– Por Noélia Lopes* –
Como funcionam os acervos on-line e qual o seu potencial para os espaços artísticos? Com esse foco, o professor do Departamento de Teoria da Arte e Música e do Programa de Pós-Graduação em Artes da Ufes desenvolve duas pesquisas, com a participação de estudantes de graduação vinculadas ao Programa Institucional de Iniciação Científica (Piic) da Universidade. Uma das estudantes se dedica a fazer um levantamento de acervos on-line nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo e a outra organiza um acervo de obras expostas em espaços públicos da Ufes.
Os estudos colocam em destaque o debate sobre a utilização de recursos tecnológicos, como QR-code, celular e tablet no âmbito cultural e artístico. “O uso dessas tecnologias traz acessibilidade, pois abre a possibilidade de levar o conhecimento a diferentes públicos, além de possibilitar apresentar as obras e objetos artísticos em outros formatos. Essas mediações tecnológicas enriquecem as experiências dos visitantes dentro dos museus”, afirma Ruiz.
O tema da tecnologia em museus e exposições é foco dos estudos do professor desde a época do mestrado na Universidade de Granada, na Espanha. “Comecei a pesquisar sobre a realidade aumentada em 2009. Naquela época, essa tecnologia ainda era pouco explorada. Ao vir para o Brasil, no pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes (PPGA), continuei com essa temática, desta vez ampliando e abordando o uso das mediações tecnológicas nos espaços expositivos. Já desenvolvi projetos com QR-code em alguns espaços expositivos daqui de Vitória”, relata.
Acervos online
Um dos projetos que vem sendo desenvolvido desde 2020 é o de Acervos artísticos on-line dos museus do Brasil, que atualmente conta com a participação da estudante Fabiane Silva, do curso de Artes Visuais da Ufes. O trabalho consiste no mapeamento dos museus que possuem acervo artístico na internet, especificamente os da região Sudeste, para avaliar como são feitas as publicações e as divulgações das obras nesses acervos.
“Buscamos avaliar como se produzem as mediações digitais nesses espaços e como é o trabalho com elas, pois sabemos dos potenciais que as tecnologias digitais têm quando aplicadas aos cenários cultural e artístico”, destacou Ruiz. Para o professor, os acervos on-line são uma ferramenta muito interessante para os museus, não só para a divulgação das artes, mas também para aumentar o alcance de público, realizar pesquisas e utilizar como recurso didático.
A partir de suas pesquisas, Ruiz recomenda que os museus se preocupem com a forma como os conteúdos serão divulgados. “Às vezes um recurso tecnológico é usado apenas pelo status da novidade, sem considerar o conteúdo que está sendo passado por meio dele. Não é interessante fazer isso. É preciso ter atenção para que as ferramentas sejam bem exploradas e os conteúdos sejam passados com qualidade”, destaca.
O site que reúne as informações sobre esses museus agrega links para 18 espaços expositivos do Estado de São Paulo e 31 do Rio de Janeiro (sendo que 18 integram a Rede Web de Museus do Governo do Estado). Atualmente, os pesquisadores estão mapeando os museus de Minas Gerais e posteriormente será feito o estudo sobre o Espírito Santo.
Obras da Ufes
A outra pesquisa é intitulada Patrimônio Ufes, que conta com a participação da estudante de Artes Plásticas Ludiane Reinholz. Esse projeto está em andamento desde 2019 e também se relaciona com acervos, mas está voltado para as obras de caráter comemorativo e que estão nos espaços públicos do campus de Goiabeiras, como obras plásticas criadas por professores e artistas e doadas para a Ufes e bustos de alguns personagens históricos e de personalidades que tiveram relação com a instituição. “Quando se conhece o patrimônio, se valoriza. E uma vez que há essa valorização pela própria comunidade acadêmica, se conserva esse patrimônio, porque tudo isso é parte da memória da instituição e precisa ser preservado’, afirma.
O site do projeto apresenta 11 obras, com galerias de fotos e informações, como material, data de inauguração, localização, artista que a produziu e outras informações de contexto sobre a esculturas. Além disso, lista as galerias e espaços de exposição que podem ser visitados no campus.
A tecnologia traz um grande potencial para os espaços artísticos, mas Ruiz destaca que o uso desses recursos não pode substituir os profissionais e mediadores dos espaços expositivos. “As tecnologias são insuficientes por si só. É necessário que elas sejam entendidas como ferramentas que auxiliam na transmissão do conhecimento dentro dos museus e não como algo que substitua os mediadores. Até porque esses recursos podem falhar ou não funcionar bem e isso pode desmerecer a experiência do público nesses espaços”, destacou o professor.
* Bolsista em projeto de Comunicação
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