Sueli de Freitas*
Os manguezais de Gâmbia, na costa oeste da África, serão pesquisados pelo professor da Ufes Ângelo Bernardino, do Departamento de Oceanografia, e parceiros numa nova fase da Perpetual Planet Ocean Expeditions (Expedições Oceânicas Planetárias Perpétuas). A viagem está marcada para outubro próximo.
As expedições são promovidas pela National Geographic Society – organização sem fins lucrativos com sede nos Estados Unidos – e a Rolex, fabricante de relógios. A parceria de longa data (desde 1954) foi expandida em 2019, quando se lançou o programa Perpetual Planet Expeditions (Expedições Planetárias Perpétuas) com o objetivo de estudar e documentar o impacto das mudanças climáticas e ambientais em alguns dos sistemas de montanhas, florestas tropicais e oceanos.
Os trabalhos de campo integram ciência de ponta e conhecimento ecológico local para fazer descobertas científicas e desenvolver soluções inovadoras em colaboração com comunidades costeiras.
Oceanos

Desde o ano passado, está em curso a série de expedições nos cinco oceanos: Ártico, Antártico, Atlântico, Índico e Pacífico. O professor Bernardino integrou a equipe de uma dessas expedições, no Mar de Weddell, no Oceano Antártico, por 21 dias, entre dezembro de 2024 e janeiro deste ano. “A bordo do navio de pesquisa Schmidt Ocean Institute, estudamos comunidades desde o gelo marinho até a profundidade abissal dos oceanos, a mais de 4 mil metros de profundidade”, afirma o professor.
Dentre os resultados do trabalho, estão a documentação de novos acidentes geográficos, formas de vida, comportamento e habitats da vida selvagem; análise de migração de vida selvagem com observações de patógenos para estudar a proliferação regional de doenças; definição do perfil genético completo de doenças na vida selvagem da Antártica; coleta de uma das amostras mais profundas de organismos, água e sedimentos do Mar de Weddell; descoberta de uma fonte hidrotermal de 11 metros de comprimento e de um habitat de krill (pequeno crustáceo semelhante a camarões) numa fonte hidrotermal.
Amazônia

Explorador da National Geographic desde 2019, Bernardino também já participou da Perpetual Planet Amazônia (Planeta Perpétuo Amazônia), pesquisando, ao lado de outros colegas, os manguezais na foz do Rio Amazonas na costa atlântica, desde os Andes até o Atlântico, para avaliar as mudanças na sua capacidade de sequestro de carbono.
Um dos diagnósticos é que as florestas de manguezais têm potencial para remover microplásticos da água e retê-los em solo, com uma taxa média de enterramento de meia tonelada de partículas por ano. As pesquisas na Amazônia apontaram, ainda, que a proteção dos manguezais pode ajudar o Brasil a cumprir as metas de redução de emissões de carbono.
Locais críticos
O programa Perpetual Planet Expeditions apoia expedições que visam explorar os ambientes mais críticos do planeta. Os resultados ajudam cientistas, gestores e comunidades locais a planejar e encontrar soluções para lidar com os impactos de mudanças climáticas e ambientais.
Para se tornar um explorador da National Geographic, o pesquisador interessado precisa apresentar e ter projetos aprovados pela organização.
*Com informações da National Geographic
Imagens: National Geographic
Revisão: Monick Barbosa
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