Manguezais removem microplásticos da água na região costeira do Rio Amazonas

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Ghenis Carlos*

As florestas de manguezais têm potencial para remover microplásticos da água e retê-los em solo, com uma taxa média de enterramento registrada no delta do Rio Amazonas de 1/2 toneladas de partículas por ano. Esse é um dos resultados da pesquisa realizada na Expedição Perpetual Planet Amazon no Delta do Amazonas, liderada pelo professor do Departamento de Oceanografia da Ufes Angelo Bernardino, que também é explorador da National Geographic.

Dados anteriores desta expedição já mostravam a importância dos manguezais num cenário de mudanças climáticas, por isso o interesse em descobrir os benefícios adicionais deste bioma.

Área de estudo (A) e os diferentes locais de amostragem

Segundo Bernardino, o manguezal filtra o microplástico, beneficiando as comunidades costeiras que utilizam a água do rio em suas atividades cotidianas. Além disso, o valor estimado para a remoção de microplásticos de manguezais no delta do Amazonas é da ordem de 0,3 a 1,1 milhão de dólares por ano, revelando um benefício adicional da conservação de manguezais na região.

“Microplásticos são encontrados em florestas de manguezais em todo o mundo em quantidades variadas, indicando que essas florestas podem remover essas partículas da água e retê-las nos solos por longos períodos de tempo. Embora os microplásticos também tenham sido encontrados na bacia do Amazonas, com altas concentrações perto de grandes centros urbanos, seu destino na região costeira era incerto”, detalha. 

Os pesquisadores buscaram entender o destino e a potencial capacidade de sequestro de plásticos fazendo a coleta de amostras e quantificando os microplásticos em várias florestas de mangue ao longo do caminho da pluma no delta do Rio Amazonas. Os poluentes foram encontrados em quase todas as regiões (85% das amostras analisadas). “Embora presentes na maioria das áreas, foram encontradas quantidades moderadas de microplásticos no delta do Amazonas, com baixos riscos ecológicos para a fauna aquática”, contou o professor.

As análises mostram que os resíduos plásticos estão presentes em partes do solo datados bem antes da era do plástico. Há indícios, portanto, da capacidade desse material descer ao longo da coluna de sedimentos e ser armazenado por séculos.

Microplástico

Os microplásticos são minúsculas partículas resultantes do desgaste de materiais plásticos, originários de múltiplas fontes de atividades humanas. O descarte inapropriado dos resíduos faz com que essas micropartículas estejam em ambientes diversos, como cidades, rios, mares e florestas.

“Os resultados do nosso estudo mostram que os microplásticos são contaminantes onipresentes nesses ecossistemas [manguezais], embora em níveis de exposição menores do que outros ecossistemas de mangue localizados em outras partes do Brasil e perto de áreas densamente povoadas”, afirmam os pesquisadores no artigo publicado na Science of the Total Environment.

*Bolsista em projeto de comunicação

Edição: Sueli de Freitas

Imagens: Angelo Bernardino / National Geographic Society

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