– Por Vitor Guerra* –
As experiências de internacionalização da Ufes e de outras universidades foram relatadas no livro Novos e Velhos Desafios da Internacionalização da Educação Superior na Contemporaneidade. Os dois capítulos sobre a Universidade Federal do Espírito Santo apontam as estratégias utilizadas durante a pandemia e de uma das parcerias fundamentais do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt-Ufes).
A publicação foi organizada por Joyce Wassem, durante o pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE-Ufes). São coautoras do livro a professora Eliza Bartolozzi (do mesmo programa), que foi supervisora de Wassem neste estudo, e a professora Elisabete Pereira, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A obra conta ainda com artigos de pesquisadores de instituições europeias e latino-americanas, como de Portugal, da Alemanha, do México, da Argentina, do Uruguai e do Chile, e teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Ações durante a pandemia
O capítulo Internacionalização da Educação Superior na Pandemia de Covid-19: possibilidades e desafios a partir da Ufes, assinado por Wassem e Ferreira, aborda as ações e estratégias adotadas pela Secretaria de Relações Internacionais (SRI) ao longo de 2020, desde o início da pandemia de covid-19.
Wassem destaca que a Ufes se dedicou prioritariamente, no período, a questões de mobilidade acadêmica de seus discentes e docentes. “O levantamento das ações de internacionalização em função da pandemia indicadas pela SRI permitiu observar um direcionamento, principalmente, de apoio aos estudantes nas instituições internacionais parceiras”, afirma.
Ainda que a Ufes tenha avançado no quesito de internacionalização, mediante a criação da SRI em 2012, Wassem destaca que o período da pandemia de covid-19 trouxe desafios e a Universidade traçou planos para contorná-los. “Uma das ações da SRI, em função da pandemia, foi o Plano de Contingência Internacional, voltado especificamente para as parcerias com universidades estrangeiras e ações na esfera dos programas de mobilidade, com foco nos estudantes”, analisa.
A professora ressalta, ainda, outras ações realizadas pela Ufes, como a criação de um site exclusivo para divulgar iniciativas da Ufes no combate à covid-19, a constante comunicação com as instituições parceiras e a realização de um projeto de apoio psicológico aos estudantes da Ufes em mobilidade, por meio do Departamento de Psicologia.
Programa de Internacionalização
Já o capítulo Excelência na Formação e Novas Parcerias em Pesquisa: O Caso da Relação Ufes – Coventry trata da cooperação com a universidade inglesa. A parceria entre as instituições, em vigor desde 2014, foi intensificada por intermédio do PrInt, implementado com financiamento da Capes em 2019. O PrInt-Ufes, cujo tema principal é Meio Ambiente Urbano de Hoje e Amanhã, envolve oito programas de pós-graduação, três deles ligados à temática Questão Social – desafios contemporâneos em políticas públicas: em Educação (PPGE), em Política Social (PPGPS) e em Saúde Coletiva (PPGSC).
A parceria com Coventry foi de grande importância para o processo de internacionalização da Universidade, segundo a professora do Departamento de Engenharia de Produção Patrícia Alcântara, que atuou no gerenciamento do projeto na Secretaria de Relações Internacionais da Ufes e é uma das autoras do artigo. “A ideia do tema e a parceria com Coventry buscaram a integração da Ufes no âmbito internacional, incluindo técnicos, estudantes e docentes. Ou seja, é a internacionalização total da instituição”, avalia Alcântara.
Uma das atividades relevantes para o processo de internacionalização é o acordo de cotutela para pós-graduandos, segundo a professora Tânia Delboni, do PPGE, também autora do capítulo. “Para a provisão de proposta de doutoramento em regime de dupla titulação, foram necessários estudos sobre os programas de doutorado na Ufes e em Coventry. Assim, no PPGE há dois doutorandos nesse processo de cotutela: estão cursando o doutorado aqui e ficarão um ano em Coventry. No final, eles terão duas titulações”, ressalta Delboni. O artigo ressalta que durante a pandemia, os encontros com a universidade inglesa seguiram de forma remota. “Esses encontros foram intensos para produzir, escrever artigos e discutir temáticas afins, o que tem sido muito importante para a nossa formação e para o processo de internacionalização da Ufes”, afirma a professora.
Apesar da possibilidade de cooperar internacionalmente de modo virtual, o professor Rafael Teixeira, do PPGPS, destacou o diferencial de conhecer a universidade parceira pessoalmente, outro aspecto abordado na publicação. Ele estava em Coventry como pesquisador visitante no início da pandemia. “A experiência da visita é muito rica: você conhece a cultura, a estrutura e o vínculo dos pesquisadores com as instituições. A visita ao campus da Universidade de Coventry, as reuniões e as rotinas de trabalho conjuntas foram muito importantes para a cooperação internacional com a Ufes”, comenta o professor, que também é autor do artigo.
O capítulo aponta que, embora haja oportunidades internacionais para alunos de pós-graduação, o alto nível de proficiência em inglês exigido por Coventry muitas vezes se apresenta como uma barreira. “O doutorando tem quatro anos de estudos. Entretanto, para participar do processo de cotutela e ir para o exterior no terceiro ano, ele precisa ter conseguido, em dois anos, se preparar para a qualificação, pesquisar, publicar e aprender a língua estrangeira”, explica Delboni.
Além dos professores Alcântara, Teixeira e Delboni, são autores do capítulo a professora da Ufes Maria Lúcia Garcia (PPGPS), que coordena o eixo Questão Social do PrInt-Ufes, e os pesquisadores da Universidade de Coventry Arinola Adefila, Gary Spolander, Katherine Wimpenny, Luca Morini e Richard Tomlins.
* Bolsista em projeto de Comunicação
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