Pesquisa indica necessidade de melhorias nas políticas públicas de saúde bucal para indígenas

Fotos Alejandro Zambrana/Sesai-MS Imagem feita em 2018 em Auaris (RR), na Terra Indígena Yanomami, pelo fotógrafo da Secretaria de Saúde Indígena-Ministério da Saúde
Foto Alejandro Zambrana/Sesai-MS
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Sueli de Freitas

Uma pesquisa da Ufes com indígenas e não indígenas que moram em aldeias Guarani e Tupiniquim situadas no município de Aracruz revelou a necessidade de melhorias no planejamento de políticas públicas de prevenção e promoção da saúde bucal, com a ampliação do acesso a serviços odontológicos, visando mais qualidade de vida da população indígena.

A tese de doutorado Avaliação de Saúde Bucal e seu Impacto na Qualidade de Vida da População Indígena do Espírito Santo, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) pela pesquisadora Deise Ramos, sob orientação da professora Maria Helena Miotto, mostra que “a prevalência dos impactos dos problemas bucais na qualidade de vida dos indígenas foi mais elevada do que a normalmente encontrada em populações não indígenas, assim como pode ser sugerida uma situação mais precária relacionada à dor dentária e à perda dentária comparada à população em geral”. 

A pesquisa considerou elementos como dor orofacial, perda dentária e características sociodemográficas. As condições bucais de 1.084 indivíduos maiores de 20 anos foram avaliadas a partir da aplicação de um formulário que mede o impacto da saúde bucal na qualidade de vida, exames clínicos e questionários com perguntas relacionadas a dados demográficos, hábitos de vida (consumo de tabaco e álcool), doenças autorreferidas, consumo de medicamentos, hábitos alimentares, escolaridade, atividades profissionais e de trabalho. 

Entre os principais achados, destaca-se a prevalência de 45,7% de impactos dos problemas bucais na qualidade de vida dos indígenas, sendo que fatores como idade e necessidade de prótese parcial removível foram associados a uma maior percepção desse impacto.

A perda dentária foi mais frequente entre indivíduos com mais de 51 anos, com menor escolaridade e que relataram maior impacto na qualidade de vida, enquanto a dor dentária foi mais comum em mulheres, pessoas com menos de 50 anos e que procuraram serviços odontológicos por urgência.

Os dados indicam que as populações indígenas enfrentam condições bucais mais precárias em comparação às não-indígenas, ressaltando a necessidade de melhorias no planejamento de políticas públicas de prevenção das doenças bucais e promoção da saúde.

Foto: Alejandro Zambrana/Sesai-MS*

*Imagem feita em 2018 em Auaris/RR, pelo fotógrafo da Secretaria de Saúde Indígena-Ministério da Saúde

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