Sueli de Freitas
A Ufes, por meio do Laboratório de Geociências Marinhas (LaboGeo), integra um projeto pioneiro no Brasil intitulado Estudo da Paisagem Marinha em Parques Eólicos Offshore (Seascape Wind) – Fase I. O objetivo é a análise ambiental e do risco geológico nesses parques. Sob coordenação do professor Alex Bastos, do LaboGeo/Ufes, o projeto conta com parcerias de laboratórios de pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade de Brasília (UnB) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
“Esse é um projeto pioneiro de pesquisa no Brasil voltado especificamente para a aplicação de novas metodologias e técnicas de análise ambiental e risco geológico em Parques Eólicos Offshore (PEOs). A iniciativa tem como objetivo avaliar, de forma integrada, as características físicas, ecológicas e ambientais da paisagem marinha, apoiando o planejamento e a concepção desses parques no Brasil”, explica Bastos.
O projeto é financiado pela Petrobras, no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e pela Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest).
O estudo está em consonância com a crescente demanda global pela transição energética e da necessidade de ampliar o uso de fontes renováveis, como a energia eólica no mar. “Embora a energia eólica seja uma alternativa de baixa emissão de gases de efeito estufa, a instalação e a operação de PEOs exigem cuidadosa análise de riscos ambientais, sociais e geotécnicos”, diz o professor.
De acordo com informações do LaboGeo/Ufes, a área investigada está localizada na porção norte da Bacia de Campos, entre o Cabo de São Tomé (RJ) e o município de Guarapari (ES), abrangendo parte da plataforma continental brasileira. A pesquisa se estende entre as profundidades de 18 e 50 metros.
Segundo o professor Bastos, “o projeto busca compreender, em escala regional, os aspectos físicos, químicos e biológicos da paisagem marinha na região estudada. Esses resultados irão subsidiar a engenharia básica dos empreendimentos e contribuir para a prevenção, o monitoramento, o controle e a mitigação de impactos ambientais.
Pesquisa de campo
A primeira pesquisa de campo aconteceu entre março e abril deste ano. A etapa inicial compreendeu a coleta de dados acústicos do fundo e subfundo marinho, com uso de tecnologias de pesquisa submarinas: batimetria multifeixe, backscatter multiespectral, backscatter water column utilizando o multibeam R2Sonic, perfilador de subfundo Chirp Meridata, sonar de varredura lateral e sísmica multicanal. Na segunda etapa, foram coletados sedimentos com o amostrador Van Veen e feita a captura de imagens por meio de drop câmeras, para análises sedimentológicas, geoquímicas ambientais e da comunidade bentônica, além de estudos de DNA ambiental (eDNA).

As informações e os dados coletados serão agora processados e analisados para subsidiar as próximas etapas do projeto. “De posse dos resultados, os passos seguintes da pesquisa serão desenvolver um mapa de habitats do fundo marinho, indicando a influência dos tipos de substrato e da geomorfologia na distribuição dos organismos bentônicos, determinar um background de contaminação da área e gerar mapas e matrizes de riscos ambientais, vulnerabilidade dos ecossistemas e mapas de risco geológico para a implementação dos PEOs”, adianta Bastos.
Ele diz que “os resultados irão subsidiar os departamentos/gerências de negócio, meio ambiente/sustentabilidade e de engenharia da Petrobras para as tomadas de decisão em relação a áreas de implantação dos PEOs, a definição dos aspectos de engenharia dos aerogeradores (muito relacionado ao custo de implantação) e possíveis soluções para mitigar riscos ambientais na área de interesse, ou até ajustar o tamanho ou a localidade da área de um PEO”.
A base de dados, sustenta o professor, “poderá ser usada posteriormente para as devidas licenças ambientais e de operação a serem obtidas pela empresa, mas que não fazem parte do projeto em execução”.
O que são os PEOs?
Os parques eólicos offshore são assim chamados porque as turbinas para gerar eletricidade a partir da força do vento estão instaladas no mar, ou seja, fora da área terrestre. Com suas pás projetadas para captar a energia do vento, as turbinas transformam a energia cinética – produzida pelo objeto em movimento – em energia mecânica. Esta, por sua vez, é transmitida a um gerador elétrico dentro da turbina. A eletricidade gerada é enviada por cabos submarinos até uma subestação terrestre, onde é integrada à rede elétrica.
Imagens: https://www.publicdomainpictures.net/ e arquivo da pesquisa
Revisão: Monick Barbosa
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