RECESSÃO E PANDEMIA: A CRISE ANUNCIADA
O Boletim de Conjuntura em Economia da Ufes chega a sua 62ª edição com diversas reformulações. Todas elas têm como objetivo tornar o texto mais dinâmico e conciso. No novo formato, as análises sobre Nível de Atividade, Política Fiscal e Setor Externo foram unificadas em um único texto, que abre o boletim. A segunda seção compreende a contribuição do subgrupo de Política Monetária e Inflação e a terceira trata dos Empregos e Salários. A tradicional análise da Política Econômica, produzida pelo economista Fabrício de Oliveira, fecha o texto. Outra novidade aparece no anexo estatístico, ao final do boletim, com as variações dos principais indicadores econômicos nos últimos cinco anos.
Além disso, a proposta é que, a cada edição, as análises feitas pelos estudantes apresentem um recorte temático. Neste semestre, como não poderia ser diferente, as análises voltam-se para os desdobramentos da crise econômica derivada da pandemia de Covid-19. Ainda que nem todos os efeitos da crise econômica tenham sido captados pelos números disponíveis até o fechamento das análises, já são claras as suas consequências sobre a atividade econômica.
O subgrupo de Nível de Atividade, Política Fiscal e Setor Externo apresenta uma análise atual dos números relativos ao PIB, às contas públicas e à dinâmica do Balanço de Pagamentos brasileiro, inserindo-a num contexto histórico de longo prazo, desde 2015. Assim, os dados que indicam o comportamento da economia brasileira, em relação a essas três grandes abordagens, no primeiro trimestre de 2020, incluindo a influência exercida pelos efeitos da crise sanitária que assola o país e o mundo, são analisados não apenas à luz dos últimos acontecimentos, mas como herdeiros de uma crise econômica que se arrasta há cinco anos.
Quanto à Política Monetária e Inflação, o que aparece em destaque na análise é a percepção
de que os indicadores monetários já apontavam desde o início do ano para a continuidade da estagnação na economia. A crise oriunda da pandemia fez agravar este cenário, ampliando severamente as incertezas quanto ao futuro.
A análise do mercado de trabalho brasileiro, realizada na seção “Empregos e Salários” mostra como a crise atual atinge as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros, aprofundando um processo, já em andamento, de deterioração do mercado de trabalho. Destaca, ainda, que a perda de postos de trabalho após a pandemia tem afetado de forma mais intensa e veloz àqueles que ocupavam as posições mais vulneráveis – os informais.
Por fim, a análise da Política Econômica mostra como as previsões quanto ao cenário da economia global estão sendo revistas dia após dia, apontando para um futuro bastante nebuloso. Neste sentido, o Estado é novamente convocado para servir de esteio à economia, “salvando o sistema da ruína”. Na contramão, contudo, o governo brasileiro parece apostar em uma saída rápida da crise, sem promover uma real ruptura com as políticas de austeridade dos últimos anos.
Nós, professores e estudantes, do Grupo de Conjuntura convidamos a todas e todos para a
leitura dos textos produzidos para a presente edição.
Boa leitura!
Grupo de Conjuntura