Apresentação

O Núcleo

Desde 2009, o Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular, coordenado pela Profª. Taís Cristina Bastos Soares – CCENS/UFES, e localizado no Prédio de Biotecnologia (CCAE/UFES, Alegre/ES) tem recebido recursos de diferentes órgãos de fomento (Capes, FINEP, FAPES e CNPq) para execução de pesquisas básicas e aplicadas envolvendo acessos do gênero Coffea entre outras espécies. Os recursos estão sendo fundamentais para a condução de pesquisas que possuem amplo escopo desde a caracterização molecular, visando à caracterização do banco de germoplasma do cafeeiro do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), aos estudos de expressão gênica, visando compreender melhor os aspectos genéticos, bioquímicos e fisiológicos, relacionados ao mecanismo de tolerância à seca no cafeeiro. Os financiamentos dos projetos conduzidos pela equipe vinculada a esta proposta têm possibilitado, ainda, a formação de recursos humanos em diferentes níveis: graduação, mestrado e doutorado. Também, por meio de recursos CAPES (PNPD) e FAPES (DCR e Profix), pós-doutorandos atuam e atuaram no referido Laboratório, garantindo a fixação de doutores no ES.

Ao longo destes quase nove anos, pesquisadores, de instituições do Espírito Santo e de outros Estados, de distintas áreas do conhecimento, foram envolvidos nas pesquisas acerca dos acessos de Coffea. Dentre esses, destacam-se docentes e discentes da UFES Campus Alegre e pesquisadores da Embrapa Café, lotados no Incaper e na UFV, que atuam nas áreas de biologia molecular (marcadores moleculares, epigenética e expressão gênica), fisiologia vegetal, fitotecnia, cultura de tecidos vegetais e melhoramento genético.

A cultura do cafeeiro tem uma importância econômica substancial para o PIB brasileiro e configura uma das principais commodities do Brasil. Dentre as mais de 124 espécies do gênero Coffea, somente as espécies C. arabica e C. canephora têm grande importância econômica. Coffea canephora é a segunda espécie do gênero mais cultivada no mundo, e o Espírito Santo se destaca como o maior produtor brasileiro desta espécie, designada no Estado como café conilon. Com as previsões de grandes mudanças climáticas, sobretudo relacionadas com um aumento da escassez de água, a busca por materiais mais adaptados às variações climáticas, em especial à seca, tem se destacado. No Espírito Santo as crises hídricas ocorridas nos anos de 2015 e 2016 levaram a perda expressiva de produção do conilon. Para auxiliar na escolha de genótipos importantes para tolerância à seca e para programas de melhoramento genético, destaca-se a biologia molecular na análise da expressão gênica, assim como as análises bioquímicas e morfofisiológicas. Estas análises tornam possível estudar genes ou regiões genômicas relacionados ao controle de caracteres de interesse agronômico e concomitantemente avaliar a herança das características, utilizando, por exemplo, cruzamentos recíprocos. O estresse por seca desencadeia uma série de respostas de plantas, envolvendo cascatas transcricionais e interações entre produtos gênicos que causam uma mudança importante em toda a fisiologia, crescimento e desenvolvimento da planta. Caso haja influência materna na resposta à seca, é possível identificar diferenças no cruzamento recíproco nas progênies, sendo controladas pela mãe quando no cruzamento é receptora do pólen com o óvulo.

Em uma parceria firmada entre UFES, Embrapa Café e Incaper (EDITAL CNPq/FAPES Nº 012/2009 – PRONEX, EDITAL FAPES/SEAG Nº 06/2015 – PPE AGROPECUÁRIA, e Edital Macroprograma 2 – Consórcio de Pesquisa Cafeeira – Embrapa, Chamada 02) foram realizadas algumas pesquisas com o café conilon submetendo-os à seca no intuito de selecionar plantas que sejam mais tolerantes. Em um dos trabalhos de campo, na fazenda experimental de Marilândia-ES, foi realizado o cruzamento dialelo recíproco, entre o clone suscetível (109) e o tolerante à seca (120), cujas progênies foram submetidas ao estresse hídrico. Estas progênies foram utilizadas em estudos fisiológicos e bioquímicos (dados em fase de publicação). Parte destes estudos originou a tese de doutorado da estudante Franciele Barros de Souza Sobreira intitulada “Respostas morfofisiológicas e herança materna para tolerância à seca em progênies de café conilon”. Os dados obtidos destes estudos sugerem uma forte herança materna em relação aos mecanismos de tolerância à seca e nos motivou buscar novas informações relacionadas a estes mecanismos (EDITAL FAPES Nº 03/2017- UNIVERSAL), visando identificar indivíduos superiores para tolerância à seca dentro dos genótipos pré-selecionados, identificar locus relacionados a características morfofisiológicas envolvidas em mecanismos de tolerância à seca e verificar se a herança materna tem influência nas progênies com superioridade para seca.

Com base nos objetivos, metas e impactos obtidos até o momento, solidificou-se a proposta “Núcleo emergente de pesquisa para estudos dos mecanismos de tolerância à seca no cafeeiro”, a qual possui caráter de pesquisa científica e experimental, incluindo as vertentes de pesquisa básica e aplicada. Considerando a importância destas pesquisas para o entendimento de aspectos importantes para a cultura do cafeeiro e dando continuidade a formação de recursos humanos, o Núcleo pretende se consolidar, ampliar as parcerias nacionais e internacionais. Neste próximo mês de novembro, a coordenadora desta proposta, Profª Taís, ficará um mês no Leibniz Instituto de Bioquímica de Plantas (Alemanha), finalizando análises relacionadas ao projeto desenvolvido durante o período sabático (PDE/CNPq), que poderão auxiliar no desenvolvimento desta proposta, além de solidificar uma parceria internacional. O Núcleo considera ainda, que a transferência de tecnologia constitui uma meta muito importante a ser atingida, e se compromete a transferir as informações para os cafeicultores capixabas.