Pesquisa busca ferramentas para auxiliar cafeicultores do ES a combater a ferrugem do cafeeiro

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Thiago Sobrinho

Uma pesquisa da Ufes está desenvolvendo um sistema de previsão específico para identificar a ferrugem do cafeeiro conilon nas principais regiões produtoras do estado. A ferrugem é a principal doença que afeta as lavouras de café e pode causar uma redução da produtividade de até 50%.

O projeto teve início em 2021 sob a coordenação do professor do Departamento de Agronomia Willian Moraes e conta com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A infecção, que tem como causador direto o fungo Hemileia vastatrix, ocorre na ausência de luz, com a presença de água na superfície das folhas e com temperaturas em torno de 21º a 23°C. O primeiro sintoma da ocorrência da doença em campo é o surgimento de manchas cloróticas (brancas ou amareladas) nas folhas. Com a evolução do problema, são observadas pústulas de cor amarelo-alaranjada na região inferior da folha (abaxial) e, em estado avançado, ocorre a necrose do tecido foliar atingido.

O professor Moraes explica que, na maior parte das regiões produtoras no país, o início da doença ocorre em dezembro/janeiro e aumenta exponencialmente no período de março a maio, atingindo o pico nos meses de junho e julho, dependendo da altitude. “Após a colheita, a intensidade da doença diminui devido a temperaturas mais frias e queda de folhas”, afirma.

Diferencial

A ideia da pesquisa é proporcionar aos produtores uma nova ferramenta para auxiliar na tomada de decisão com base nas condições ambientais. Segundo o professor, a probabilidade de acerto de 70% evita aplicações desnecessárias que possam aumentar os custos de produção ao final do ciclo.

“A principal medida de controle adotada pelos produtores é a utilização de fungicidas sistêmicos e protetores, baseada em calendário fixo de aplicação para o manejo da doença em campo”, relembra o pesquisador.

Para Moraes, o diferencial da pesquisa da Ufes é o enfoque na realidade dos produtores do Espírito Santo. “Na literatura se encontram modelos matemáticos descritos para prever a ocorrência da ferrugem em condição de campo. No entanto, nenhum desses modelos foi desenvolvido para o café conilon, considerando suas particularidades. O nosso diferencial está aí, um modelo aplicado à nossa realidade e que será validado nas lavouras de norte a sul do Espírito Santo”, ressalta.

Foto de uma prancheta e uma folha de papel com imagens de folhas de cafeeiro diante de um pé de café

Monitoramento

Ativo há quase três anos, o projeto teve o seu início com mais de 30 pessoas envolvidas de dentro e fora do Brasil. Atualmente, os pesquisadores, somados aos bolsistas de pós-graduação da Capes, monitoram mensalmente as lavouras. “Ao todo, são cinco áreas de avaliação de café conilon localizadas nas cidades de São Gabriel da Palha, Itarana e Jerônimo Monteiro”, destaca Moraes.

Para o professor do Departamento de Agronomia, esse monitoramento é importante, pois a doença é influenciada pelas condições ambientais. Logo, cada local irá apresentar a sua particularidade e exigir diferentes estratégias para mitigar os impactos da doença no campo.

Outro ponto da pesquisa é a avaliação dos impactos ambientais resultantes das mudanças climáticas no desenvolvimento da ferrugem do cafeeiro.

“As alterações climáticas impactam diretamente o zoneamento das doenças em todo o território. Assim, mudanças nos períodos de chuvas, aumento ou redução da temperatura, entre outros irão impactar a ocorrência da ferrugem no campo, alterando os períodos de maior ocorrência, o que resultará em uma alteração no período para a tomada de decisão”, conclui Willian Moraes.

Edição: Thereza Marinho

Fotos: Acervo da pesquisa

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