Cigarro e falta de instrução aumentam o risco de anemia na gravidez

Imagem de Daniel Reche (Pixabay) CC
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Dhébora Molina*

Mulheres fumantes e de baixa escolaridade são as mais suscetíveis a apresentarem anemia ferropriva durante o período de gravidez, revela pesquisa  “Anemia em gestantes da Região Metropolitana da Grande Vitória”, desenvolvida pela  mestranda Elda Damétas, sob orientação do professor Edson Theodoro dos Santos Neto, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da Ufes. Esse tipo de anemia pode acarretar baixo peso do bebê, parto prematuro, recém-nascido pequeno para a idade gestacional, hemorragia pós-parto, pré-eclâmpsia e levar à necessidade de transfusão de sangue. 

O estudo averiguou fatores sociais influenciadores das baixas taxas de hemoglobina durante o período gestacional. Por meio de análise de sangue de 990 puérperas residentes na Região Metropolitana da Grande Vitória, foi observada a frequência de anemia segundo dados sociodemográficos, clínicos e obstétricos, além de hábitos de vida e orientação sobre alimentação saudável. 

Foram utilizados dois métodos na pesquisa: o da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o da semana gestacional. No primeiro método a anemia é definida como  uma concentração de hemoglobina (Hb) abaixo de 110 g/L em qualquer momento da gravidez. No segundo, o diagnóstico é realizado com base em valores de hemoglobina de acordo com a semana gestacional. O método da semana gestacional é aplicado apenas a mulheres acima da 14ª semana de gestação. Sobre isso, o orientador explicou que as mudanças hormonais começam a ocorrer no primeiro trimestre da gestação e a partir da 14ª semana é possível obter dados suficientes para medir as alterações das taxas de hemoglobina devido a gravidez. 

A prevalência de anemia encontrada no estudo diferiu entre os dois métodos de classificação: 29,6% segundo o critério da OMS e 4,6% conforme as semanas gestacionais, devido  a  classificação da OMS considerar apenas um ponto de corte fixo, enquanto o outro critério considera as trajetórias de hemoglobina de acordo com cada idade gestacional. O fator mais fortemente associado ao desenvolvimento desse desfecho foi o tabagismo, independente do critério utilizado. Na análise feita por meio da semana gestacional, o segundo fator altamente associado foi o grau de escolaridade. Quanto menos escolaridade, maior o risco da anemia. 

“Os efeitos do tabagismo durante a gravidez são universalmente conhecidos. O hábito de fumar pode provocar deficiência na absorção da vitamina B12, uma vez que o ácido cianídrico, contido no cigarro, reduz os seus níveis. A deficiência de vitamina B12, por sua vez, causa a queda de hemoglobina, que está associada a parto prematuro, redução na eritropoiese e leucopoiese, levando à anemia”, afirmou o professor Edson Theodoro.

Para precaver-se da anemia durante esse período, devem ser tomados cuidados como realização de orientação nutricional durante todo o pré-natal ou até mesmo no período anterior à gestação e adoção de hábitos saudáveis. A prevenção envolve também a constância de uma alimentação saudável. Segundo o orientador, para lidar com isso as gestantes podem se basear nas instruções do Guia Alimentar para gestantes, disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

*Bolsista em projeto de comunicação

Edição: Sueli de Freitas

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