [190]:
mbola=6. # Massa da bola de boliche, mbola=m1 em kg
mpino=1.5 # Massa do pino, mpino=m2 em kg
vbola=10. # Velocidade da bola de boliche antes da colisão vbola=v1a, em m/s 
vpino=0. #Velocidade do pino antes da colisão: vpino=v2a, em m/s

O que desejamos:

  • Velocidade do corpo 1 depois da colisão: $v_{1d}=?$
  • Velocidade do corpo 2 depois da colisão: $v_{2d}=?$

Nosso resultado geral foi:

  • $$v_{1d}=\frac{v_{1a}(m_1-m_2)+2\;v_{2a}m_2}{m_1+m_2}$$
  • $$v_{2d}=\frac{v_{2a}(m_2-m_1)+2\;v_{1a}m_1}{m_1+m_2}$$
  • Substituindo o que sabemos,
In [191]:
M=mbola+mpino # Massa total do sistema
v1d=(vbola*(mbola-mpino)+2*vpino*mpino)/M # Substituição dos valores
print('Resposta: ',v1d,'m/s') 
Resposta:  6.0 m/s
In [193]:
#Versão com mais conta
v2d=(vpino*(mpino-mbola)+2*vbola*mbola)/M # Substituição dos valores
print('Resposta: ',v2d,'m/s') 
Resposta:  16.0 m/s

Versão alternativa, que usa velocidade relativa.

Usando que o módulo velocidade relativa se conserva na colisão elástica e o sinal se inverte

In [200]:
vr1=vbola-vpino # isso é a velocidade relativa bola/pino e dá 10 m/s. 
vr2=-vr1 #vr2=vbola_depois-vpino_depois da colisão.
v2ds=(v1d-vr2) # vbola_depois=v1d, vr2=(v1d-v2d)
print('Resposta: ',v2ds,'m/s') 
Resposta:  16.0 m/s

Esse exemplo do boliche tem a mesma estrutura inicial da colisão entre o automóvel parado e o trem. Vamos usar investigar quais consequencias teríamos se o automóvel fosse indestrutível. Portanto se a colisão fosse elástica.

Exemplo 6: Objeto rígido sendo acetado por um trem.


Continuamos com as mesmas premissas, apenas o trem se movimenta, um objeto está parada na pista e esse objeto é rígido. A massa do trem é muito maior que a massa do objeto. Qual a velocidade dos envolvidos após a colisão? A qual a aceleração média será submtido o objeto durante a colisão?
  1. Qual a velocidade dos envolvidos após a colisão?
  2. Qual a aceleração média a que está submetido o objeto após a colisão com o trem?

Solução

O que sabemos (do enunciado original entre o carro e o trem lá na seção de colisão elástica):

  • Relação entre as Massa : $m_1=m_{trem}>>m_{obj}=m_2$ ou $\frac{m_{obj}}{m_{trem}}\rightarrow0$.
  • Velocidade do trem antes da colisão: $v_{1a}=v_1$.
  • Velocidade do carro antes da colisão: $v_{2a}=v_2=0$.
  • Tempo de colisão $\Delta t=0.5\;s$.
  • A colisão é elástica, essa é a única informação que mudou em relação ao enunciado original.

O que desejamos (as mesmas coisas que no problema original lá no exemplo 1):

  1. Qual a velocidade dos envolvidos após a colisão?
  2. Qual a aceleração média a que está submetido o objeto após a colisão com o trem?
  • Aproveitando o resultado obtido a pouco para o sistema do boliche, basta trocar o índece bola por trem e o índice pino por objeto.

    • $v_{1d}=\frac{v_{trem}\;(m_{trem}-m_{obj})}{m_{trem}+m_{obj}}=\frac{v_{trem}\;(1-\frac{m_{obj}}{m_{trem}})}{1+\frac{m_{obj}}{m_{trem}}}$.

Fazendo o limite,

Parte da primeira resposta:

  • $$v_{trem\;dep}=v_{1d}\approx v_{trem}$$

Efeito: O trem nem sente que bateu em algo.

  • Seguindo o mesmo método, tomemos o resultado para o pino e troquemos os índices.

    • $v_{2d}=\frac{2\;v_{trem}\;m_{trem}}{m_{trem}+m_{obj}}=\frac{2\;v_{trem}}{1+\frac{m_{obj}}{m_{trem}}}$. Fazendo o limite chegamos,

Segunda parte da primeira resposta:

  • $$v_{obj\;dep}=v_{2d}\approx 2\;v_{trem}$$

Efeito: O objeto é arremessado para frente com 2x a velocidade do trem.

A Aceleração média sobre o veículo:

Esta parte segue o mesmo desenvolvimento visto no problema anterior, a única diferença é que a velocidade do objeto depois da colisão mudou. Então basta trocar, $v_{trem}$ para $2\;v_{trem}$.

A aceleração média vem usando a segunda lei de Newton,

$$F_{res\; méd}=m_{obj}\;a_{méd}=2\;m_{car}\;2\;v_{trem}\Rightarrow$$

Resposta: $$a_{méd}=4\;v_{trem} $$

Efeito: Suponha que o trem bata a velocidade de 15m/s, o objeto estará sujeito a uma aceleração média de 60 m/s², ou seja, aproximadamente 6x a aceleração da gravidade. Certamente se o objeto fosse um veículo ocupado, uma pessoa comum perderia a consciência com essa aceleração. Existe um agravante, colisões elásticas geralmente são mais ligeiras que as inelásticas, pois deformar algo consome tempo. Esse tempo é precioso para preservação da vida pois dilui o efeito impulsivo. Se bastaria diminuir esse tempo de colisão pela metade, que a aceleração dobraria e as consequencias para o corpo humano seriam terríveis.

Colisões Parcialmente Inelásticas Unidimensionais:

Fica para depois que estudarmos centro de massa. O conceito de centro de massa facilita muito o entendimento das colisções parcialmente inelásticas.

Próxima aula, como obter o centro de massa de sistemas de partículas e objetos. Depois disso continuamos com colições.

Obrigado pela presença!