Ufes e governo do Estado desenvolverão estudo inédito sobre o oropouche e controle do vetor no Espírito Santo

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Texto: Thereza Marinho, com a colaboração de Sueli de Freitas

A Ufes e o governo do Estado desenvolverão um estudo inédito sobre o oropouche e as possibilidades de ampliação do controle do vetor no Espírito Santo. O anúncio foi realizado na manhã desta segunda-feira, 10, no Palácio Anchieta, em solenidade com a presença do reitor Eustáquio de Castro e do governador Renato Casagrande.

“É um projeto de grande relevância, pois nosso Estado concentra 95% dos casos de oropouche no Brasil, atualmente. Vamos, junto com pesquisadores de outras instituições capixabas, colocar todo o nosso conhecimento e infraestrutura de laboratórios nesse trabalho para buscar as melhores formas de combater e controlar esse mal”, afirmou o reitor.

Na ocasião, foi anunciada ainda a criação do Centro Integrado de Comando e Controle das Arboviroses como estratégia de enfrentamento e de resposta ao crescente número de casos de dengue e oropouche, consideradas epidemias no Espírito Santo. A Ufes também vai contribuir com os trabalhos deste centro, que terá a finalidade de coordenar, de forma integrada e articulada entre a Secretaria de Estado da Saúde e demais instituições participantes, as ações de monitoramento, análise epidemiológica e respostas às arboviroses no Espírito Santo.

Eixos do estudo

O professor e pesquisador da Ufes, Rodrigo Rodrigues, que atualmente coordena o Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen), explicou que o estudo será dividido em dois eixos: um que vai estudar a biologia do vetor, tentando compreender melhor como o mosquito pode ser controlado e auxiliando na identificação de outros insetos que possam transmitir o oropouche; e outro voltado para o paciente, para a compreensão da doença e os mecanismos imunológicos e patológicos associados a essa infecção.

“A gente vai olhar os dados clínicos e hematológicos dos pacientes, o efeito hepatotóxico dessa infecção, uma vez que a gente sabe que o oropouche tem um alvo de predileção no corpo humano que é o fígado, e isso pode levar a consequências mais graves. Paralelamente a isso, estaremos também analisando quais são as células do sistema imune que são ativadas e quais citocinas [proteínas secretadas por células] são produzidas em resposta a essa infecção”, explica o professor.

Segundo Rodrigues, a expectativa é que, com essas informações, seja possível ao menos concluir sobre uma estratégia de tratamento, mitigação de efeitos mais graves e compreensão de todo o processo infeccioso no ser humano.

“Só para dar um exemplo básico, nós não temos perfil de curva de crescimento, de replicação deste vírus em seres humanos. Nós não temos um padrão hematológico definido, como a gente tem para a dengue. São dados de extrema importância e relevância que vão ser obtidos durante esses dois anos de projeto”, afirma.

O estudo será desenvolvido por meio de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde/Lacen; a Secretaria de Estado de Agricultura, por meio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf); e a Ufes, por meio do Núcleo de Doenças Infecciosas (NDI), sob a coordenação do professor Daniel Gomes. O projeto será financiado e gerenciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes).

A pesquisa sobre o oropouche e a criação do Centro Integrado de Comando e Controle das Arboviroses fazem parte de um investimento de R$ 635 milhões do governo do Estado em novos projetos e investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) do Espírito Santo nos próximos dois anos. O investimento prevê também a construção de Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e Centros de Atenção Psicossocial (Caps), a conclusão de 108 Unidades Básicas de Saúde (UBS), e a aquisição de novas ambulâncias e de veículos de transporte eletivo.

Imagem: Ademildo Mendes/SVSA – Ilustração fiel do inseto transmissor do vírus Oropouche, o Culicoides paraensis produzida pelo Ministério da Saúde

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