Ufes cria Banco de Fontes Negras, plataforma digital para conectar mídia e pesquisadores negros

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Adriana Damasceno   

Nos corredores, nos laboratórios, nas salas de aula e nos grupos de pesquisa da Ufes há histórias que ainda não ganharam o espaço que merecem. São vozes negras que sustentam projetos acadêmicos e extensionistas, descobertas científicas e debates sociais, mas que muitas vezes são invisíveis para quem olha de fora. Ou até mesmo de dentro. É para mudar esse cenário que a Universidade se prepara para lançar o Banco de Fontes Negras – Diversidade e Representatividade na Comunicação Institucional, uma plataforma digital voltada exclusivamente para docentes, técnicos administrativos e estudantes de pós-graduação negros e negras que produzem conhecimento dentro da Ufes.

A ferramenta estará disponível para cadastro do público-alvo (por meio de formulário on-line) até o fim deste ano. Sob coordenação da Secretaria de Comunicação (Secom/Ufes), o Banco de Fontes Negras visa facilitar o trabalho dos veículos de imprensa e de outros setores interessados, oferecendo acesso rápido e qualificado à produção científica desenvolvida por servidores e estudantes negros especialistas em diferentes áreas do conhecimento. A plataforma disponibilizará dados como áreas de atuação, temas de estudo e links para o currículo Lattes, facilitando a busca por fontes de informação e assegurando a presença de especialistas negros em matérias jornalísticas e trabalhos acadêmicos.

Para o reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, o Banco de Fontes Negras é uma iniciativa para ampliar a visibilidade das contribuições intelectuais, culturais e políticas de docentes, técnicos e discentes negros da Ufes. “Ao reunirmos, organizarmos e disponibilizarmos informações sobre produções científicas de pessoas negras da nossa comunidade acadêmica, estamos evidenciando o protagonismo dessas pesquisadoras e desses pesquisadores em suas áreas de conhecimento”, afirma.

Data simbólica

O pontapé inicial do projeto acontece em uma data simbólica: no Dia da Consciência Negra, um marco nacional dedicado a reconhecer a centralidade da população negra na formação do Brasil e a reforçar o compromisso das instituições com o enfrentamento ao racismo. O 20 de novembro honra a história de Zumbi dos Palmares e lembra que a luta pela equidade racial segue atual. No contexto universitário, isso significa reconhecer que a diversidade precisa aparecer também nos espaços de fala e de autoridade científica.

Os números da Ufes reforçam essa necessidade: atualmente, a instituição conta com cerca de 400 docentes (cerca de 24% do total), 870 técnicos administrativos (quase 46%) e 1.800 estudantes de pós-graduação (quase 38%) negras e negros. São profissionais e pesquisadores que produzem conhecimento em todas as áreas, da saúde às tecnologias, das ciências humanas às exatas, e que agora serão protagonizados e reconhecidos também pelo que produzem (e não apenas convocados quando o assunto é racismo). O movimento dialoga com iniciativas nacionais, como o Jornalismo Antirracista, ao qual a Ufes aderiu em 2020, e também com guias de fontes negras já implantados em outras universidades, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Contando com apoio estratégico da Reitoria e de diferentes setores institucionais, as ações para implementação da plataforma do Banco de Fontes Negras da Ufes serão iniciadas nas próximas semanas, com atividades que envolvem divulgação e mobilização interna para estimular cadastros. A plataforma passará por avaliações periódicas, revisões de dados e relatórios de uso, garantindo adequação à realidade da Universidade, atualização constante e confiabilidade.

Edição: Thereza Marinho

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