Pesquisa com amostras de esgoto vai identificar quantidade de pessoas infectadas por coronavírus

Pesquisa com amostras de esgoto vai identificar quantidade de pessoas infectadas por coronavírus
O material genético das amostras pode oferecer o dado de quantas pessoas foram infectadas na região na qual foi coletada. Imagem: Pixabay
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Por Sueli de Freitas

Pesquisadores da Ufes iniciaram, em julho, a coleta de amostras de esgoto do Canal da Costa, em Vila Velha, em um procedimento que tem por objetivo identificar a quantidade de pessoas infectadas pelo vírus da COVID-19 naquela região. Trata-se de um estudo epidemiológico baseado em esgoto, estratégia de vigilância sanitária que vem sendo utilizada em várias partes do mundo para monitoramento de doenças e até do consumo de drogas em determinado local.

Segundo o professor do Departamento de Engenharia Ambiental da Ufes Ricardo Franci, a partir da presença de certa quantidade de fragmentos de material genético do novo coronavírus (RNA) numa amostra de esgoto, é possível inferir a quantidade de pessoas infectadas. “O primeiro passo é a coleta da amostra de esgoto. Depois, é feita a medição da concentração de RNA encontrado, multiplica-se pela quantidade de esgoto produzida num dia naquela região e divide-se pelo volume excretado por um indivíduo doente por dia. O resultado é a quantidade de pessoas infectadas naquela região”, afirma o pesquisador. De acordo com Franci, o volume excretado por um paciente de COVID-19 foi objeto de inúmeras pesquisas pelo mundo.

Esse estudo epidemiológico envolve professores da Ufes dos departamentos de Engenharia Ambiental e de Patologia. Inicialmente, o projeto seria desenvolvido em estações de tratamento de esgoto, mas a demora na liberação para a realização dos trabalhos fez com que os pesquisadores alterassem o projeto para coleta em canais e rios urbanos.

As vantagens da Epidemiologia baseada em esgoto, segundo Franci, são o baixo custo do procedimento e a rapidez na resposta sobre a evolução da doença em determinado local, possibilitando mais agilidade na tomada de decisão pelos agentes públicos. “O custo é infinitamente mais baixo do que uma campanha convencional de testagem de sangue da população. Com uma única amostra de esgoto por semana, conseguirmos cobrir uma determinada região e acompanhar a evolução da doença naquele local”, afirmou o professor.  

Edição: Thereza Marinho

Matéria publicada originalmente no Portal da Ufes em julho de 2020.

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