Ghenis Carlos*
Um estudo da Ufes avaliou a presença de microplásticos nas areias e em quatro espécies de moluscos usados na culinária após o alargamento da Praia de Camburi e da Curva da Jurema em 2020. Os resultados revelam que houve um aumento de 171,41% na quantidade total de microplásticos em comparação a um levantamento feito antes do alargamento. A pesquisa, de autoria de Midiã Silva de Paula, é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal (PPGBAN) e foi orientada pela professora Mércia Barcellos da Costa.
Os chamados microplásticos são partículas com tamanho inferior a cinco milímetros que se originam na degradação e quebra de materiais plásticos. Em certos casos, esse material já é produzido em tamanho microscópico. Por não haver uma forma de descarte apropriado, esse elemento acaba sendo inserido em outros ambientes, como nos mares e rios. Consequentemente, os microplásticos se acumulam nos organismos das espécies, afetando toda cadeia alimentar e causando riscos à saúde humana.
As pequenas partículas de plástico podem chegar de muitas formas ao organismo humano, principalmente pela alimentação, por meio do consumo de frutos do mar. Essa observação motivou o estudo. As quatro espécies de moluscos escolhidas – Crassostrea brasiliana (A), Mytella strigata (B), Perna perna (C) e Tivela mactroides(D) – têm grande valor econômico por serem utilizadas na culinária litorânea.
Segundo a autora da pesquisa, apesar de o assunto ainda ser considerado recente e os trabalhos sobre o tema estarem em ascensão, já existem estudos que comprovam a presença de microplásticos no sal, no açúcar, na pasta de dentes e até mesmo na placenta e no sangue humano.
“Outros estudos descobriram que os microplásticos podem se prender às membranas externas dos glóbulos vermelhos e limitar sua capacidade de transportar oxigênio, por exemplo. Por isso defendemos que é um tema que deve ser estudado com afinco e atenção. Os efeitos e riscos não estão completamente esclarecidos, mas devemos nos preocupar por se tratar de um objeto estranho circulando e se alojando em nosso corpo”, explica a pesquisadora.
Além disso, ela ressalta a necessidade da conscientização sobre o uso do plástico de forma geral. “Afinal, os plásticos são parte fundamental do progresso da tecnologia e proporcionam muitos avanços, mas nem todo o consumo de plástico é necessário. Sempre que possível, podemos procurar alternativas sustentáveis e que reduzam a quantidade descartada no meio ambiente”.
*Bolsista em projeto de comunicação
Edição: Sueli de Freitas
Foto: Vilamir Azevedo (CC)
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