
Ana Julia Cabral*
Paralisia é uma sequela frequentemente causada por Acidente Vascular Cerebral (AVC). Atualmente, mais de 110 milhões de pessoas convivem com essas ou outras condições após sofrer um AVC, segundo a Organização Mundial do AVC. Nesse sentido, um exoesqueleto de mão que usa sensores em fibra óptica auxilia na reabilitação de movimentos e articulações das mãos.

O equipamento, desenvolvido no Laboratório de Telecomunicações (LabTel) da Ufes, consiste numa luva usada pelo paciente em sessões de fisioterapia, com auxílio de profissionais de saúde. Com funcionamento a partir de bombas de ar, que auxiliam na abdução e adução de cada um dos dedos separadamente, o protótipo fornece dados precisos da evolução do usuário.
Segundo o estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) da Ufes Juan Camilo Maldonado, “o exoesqueleto está sendo instrumentado com sensores de fibra óptica para medir variáveis físicas, como força e ângulo, a fim de desenvolver um controle que melhore a interação com objetos e assista os movimentos do usuário na realização de atividades da vida diária.”
Robótica e reabilitação
A realidade das pessoas que sobrevivem ao AVC envolve um longo caminho de recuperação e a tentativa de reverter sequelas físicas. A paralisia, por exemplo, é uma das consequências mais sentidas. A repetição automatizada dos movimentos, com uso da luva, ajuda a restabelecer noções de força e movimento.
Com o auxílio do dispositivo, que transforma energia pneumática em energia mecânica, o paciente passa por um processo de reabilitação acompanhado de perto por um profissional de saúde.
Ao longo das sessões, o equipamento ajuda a pessoa a fazer o movimento com o aumento de força. Ao final do tratamento, o paciente recupera a noção motora para realização das atividades da vida diária e reduz a dependência do aparelho.
“O sistema é leve e fácil de carregar. A ideia é que seja de uso fixo nas terapias, tendo o terapeuta à disposição da pessoa”, afirma o pesquisador.
Novos sensores
Diferente dos exoesqueletos já comercializados, o projeto desenvolvido no LabTel faz o uso de sensores de fibra óptica. Esse tipo de tecnologia é potente e mais precisa, fornecendo dados mais exatos do processo de reabilitação.
“Os sensores de fibra óptica são usados para monitoramento da interação humano-robô, ou seja, monitoramos como o exoesqueleto interage com a mão do usuário, como as forças são transferidas do robô para os dedos, qual o ângulo dos dedos, entre outros itens, para assim ter uma retroalimentação do sistema e controlá-lo para melhora do processo de reabilitação”, relata Camilo Arturo Diaz, professor do PPGEE e coordenador da pesquisa.
Próximos passos
Os estudantes responsáveis pelo desenvolvimento do projeto pretendem, no futuro, associar sensores de pressão – que transformam a pressão em sinais elétricos – e sistema de dados de computadores, atribuindo mais funções ao equipamento, como a possibilidade de obter marcadores de evolução.
Além disso, estão previstos testes incluindo aqueles que sofrerem um AVC. Com isso, será possível avaliar a eficácia do exoesqueleto na reabilitação e assistência.
“O equipamento vai ser testado primeiro em ambientes simulados, depois em usuários sadios e, no final, em pessoas com deficiência. Depois dos testes, será analisada a possibilidade de disponibilização do exoesqueleto no Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo”.
O projeto é financiado pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
*Bolsista em projeto de comunicação
Edição: Sueli de Freitas
Imagens: LabTel
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