Ações da Ufes chegam a 2 milhões de pessoas em todo o estado

Atividades para crianças com deficiência no Laboratório de Educação Física Adaptada (Laefa). Projeto do laboratório ganhou o Prêmio Maria Filina 2018 – Foto: Arquivo Laefa
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Por Ana Paula Vieira

Responsável por fazer a conexão entre a Universidade e a sociedade, a Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Ufes contabiliza 851 ações registradas, que chegam a todo o Espírito Santo e, somente em 2018, atenderam a um público estimado de 2 milhões de pessoas. No ano em que a Ufes comemora 65 anos, a Proex passa por uma importante adaptação gerada por novas regulamentações do Ministério da Educação (MEC): até 2021, todos os cursos de graduação de todas as universidades públicas brasileiras devem ter, no mínimo, 10% de extensão universitária em seus planos pedagógicos. Esse é um dos desafios da Proex, destacados pela então pró-reitora Angélica Espinosa Barbosa Miranda, que assumiu a gestão da política extensionista da Universidade em fevereiro de 2014 e deixou o cargo em maio deste ano. Angélica faz um balanço sobre o desenvolvimento da área nos últimos cinco anos e aponta perspectivas e desafios.

O que é extensão universitária e qual a sua importância?
A função da extensão é fazer a interface entre a universidade e a comunidade. Nas instituições públicas de ensino superior, a extensão é duplamente importante, porque elas são financiadas com recursos vindos do pagamento de impostos, então tudo o que é produzido aqui é de direito da sociedade. Temos de dar a devolução do que fazemos em termos de pesquisa, ensino e produção de conhecimento. Para isso, desenvolvemos ações de extensão em diversas áreas, com o compromisso social de melhorar a vida das pessoas.

Qual a abrangência das ações de extensão da Ufes?
Em 2018, tivemos 851 ações de extensão registradas, sendo 106 programas, 547 projetos, 85 cursos e 113 eventos, com um público alcançado de 2.062.544 pessoas. Há projetos provenientes de todos os Centros de Ensino e nas diversas áreas temáticas. Para dar visibilidade a essas iniciativas, promovemos anualmente a Jornada de Extensão, que faz parte da Semana do Conhecimento na Ufes. Nessa oportunidade, são apresentadas as ações realizadas durante o ano, e os principais resultados recebem o Prêmio de Mérito Extensionista Professora Maria Filina, nome instituído, em 2014, em homenagem à primeira mulher pró-reitora de Extensão da nossa Universidade.

“Até 2021, todos os cursos de todas as universidades públicas brasileiras devem ter, no mínimo, 10% de extensão universitária em seus planos pedagógicos.”

O que mudou nas políticas de extensão nos últimos cinco anos? Quais foram os principais avanços e quais são os desafios ainda a serem enfrentados?
Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) lançou uma nova regulamentação, via Conselho Nacional de Educação, que modificou as diretrizes da extensão universitária no país: a Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Isso está sendo uma revolução e nós temos trabalhado junto com a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), pois essa resolução determina que, até 2021, todos os cursos de todas as universidades públicas brasileiras devem ter, no mínimo, 10% de extensão universitária em seus planos pedagógicos. Esse foi o maior impacto, porque ou cumpre a regra ou o curso é descredenciado. Aqui na Ufes, as licenciaturas já estão todas trabalhando nesse sentido, mas será preciso fazer uma movimentação para nos adequarmos a essa realidade, com a revisão de todos os planos pedagógicos de cursos. Outra resolução vinda do MEC estabelece a regulamentação das empresas juniores, que devem estar vinculadas aos órgãos de extensão das universidades. Aqui na Ufes, temos 28 empresas juniores atualmente, todas vinculadas à Proex.

Em sua opinião, essas mudanças foram positivas?
Para o aluno será muito bom, inclusive ele poderá fazer a extensão em outros cursos, o que é uma coisa muito interessante, porque gera a troca de conhecimento. Outra mudança que eu achei muito positiva é a obrigatoriedade de a extensão ter o envolvimento da comunidade externa. Essa era uma demanda da área há muito tempo, que eu considero benéfica, porque cria realmente aquele espaço que é a finalidade de existir da extensão universitária: fazer parcerias com governo de estado, prefeituras e instituições privadas, a fim de levar o conhecimento para fora da universidade.

Essas ações de extensão da Ufes trazem quais impactos para a sociedade capixaba?
O impacto se dá na modificação de condutas e de comportamentos das pessoas. A extensão traz diversas contribuições para a sociedade, pois oferece ações em várias áreas temáticas, como saúde, meio ambiente, tecnologia e produção, trabalho, direitos humanos e justiça, comunicação e cultura. As ações estão presentes em todos os municípios capixabas e proporcionam o contato dos estudantes e servidores com o público em geral. Elas propiciam que as teorias aprendidas durante o curso se concretizem na vivência prática. A população recebe o aprendizado gerado pela Universidade e é beneficiada no que se refere ao desenvolvimento de ações que produzem transformação social. Um exemplo disso ocorreu em 2017, quando a Ufes se tornou ponto de vacinação da campanha contra febre amarela. Nós fizemos uma mobilização social tremenda. Isso não é obrigação da Universidade, mas é uma resposta social. Em 2013, tivemos o projeto Ufes Solidária, quando desenvolvemos várias ações voltadas para a situação emergencial gerada pelas enchentes daquele ano. Nesses casos, mobilizamos diferentes setores no intuito de tentar trazer melhorias para a sociedade, aplicando o conhecimento que a gente tem aqui.

Com a extensão, “a população recebe o aprendizado gerado pela Universidade e é beneficiada no que se refere ao desenvolvimento de ações que produzem transformação social.”

Em relação à Pró-Reitoria de Extensão, quais foram as novidades nos últimos cinco anos?
Entre os avanços mais recentes, temos o novo sistema de informação da Proex, lançado em maio de 2019 e disponível no endereço projetos.ufes.br . Somos a primeira Pró-Reitoria a ser incluída, mas ele também será utilizado pelas Pró-Reitorias de Graduação (Prograd) e de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), além de, futuramente, ser integrado ao Lepisma (sistema de protocolo da Universidade). Essa é uma grande mudança e uma grande demanda da comunidade acadêmica já há algum tempo. O sistema foi desenvolvido pelo Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) da Ufes. Em termos de estrutura, a Proex passou por uma readequação, com o melhor aproveitamento dos servidores nas unidades. Demos mais empoderamento à Divisão de Suporte a Projetos, nossa unidade que tem maior número de servidores, porque ela é a responsável por receber tudo dos projetos, é o nosso ponto de contato com a comunidade interna da Ufes: servidores técnico-administrativos, docentes e estudantes que fazem o registro dos projetos. Outra evolução foi o processo de digitalização de emissão de certificados, que antes era manual. Isso deu muita agilidade aos eventos, principalmente. Entre as mudanças mais recentes, foi criado um novo departamento: de Inovação e Divulgação da Ciência, para trabalharmos mais de perto com a PRPPG na divulgação dos resultados das pesquisas para a sociedade em geral. A PRPPG tem todo o fluxo voltado para a divulgação dos projetos na comunidade científica, então o objetivo com esse novo Departamento é buscar esses resultados para serem divulgados à comunidade leiga, para facilitar a interação com as pessoas.

Quanto ao investimento destinado à extensão, como tem sido o incentivo nos últimos anos?
Apesar de os recursos para a extensão terem sido menores nos últimos anos, temos tentado otimizá-los e providenciar suporte aos projetos para a realização das atividades extensionistas. Em 2015, lançamos um edital de fomento à extensão e planejamos reeditá- lo neste ano. Também temos o edital anual do Programa Extensão (Pibex), que oferece 150 bolsas.

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