-Por Ghenis Carlos Silva*-
Uma pesquisa da Ufes empregou uma nova metodologia para avaliar os níveis de concentração de poluentes atmosféricos por meio de dados fornecidos por um sistema de modelagem numérica. O sistema desenvolvido foi aplicado na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) pela doutora em Engenharia Ambiental Yasmin Kaore, que realizou o estudo durante seu doutorado.
Segundo a pesquisadora, os equipamentos convencionais utilizados atualmente para o monitoramento da qualidade do ar são de alto custo e sua cobertura espacial por poluente é insuficiente para estimar a exposição da população aos níveis de poluição do ar na região. Por isso, para além dos métodos convencionais de avaliação, que geralmente utilizam uma única estação de monitoramento para representar toda uma cidade, foi utilizado um sistema de modelagem computacional.
Por meio dele, foi possível comparar os resultados, que mostraram que a exposição pessoal média de crianças ao dióxido de nitrogênio (NO2) prevista pelo modelo foi similar ou próxima daquela medida pelos amostradores passivos. Em contraste, a estação de monitoramento urbano mais próxima representou níveis de exposição ao NO2 inferiores, sugerindo um viés na quantificação de estudos epidemiológicos.
Poluição x asma
A metodologia foi validada com dados obtidos in situ (no local), provenientes de campanhas experimentais realizadas com crianças e adolescentes residentes em Vitória, por meio do projeto Asmavix, que tem como objetivo investigar a função respiratória em portadores de asma leve a moderada, a fim de determinar se, e em que extensão, a poluição do ar afeta os sintomas desse distúrbio respiratório em crianças e adolescentes moradores da capital capixaba.
“As crianças pertencem a um grupo populacional mais suscetível aos efeitos adversos da poluição atmosférica. Estudos anteriores identificaram que a prevalência de sintomas de asma nas crianças residentes na cidade de Vitória é superior à média nacional, e isso pode estar associado aos níveis de poluição no ar ambiente da região”, explica a pesquisadora.
Yasmin Kaore pondera que o sistema de modelagem computacional empregado também poderia ser utilizado para fornecer informações de previsão das condições futuras dos níveis de poluição do ar, tal como é feito na previsão do tempo. “A previsão da qualidade do ar é uma forma de auxiliar os governos e a população nas tomadas de decisão, uma vez que pode fornecer um alerta antecipado e, assim, mitigar situações de risco e potenciais efeitos adversos sobre a saúde humana”, detalha.
O estudo, inicialmente desenvolvido no Núcleo de Pesquisa em Qualidade do Ar (NqualiAr) da Ufes, também contou com a colaboração do Global Centre for Clean Air Research (GCARE), na Universidade de Surrey, Reino Unido, onde a estudante foi pesquisadora visitante. Além disso, o doutorado-sanduíche contou com o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior no Programa de Internacionalização da Ufes (Capes-PrInt).
* Bolsista em projeto de Comunicação
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