Da Ufes para o mundo: conheça as ações de internacionalização

Estrangeiros são recebidos com apoio dos "anjos" da comunidade acadêmica
Compartilhe:

– Lidia Neves –

A mobilidade de docentes e estudantes para o exterior e a vinda de estrangeiros já acontecem de forma constante. Saiba também sobre os programas de pós-graduação que já são referência internacional

Como aprimorar o papel da universidade, para que ela possa ser competitiva internacionalmente em relação à pesquisa e inovação e à formação dos seus estudantes de graduação e pós-graduação? A internacionalização é parte importante da resposta a essa pergunta.

Receber e enviar estudantes, professores e pesquisadores, fazer pesquisas em parceria com outros países e participar de eventos e publicações internacionais são algumas das formas pelas quais a Ufes tem buscado ampliar o alcance de sua atuação.  “Queremos ter visibilidade internacional e que a Ufes seja um destino para estudantes e pesquisadores”, disse a secretária de Relações Internacionais da Universidade e professora de Engenharia Civil, Patrícia Cardoso.

A mobilidade é uma das partes mais consolidadas deste trabalho, segundo ela. Em 2018, a Ufes recebeu 37 alunos de graduação e 42 de pós-graduação, segundo dados da Secretaria de Relações Internacionais (SRI) e da Diretoria de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG). Em contrapartida, foram para o exterior 51 estudantes de graduação.

Na pós, anualmente, cerca de 40 alunos passam de 3 a 12 meses em centros de pesquisa do exterior, em doutorados sanduíche. Entre os professores, como mais de 80% já possuem doutorado, o mais comum é se afastarem para o pós-doutorado: dos cerca de 40 a 50 docentes que tiram licença por ano para desenvolver um projeto científico ou tecnológico, aproximadamente 20 se dirigem a universidades do exterior. Na outra direção, atualmente seis professores visitantes estrangeiros lecionam na Ufes.
Responsável pela política de internacionalização da Ufes, a Secretaria de Relações Internacionais recebe quem chega, oferece oportunidades de mobilidade para a comunidade universitária, fomenta acordos e convênios para ampliar as colaborações com instituições estrangeiras e apoia o aprimoramento em idiomas para fins acadêmicos.

Acolhida aos estrangeiros

Para receber quem vem do exterior, a SRI elabora eventos e documentos que facilitam sua adaptação à Universidade e ao Brasil. Uma dessas iniciativas é o programa Anjos na Ufes, em que voluntários da comunidade acadêmica apoiam os estrangeiros recém-chegados com informações para facilitar sua instalação e aproveitam para praticar idiomas. Em 2017, 145 alunos e servidores se inscreveram para ser “anjos”.

A Ufes também tem políticas de assistência aos estrangeiros para favorecer a sua permanência, que incluem empréstimo estendido de livros e acesso a curso de línguas. A maior parte dos que fazem a graduação completa participam do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que oferece formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento. Vários deles têm bolsa oferecida pelo próprio Ministério da Educação.  Os que não recebem esse auxílio podem se cadastrar no Programa de Apoio ao Estudante Estrangeiro da Ufes (PAEES) e ter ainda acesso a auxílio alimentação.

Tanto para os que saem quanto para os que chegam, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci) oferece ainda apoio psicológico. Para os estudantes que viajaram ao exterior, o atendimento é feito via chamadas de vídeo.

Pós-graduação internacional

A internacionalização está entre os critérios avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para definir o conceito dos programas de pós-graduação. Essa nota é usada para definir a abertura e a manutenção de mestrados e doutorados e influencia a visibilidade das pesquisas e a captação de recursos.

Os indicadores variam conforme a área de conhecimento, mas em geral são considerados critérios como a presença de professores estrangeiros no programa, a participação em comitês e diretorias de sociedades científicas internacionais, a presença em eventos científicos no exterior, a docência, a consultoria e a editoria de periódicos relativas a instituições de outros países, a inclusão em intercâmbios e convênios internacionais e a captação de recursos para projeto de pesquisa em um cenário de competitividade mundial.

“A internacionalização é muito importante quando é uma via de mão dupla, ou seja, quando encontramos parceiros no exterior que querem e, principalmente, precisam colaborar em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, afirmou o diretor de Pós-Graduação da PRPPG, o professor de Ciências Fisiológicas José Geraldo Mill.

Segundo a pesquisa “A internacionalização na Universidade Brasileira: Resultados do Questionário Aplicado pela Capes”, realizada em 2017, a mobilidade de docentes e discentes para outros países é a parte mais bem resolvida da internacionalização e é entendida como o principal mecanismo de acesso às experiências no exterior, à formação de redes e ao estabelecimento de colaborações em pesquisa. Já a atração de professores estrangeiros e o aproveitamento dos que se qualificaram no exterior são apontadas como desafio prioritário, já que eles poderiam mobilizar suas redes externas para estabelecer intercâmbios e parcerias científicas.

Na Ufes, a situação não é diferente. “Até aqui, nosso processo de internacionalização ficou mais focado na formação de recursos humanos no exterior. Daqui para a frente, há a necessidade de aumentar o grau de cooperação internacional. Para isso, precisamos melhorar as condições institucionais para receber professores e estudantes estrangeiros, bem como aumentar os recursos para desenvolvimento destes intercâmbios”, disse o professor Mill.

A presença de artigos de professores da Ufes no exterior reflete o trabalho já realizado: em 2017, foram 1044 publicações em periódicos com circulação internacional, segundo a plataforma Scopus, o maior banco de dados de resumos e citações da literatura com revisão por pares. Desses, 20% foram feitos em colaboração com instituições estrangeiras. Além disso, foram registradas participações de docentes em 332 eventos no exterior no mesmo ano, com a apresentação de pelo menos um trabalho científico.

Os programas de pós-graduação com maior inserção internacional são o de Doenças Infecciosas (PPGDI) e o de Astrofísica, Cosmologia e Gravitação (PPG Cosmo), segundo o diretor de Pós-Graduação. As pesquisas sobre doenças infecciosas já contam com colaborações de universidades norte-americanas há mais de 20 anos, com foco nas áreas de tuberculose, leishmaniose e Aids. O mestrado em Doenças Infecciosas teve início em 2006 e se consolidou com a colaboração de instituições norte-americanas. O programa, que forma profissionais das diversas áreas das Ciências Biológicas e da Saúde, passou a contar com um doutorado em 2009. A partir de 2012, os estudantes passaram a ter formação sanduíche, com parte de suas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Portugal, França ou Inglaterra, entre outros países. Em 2013, estudantes estrangeiros passaram a integrar o programa e, em 2017, foi a vez de professores visitantes fortalecerem a internacionalização.

Já o PPG Cosmo foi criado em 2015 e tem o objetivo de formar doutores inseridos em um ambiente internacional. O estudante é sempre co-orientado por um dos colaboradores do programa de universidade estrangeira – dos Estados  Unidos, França, Alemanha e Reino Unido – e deve passar um ano na instituição no exterior. Essas universidades lideram consórcios internacionais de pesquisa, o que contribui para projetar o envolvimento dos doutorandos globalmente. Além disso, a metade dos doutorandos do programa é de estrangeiros.

A Ufes possui mais de 120 acordos de cooperação internacional vigentes. Foto: Reprodução/SRI-Ufes

Fomento

Para aumentar a cooperação internacional, a Ufes busca recursos para fomentar pesquisas e oportunidades de mobilidade para a comunidade acadêmica. A SRI integra diversas redes mundiais com essa finalidade, bem como redes brasileiras, latino-americanas, europeias e de língua portuguesa.
Uma dessas associações é o Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras (GCUB), composto por 83 instituições brasileiras de Educação Superior, que promove parcerias acadêmicas com instituições de mais de 100 países. Entre elas está o Programa de Alianças para a Educação e a Capacitação (Paec), que concede bolsas de estudos integrais para cursos de pós-graduação stricto sensu a estudantes dos demais países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA). A parceria com a OEA, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e o Ministério das Relações Exteriores brasileiros (MRE) já trouxe para a Ufes mais de 60 pós-graduandos latino-americanos.

Localmente, a Ufes integra a Rede de Internacionalização da Educação do Espírito Santo (RIEES), em que atua no fomento de oportunidades internacionais em conjunto com outras cinco instituições de ensino superior. Um exemplo é a ação integrada de recepção aos alunos internacionais.

A Ufes possui 121 acordos de cooperação internacionais vigentes, que podem representar uma ação de toda a instituição ou alguma parceria específica, para pesquisa ou mobilidade por exemplo. Alguns deles são motivados por professores e outros são frutos de visitas diplomáticas, em que os países tomam conhecimento das oportunidades de investir em pesquisas realizadas na Universidade. Além disso, a cooperação com outros países resulta também em ações culturais, como mostras de cinema.

Línguas

Para ampliar as possibilidades de internacionalização, a Ufes também busca aprimorar a proficiência em línguas. “Precisamos ficar antenados com o que acontece. Para isso, as pessoas precisam ter mais base de idiomas, para podermos participar de pesquisas conjuntas com grupos internacionais”, disse a professora Patrícia Cardoso. Entre as ações promovidas estão a capacitação para participar de eventos e publicar artigos e capítulos de livros em língua estrangeira, a tradução e revisão de artigos e os exames de proficiência em inglês.

E para os estrangeiros, a Ufes é a aplicadora, no Espírito Santo, do exame de Certificação de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), o único reconhecido oficialmente pelo governo brasileiro, além de oferecer aulas de português para quem chega de outros países.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*