– Por Sueli de Freitas –
O projeto iAtlantic promoverá, entre os meses de julho e agosto, uma expedição marinha saindo da cidade de Vigo, na Espanha, em direção a Cabo Verde (foto), no continente africano. A Ufes, que é uma das 33 instituições que integram esse projeto de pesquisa internacional para mapear regiões desconhecidas do Oceano Atlântico e investigar os ecossistemas marinhos profundos, estará representada na expedição pela doutoranda Daniela Gaurisas, aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Biologia Animal (PPGBAN) da Ufes, orientada pelo professor Angelo Bernardino.
A pesquisadora partirá do porto de Las Palmas, nas Ilhas Canárias (Espanha), no dia 31 de julho e ficará embarcada até 30 de agosto. “Vamos até Cabo Verde fazer os experimentos e retornamos a Las Palmas”, informa Daniela Gaurisas. A expedição, batizada de iMirabilis_2, vai contar com 26 pesquisadores de Portugal, da Espanha e do Reino Unido, além de estudantes da África do Sul e de Cabo Verde. A doutoranda da Ufes, que é colombiana e, desde 2019, está no Espírito Santo fazendo doutorado, será a única representante do Brasil no cruzeiro científico.
Ela explica que sua pesquisa será a partir de sedimentos a serem coletados no mar de Cabo Verde a uma profundidade de mil metros. Os experimentos que serão feitos no Navio de Pesquisa Espanhol Sarmiento de Gamboa vão simular as mudanças climáticas estimadas para os próximos cem anos. O objetivo é observar o que acontecerá com a fauna marinha diante das condições de elevação da temperatura nos oceanos com o provável aquecimento global. “Queremos entender como a vida marinha será impactada pelas mudanças climáticas”, detalha a pesquisadora. Em novembro, numa outra expedição na bacia de Santos, ela pretende fazer trabalho semelhante aqui no Brasil.
Avistamento de aves
A primeira parte da expedição, de Vigo a Las Palmas, a partir de 23 de julho, será destinada a um treinamento de avistamento de aves marinhas. “São duas equipes de trabalho. Eu entro na segunda, com os projetos de pesquisa que vamos desenvolver em Cabo Verde”, afirma Daniela Gaurisas. “Estou muito animada com essa expedição, com a troca de conhecimentos que vai acontecer no contato com pesquisadores de outros países acostumados a trabalhos em mar profundo”, diz ela.
Segundo divulgado pelos organizadores, a expedição “mobiliza equipamentos de pesquisa de fundo marinho de última geração, incluindo o Veículo Submarino Autônomo (AUV) Autosub6000 (da NOC) e o Veículo Operado Remotamente (ROV) Luso (da EMEPC). Essa tecnologia avançada permite que a iAtlantic explore os ecossistemas bentônicos em grande detalhe, produzindo grandes resultados fotográficos de alta resolução que serão processados automaticamente usando novas abordagens de aprendizado de máquina”.
Consórcio de pesquisadores
A expedição internacional multidisciplinar iMirabilis_2 é considerada um dos principais “cruzeiros de capacitação de demonstração” do iAtlantic, que é um projeto internacional de pesquisa financiado pela União Europeia, com pesquisadores de diversas áreas e países. Na Ufes, o projeto recebe apoio também da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Segundo o professor Angelo Bernardino, a Ufes integra o consórcio de pesquisadores desde 2019, mas, em função da pandemia de covid-19, muitas etapas dos trabalhos foram adiadas. “Estamos torcendo para, a partir do ano que vem, retomar as atividades”, afirmou.
Ele destaca que a participação no iAtlantic é mais um passo na internacionalização da pesquisa e do ensino na Ufes, o que significa melhor avaliação da instituição. Além disso, o projeto está em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Conforme o Relatório de Sustentabilidade da Ufes 2020, o iAtlantic é o maior estudo já realizado sobre a saúde dos ecossistemas profundos do Oceano Atlântico, contribuindo para a preservação da biodiversidade marinha.
Texto: Sueli de Freitas
Imagem: Divulgação
Edição: Thereza Marinho
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