Apresentação
O quadro econômico brasileiro apresenta uma situação cada vez mais grave. A crise da economia americana, a continuidade da estagnação da economia japonesa e o agravamento da crise argentina constituem alguns dos fatores externos que aguçam ainda mais os determinantes internos da crise brasileira. Desde o final do ano passado, as forças políticas que sustentam a aliança entre as frações de classe no poder encontram-se cada vez mais divididas. As disputas pela direção política do poder e pelos espaços políticos que permitam viabilizar as candidaturas no próximo ano – não só para Presidente da República, mas também para os governos estaduais e para o Congresso Nacional – acirraram ainda mais as contradições. Parte dessas contradições foi solucionada com a renúncia dos senadores Antônio Carlos Magalhães e Roberto Arruda, acusados de falta de decoro parlamentar pela violação do painel eletrônico de votação e por faltarem com a verdade no Senado. Até o momento, a situação do Presidente do Senado, Jader Barbalho, ainda não foi solucionada. A investigação sobre o desvio de recursos públicos, em benefício próprio, ainda continua. Nesse quadro, o próprio Presidente da República parece ter “jogado a toalha”. Segundo Clóvis Rossi (FSP, 10/07/01), “FHC não tem a menor idéia do que vai fazer com o país que governa, como se não passasse de um observador distante, que apenas constata se choveu ou fez sol”.
O interesse pelo desenvolvimento interno das contradições políticas foi substituído pela crise energética e pela nova crise cambial. A crise de energia é a consequência do programa energético desenvolvido de acordo com o princípio de que o mercado é auto-regulador e propicia sempre um resultado melhor do que o planejamento estatal. Ela não é de responsabilidade da natureza – da falta de chuvas – e nem o resultado do acaso. Segundo César Benjamin, “Foi loucura, mas houve método nela” (Caros Amigos, junho de 2001). Associado à crise energética, os analistas e economistas ortodoxos defendem a idéia de que a intensificação da crise argentina estimulou o processo de desvalorização cambial do real pela deterioração das expectativas e pelo aumento do risco. Segundo a teoria que fundamenta a equipe econômica, a política de câmbio flutuante levaria o “mercado” à uma taxa de câmbio de equilíbrio, pois a racionalidade dos agentes impediria que comprassem divisas a preços muito acima desse preço de equilíbrio. Para tanto, o Banco Central divulgou recentemente o que eles consideram o que seria a taxa real de câmbio. Chamada de paridade de poder de compra (PPC), ela é estimada pela diferença entre a inflação americana e a inflação nacional. Essa taxa seria de R$ 2,218 por dólar. Entretanto, a realidade está mostrando que a crise cambial brasileira não é somente o efeito das contradições externas, mas está profundamente enraizada nas contradições internas, decorrentes da mudança no processo de inserção do Brasil no sistema mundial, após o plano real. Contrariando a teoria que defende, a equipe econômica aumentou mais agressivamente a taxa básica de juros visando arrefecer a desvalorização cambial. Porém, o papel da taxa de juros, após a adoção da política de câmbio flutuante e das metas de inflação, seria o controle do nível geral de preços e não da taxa de câmbio. Paralelamente, foram tentados três diagnósticos diferentes para a crise cambial. O primeiro foi que o aumento do risco decorrente da deterioração econômica da argentina pressionou os agentes a buscarem proteção (hedge) para os compromissos futuros denominados em dólar. Para atender à essa demanda, de forma melhor do que através de moeda corrente, o Banco Central aumentou violentamente a oferta de títulos da dívida pública indexados à variação cambial. Nesse caso, os devedores em dólar não só teriam a garantia de comprar o dólar sem as desvalorizações futuras, como receberiam juros adicionais. A diferença entre a taxa atual de câmbio e a taxa futura, mais os juros, serão pagos, em última instância, pelo Tesouro Nacional, ou seja, pelos impostos que pagamos. O segundo diagnóstico foi que a desvalorização cambial seria decorrente de uma bolha especulativa. Para enfrentá-la, o Presidente do Banco Central anunciou que teria à disposição US$ 10,8 bilhões para oferecer ao sistema financeiro e entrou no mercado vendendo dólar corrente. Em menos de quinze dias vendeu US$ 880,0 milhões sem afetar a tendência de desvalorização cambial. O resultado levou o BC a concluir que não existe nenhuma bolha especulativa. Enfim, constatou que existe realmente falta da moeda estrangeira no mercado e, para não afetar negativamente as expectativas e nem falhar por falta de comunicação, anunciou que tem US$ 6,0 bilhões para vender até o final do ano. Mais ainda, anunciou que venderá exatamente US$ 50,0 milhões por dia. Assim, atenderia a todos que necessitam de dólares até o final do ano (hedge), eliminaria a volatilidade das expectativas quanto à futura oferta de dólares no mercado e estabilizaria a taxa de câmbio e, com sorte, ela poderia voltar ao ponto de equilíbrio. Os primeiros resultados dessa nova postura do BC parecem demonstrar o contrário e a culpa recai novamente sobre a Argentina.
Essa política do BC tem duas consequências importantes. A primeira é o aumento da dívida interna e das despesas com a conta de juros, atual e futura, o que agrava ainda mais as perspectivas quanto à possibilidade de solvência do governo. A segunda reduz rapidamente as reservas internacionais e o Crédito Doméstico Líquido (CDL), limite estabelecido para a emissão de moeda nacional no acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional, em 1998. Para recompor as reservas e o CDL, o Brasil terá de recorrer novamente ao FMI estendendo ainda mais o período em que a gestão econômica continuará monitorada pelo Fundo. Segundo o que apresentamos, a política do BC e da equipe econômica do governo confirma e permite generalizar a interpretação de Rossi (FSP, 10/07/01) sobre um ponto da entrevista de FHC ao jornal Valor. “Quer dizer, então, que um órgão da maior relevância como o BC faz ‘besteiras’, e o seu chefe supremo ainda brinca com elas? Pior: estamos todos convidados a não acreditar em nada do que digam organismos públicos, pelo menos enquanto estiverem sob o comando de alguém que acha perigoso acreditar no que dizem”.
Nau sem Rumo
Diferentemente do cenário otimista de crescimento econômico que se desenhava no início do ano, projetando uma expansão de 4-4,5% do PIB e uma taxa de inflação em torno de 4%, o quadro atual encontra-se marcado por um crescente pessimismo dos agentes econômicos sobre os rumos da economia brasileira e sobre a capacidade da política econômica de dar respostas aos problemas que, aos borbotões, vêm se amontoando no país.
Se até há poucos meses a preocupação da política econômica era a de monitorar o crescimento para evitar o agravamento da vulnerabilidade externa da economia brasileira, as crises argentina e de energia se encarregaram de desvelar e de ampliar a fragilidade de seus fundamentos e de deslocar o foco de sua ação para uma missão cada vez mais difícil: a de evitar o apagão da economia neste segundo semestre. Não é uma tarefa fácil e, a considerar os movimentos erráticos que vêm sendo ensaiados pela política econômica, não se pode nem mesmo dizer que os policy makers estejam dispostos a ou pelo menos preparados para cumpri-la.
À vulnerabilidade externa e à fragilidade fiscal que se acentuaram com os recentes movimentos (deletérios) do câmbio e dos juros, impulsionados pela (ainda irresolvida) crise argentina e de energia, e também pela falta de perspectiva de crescimento das economias dos EUA, Europa e Japão, somam-se, agora, a aceleração inflacionária (meta do ano revista de 4% para 5,8%), juros em alta, ampliando a dívida pública (estimativa de que a DLSP atinja 53% do PIB no final do ano contra uma meta de 46,5% acordada com o FMI), atividade econômica em declínio (expansão do PIB reduzida para 2-2,5%) e aumento brutal do desemprego. Para agravar ainda mais a situação, a nova queda de popularidade de FHC retira da política econômica a legitimidade necessária para propor e implementar medidas que mitiguem esses problemas.
A falta de rumos da política econômica torna-se, nessa situação cada vez mais evidente. O argumento da estabilidade – artificial de preços – tem se enfraquecido ante as dificuldades que se avizinham e a política econômica parece estar caminhando para contentar-se em evitar o agravamento dessas condições e, se conseguir, transferir sua solução para o próximo governo. A falta de consistência das medidas que vêm sendo adotadas e o abandono de soluções para as questões estruturais indica claramente essa perda de rumos. Por um lado, a almejada reforma tributária foi substituída por uma proposta de “remendo” do sistema, que tem como principal objetivo a manutenção da cobrança da CPMF. A renovação do acordo com o FMI, que vence em dezembro, começa a ser encarada como vital para que nessa travessia a redução de reservas externas não forneça munição para novos ataques especulativos contra a moeda nacional, ainda que isso implique transferir o cumprimento das condições acertadas para o próximo governo. E, como exercício futurista, os gestores da política econômica projetam metas de inflação de 3,5% para 2002 e de 3,25% para 2003, que não conseguiram alcançar em sete anos à frente do processo, ao mesmo tempo em que articulam/sinalizam um novo tarifaço para o segundo semestre. Inconsistência e ausência de medidas “criativas” para superação das dificuldades atuais indicam que pouco se pode esperar da política econômica até o final do governo FHC e que a política do “arroz-com-feijão” deve ganhar força. Para garantir a estabilidade à luz de velas e para transferir para o próximo governo a herança do endividamento, a vulnerabilidade externa e os gargalos estruturais que se ampliaram com o Real.
Inflação
A evolução dos índices de preços ao longo do ano mostra uma certa homogeneidade entre eles quando comparamos as taxas mês a mês. De janeiro a fevereiro, houve uma queda em todos os índices de preços; de fevereiro a abril, a tendência de alta atingiu todos eles; e de abril a maio, inverteu-se o quadro verificado no período imediatamente anterior, já que todos os indicadores mostraram queda nos preços.
Uma das principais expectativas em relação aos índices de preços é saber como será a evolução dos mesmos ao longo dos próximos meses. Diversos fatores contribuem para aumentar a instabilidade quanto às próximas variações. Os principais são o aumento do dólar verificado nas últimas semanas e os aumentos nos preços das tarifas públicas causados pela crise energética e pelos reajustes concedidos às concessionárias privadas.
Segundo a política de metas de inflação, o Governo federal fixou uma taxa de 4% para o IPCA, em 2001, com tolerância de variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. As previsões de aumentos nos índices de preços, face às pressões do câmbio e dos aumentos das tarifas públicas, indicaram, nas últimas semanas, que o IPCA ficará em torno de 5,92%, em 2001 (JB, 05/06/01). Para os outros índices de preços, as estimativas também pioraram: de 5,4% para 5,73%, para o INPC; de 6,8% para 6,9%, para o IGP-M; e de 6,6% para 7%, para o IGP-DI. Por outro lado, algumas previsões indicam que o IPCA deverá ultrapassar o limite máximo de 6% (FSP, 13/06/01).
Por enquanto, ainda não houve tempo suficiente para se observar os reflexos da crise energética sobre os índices de preços divulgados até o mês de maio. Enquanto isso, o governo federal continua com a política monetária e fiscal contracionista, tendo no aumento da taxa básica de juros o seu maior sustentáculo. Um dos objetivos centrais dessa política é manter sob controle os índices de preços, mesmo que isso intensifique a desaceleração nas taxas de crescimento e provoque um aumento ainda maior nas taxas de desemprego.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é calculado pelo IBGE e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além dos municípios de Goiânia e Brasília. Sua metodologia estima os efeitos das variações de preços sobre as famílias com rendimentos mensais de 1 a 40 salários mínimos, e é referência para a política de metas de inflação do governo federal.
O IPCA foi de 0,41% no mês de maio. Esse resultado foi 0,17 ponto percentual menor que o resultado de abril. A queda no índice se deveu ao grupo Alimentação, que diminuiu de 1,80% em abril para 0,58% em maio. A colheita da primeira safra agrícola, que está praticamente concluída, inibiu o ritmo de alta nos preços verificado no mês de abril. A taxa acumulada nos cinco primeiros meses do ano foi de 2,42%, acima do percentual de 1,41% referente ao mesmo período do ano passado.
Segundo Eulina dos Santos, gerente do Sistema do Índice de Preços do IBGE, as frutas (-4,77%), a cebola (-3,42%) e o pescado (-3,32%) foram os itens do Grupo Alimentação que mais contribuíram para a queda do IPCA de maio. O feijão, 6,54%, o tomate, 4,67% e o pão francês, 3,74%, apresentaram variações positivas. Já, os produtos não alimentícios aumentaram de 0,23% para 0,36%. Esta alta se deveu, principalmente, aos aumentos nos preços das tarifas de energia elétrica (1,99%), de gás de bujão (3,68%) e de transporte urbano (1,32%), sendo que esta última se refere somente a São Paulo, onde o reajuste foi de 21,7%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE para famílias com rendimento de 1 a 8 salários mínimos, abrange as mesmas regiões metropolitanas do IPCA. Esse índice encerrou o mês de abril em 0,84%, uma alta considerável em relação ao mês anterior (0,48%). Esse aumento aconteceu em decorrência da grande estiagem nesse mês, o que acabou por pressionar o preço dos alimentos para cima. “Toda vez que há uma inflação concentrada nos preços dos alimentos, a população mais pobre é a que sofre mais. O INPC está refletindo exatamente isso”, é o que afirma Luiz R. Cunha, da PUC-RJ. Em maio, o INPC foi de 0,57%, apresentando uma queda em relação ao mês anterior. Assim como no IPCA, esta tendência foi determinada pelo grupo Alimentação. A taxa acumulada no ano atingiu 3,19% e nos 12 últimos meses, 7,73%.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pela FIPE-USP para o município de São Paulo, apresentou variação de 0,17% no mês de maio, sendo a segunda menor taxa do ano. O IPC diminuiu 0,44 ponto percentual em relação a abril, quando a taxa ficou em 0,61%. Os principais responsáveis pela diminuição do índice, no mês de maio, foram o grupo Alimentação, com variação de -0,73%, seguido pelo grupo da Saúde, com deflação de -0,47%. A alta de 1,41% nos preços do grupo Transporte, causada pelo aumento da tarifa de ônibus, seguida pela alta de 0,67% nos produtos do grupo Despesas Pessoais, tiveram impactos positivos sobre o índice. Outros reajustes positivos foram verificados em Vestuário (0,39%), Educação (0,18%) e Habitação (0,12%).
O Índice Geral de Preços no Mercado (IGP-M), estimado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), registrou alta de 1,0% no mês de abril, superando os 0,56% do mês de março. Esse índice é composto pela média ponderada dos índices IPA (60%), IPC (30%) e INCC (10%). Essa alta foi provocada pelas elevações nos preços dos produtos no atacado, tanto dos produtos agrícolas como dos industriais. Porém, o mês de maio destacou-se pelas consideráveis reduções nos IGP’s. O IGP-M encerrou o mês com a taxa de 0,86%, uma queda de 0,14 ponto percentual em relação a abril. Essa queda foi devido à baixa de -0,79% no IPA. A taxa acumulada do IGP-M no ano é de 3,32% e nos últimos 12 meses, de 11,05%.
Assim como o IGP-M, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), também calculado pela FGV-RJ, aumentou 1,13% em abril. No mês de maio, o IGP-DI cresceu apenas 0,44%. Em relação a abril, o índice diminuiu 0,69 ponto percentual. As quedas registradas no IPA, de 1,39% para 0,18%, e as registradas no IPC, de 0,86% para 0,41%, foram as maiores responsáveis por esse resultado, visto que a desvalorização do real ainda não pressionou os índices de forma relevante. A taxa acumulada no ano foi de 3,24%, e de 10,9%, nos últimos 12 meses.
O Índice de Custo de Vida estimado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômico (ICV-DIEESE) foi de 0,22% no mês de maio, recuando 0,17 ponto percentual em relação a abril. Essa queda foi causada pelas despesas com Saúde que contribuíram com -0,8 ponto percentual no índice. Houve recuo significativo nos preços do grupo dos Medicamentos e Produtos Farmacêuticos (-5,14%) e nos grupos Eletrodomésticos (-1,42%), Individual (-1,17%), In Natura e semi-elaborados (-0,78%) e Locação, Impostos e Condomínio (-0,22%). O grupo Assistência Médica, que compreende os seguros e convênios médicos, teve uma variação positiva de 2,69% em relação ao mês anterior, a maior do mês; Vestuário e Roupas aumentaram 1,34%; e os grupos Calçados e Leitura, 1,50% e 1,43%, respectivamente.
O ICV-DIEESE acumulou uma taxa de 7,54% nos últimos doze meses, entre junho de 2000 e maio de 2001. A taxa acumulada em 2001 atingiu 2,17%. Segundo o DIEESE, o impacto dos aumentos nas altas nas tarifas do transporte urbano (15,8%), água e esgoto (13%) e da sobretaxa de energia elétrica a partir de junho sobre o índice, será de 1,26 pontos percentuais, aproximadamente.
As capitais da região nordeste – Recife, Fortaleza, Aracaju, Salvador e Natal – registraram os maiores aumentos no preço de suas cestas básicas, durante o mês de maio. Outras cinco capitais apresentaram variação negativa: Belo Horizonte, Porto Alegre, Vitória, Curitiba e Goiânia. A cesta básica mais cara do país, no mês de maio, é a da cidade de São Paulo, R$ 129,78, e a mais barata a da cidade de Salvador, R$ 93,72.
O tomate e o leite foram os principais produtos que apresentaram alta durante o mês de maio. Os maiores aumentos no preço do leite foram verificados em Curitiba (9,86%) e Vitória (5,94%). O tomate apresentou elevados aumentos nos preços em Recife (54,4%) e Salvador (32,5%). Esses aumentos ocorreram em função da seca que afetou profundamente a safra desse produto.
Nos últimos doze meses, entre junho de 2000 e maio de 2001, a variação da cesta básica foi maior em Fortaleza (25,2%), Rio de Janeiro (24,5%), e Porto Alegre (21,8%). Recife (7,44%) e João Pessoa (9,63%) foram as únicas cidades em que o aumento foi inferior a 10%.
O preço da cesta básica da cidade de Vitória foi a oitava mais cara do país no mês de maio, R$ 110,94. No ano, a variação da cesta básica em Vitória foi a maior de todo o país, com um aumento de 15,43%. Apenas a cidade de Recife apresentou variação anual negativa no preço da cesta básica.
Nível de atividade
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que é a soma de todos os bens finais e serviços produzidos no país, cresceu 4,13% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2000. Esse número ficou ligeiramente acima dos 4% esperados pelo mercado financeiro e abaixo dos 4,5% de crescimento estimado pelo governo. Isso seria apenas um sinal de estabilização do crescimento se não fosse o racionamento de energia, que entrou em vigor a partir de primeiro de junho e terá consequências graves na produção nacional.
Segundo o IBGE, o efeito “apagão” na economia brasileira só poderá ser observado nos dados do PIB do terceiro trimestre do ano, previsto para ser divulgado em novembro. Isso porque é necessário um período base de mesma estrutura que a do período em questão. Os contínuos aumentos na taxa básica de juros desde março, a alta do dólar e a crise argentina atuaram, junto com a crise energética, para uma mudança “radical” no horizonte do país. Embora repita os argumentos do Banco Central, segundo os quais é praticamente impossível calcular o impacto do racionamento de energia elétrica na economia brasileira antes da fixação do período e da dimensão dos cortes, o IBGE admitiu que haverá uma desaceleração na taxa de crescimento do PIB no terceiro e quarto trimestres. Em relação a esse efeito deve-se levar em conta a capacidade de adaptação das empresas assim como a de todos os indivíduos, pois esse acontecimento é tão inédito na análise econômica do país que é de difícil precisão. A resolução nº 001 da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (CGCE) atinge em cheio o setor industrial. Empresas já instaladas ficam de mãos amarradas para ampliar sua capacidade produtiva e a atração de novos empreendimentos se torna inviável ou, no mínimo, desestimulante. Sem energia previamente contratada, os investimentos programados ficam suspensos. Com a diminuição da atividade produtiva, milhares de empregos estão ameaçados, nos mais diversos setores, como o automobilístico e o da construção civil (que representa cerca de 10% do PIB). “O receio é geral, quem pensava em investir, está pensando duas vezes e reestudando os projetos. As empresas estão mais conservadoras”, alerta o diretor da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin).
O crescimento da economia brasileira, no primeiro trimestre de 2001, foi resultado da expansão de 5,09% do setor industrial, 2,76% do setor de serviços e de 1,82% da agropecuária. Os subsetores com melhor desempenho foram a extração mineral (10,46%) e o comércio (8,31%). Os subsetores com pior desempenho foram a extração vegetal (-1,73), administração pública (0,77%) e transporte (0,98%). O crescimento do PIB, em relação ao trimestre anterior, foi de 0,26%, atingindo um montante de R$ 279,6 bilhões. A agropecuária apresentou uma notável expansão de 9,64%, o setor de serviços cresceu 0,56% e a indústria sofreu um decréscimo de -0,07%.
A taxa de crescimento do PIB, acumulada nos últimos 12 meses, foi de 4,47%. Esse crescimento foi liderado pelo setor industrial, com uma taxa de 4,92%, seguido pelos serviços com 3,69% e pela agropecuária com 1,80%. Os subsetores com maiores taxas de crescimento, nesse período, foram os de comunicações (13,18%), de extração mineral (12,03%) e de produção animal (2,66%). (tabela 3.1).
Os indicadores da produção física industrial mostram que a tendência de desaceleração, na taxa de crescimento, continuou no mês de abril. A indústria em geral apresentou uma queda de -1,6% em relação ao mês de março, apesar de ter crescido 6,1% em relação a abril de 2000. Nos quatro primeiros meses do ano, a produção industrial apresentou um crescimento de 6,9%. O programa de racionamento de energia, associado às turbulências do mercado financeiro, deverá provocar uma queda significativa nesse indicador nos meses seguintes. Comparando o mês de abril de 2001 com mesmo mês do ano anterior, a indústria de bens de capital cresceu 22,6%, a de bens de consumo duráveis, 12,2% e a de bens intermediários, 3,2%. O crescimento acumulado no ano foi de 20,0%, 14,7% e 5,3%, respectivamente. O crescimento mensal, em relação ao mês anterior, foi nulo para os bens de capital e negativo para todos os demais segmentos. A taxa de crescimento acumulada nos últimos 12 meses foi significativa para os segmentos produtores de bens de capital (17,4%) e de bens de consumo duráveis (19%). Mas, a produção de bens de consumo semi-duráveis e não-duráveis caiu -0,3%.
Nível de atividade – Espírito Santo
O Espírito Santo é o estado que mais cresceu no país, em abril. A produção industrial registrou um crescimento de 9,3%, em abril de 2001, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Isso, devido ao bom desempenho da indústria extrativa mineral que cresceu 29,7%. A taxa de crescimento nos últimos doze meses foi de 5,8%, e de 5,4%, no acumulado do ano. O crescimento industrial, em abril, foi um dos maiores do ano. Apesar da queda de -2,5%, em fevereiro, a indústria vem crescendo desde agosto de 2000.
Os setores de papel e papelão, com um recuo de -19,4%, e o de minerais não-metálicos, com queda de -9,2%, proveniente da retração na produção de celulose e de cimento, influenciaram negativamente o desempenho industrial. Mas, a indústria metalúrgica, com uma taxa positiva de 23,5%, alavancada pela produção de placas de aço comum da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), a indústria têxtil com 15,3% e a extrativa mineral com 29,7%, devido ao incremento na produção de petróleo, colaboraram positivamente para o crescimento na produção industrial do estado.
Mas, de acordo com as pesquisas da Flex Consult, o índice de otimismo no estado, que ficava em torno de 72,43%, e o de pessimismo, em 6,34%, já vão dando fim ao sonho de ver o crescimento contínuo da economia local. A causa é a redução da atividade produtiva e, consequentemente, o aumento do desemprego. Porém, todos os estados sofrerão com o problema da crise energética. Todavia, o Espírito Santo terá um impacto menor em sua produção industrial, uma vez que, as maiores indústrias capixabas (Aracruz e CST) são auto-suficientes.
Emprego e Salários
Os efeitos do aumento na taxa básica de juros e do racionamento da energia elétrica deverão atingir o mercado de trabalho brasileiro nos próximos meses. Os indicadores disponíveis até o mês de maio ainda não sinalizam, com exceção do IBGE, para um desaquecimento na oferta de vagas na maioria das atividades econômicas. Apesar disso, a tendência para os próximos meses é de elevação nas taxas de desemprego.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, para cada ponto percentual a menos no crescimento do PIB, cerca ed 320 mil vagas são fechadas. Pressionadas para economizar energia elétrica, as empresas tendem a diminuir a produção e, consequentemente, podem demitir parte de seus funcionários. A tendência natural é que uma parcela desses trabalhadores engrossem o mercado de trabalho informal que, segundo dados da PNAD, representavam 50,04% da População Economicamente Ativa (PEA), em 1999, e continua crescendo significativamente.
A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada pelo IBGE nas seis maiores regiões metropolitanas do país – Recife, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre -, estimou uma taxa de desemprego aberto de 6,9% para o mês de maio. O desemprego aberto é formado por pessoas desempregadas que estavam à procura de trabalho na semana anterior à pesquisa. Essa Taxa foi maior do que a de abril deste ano (6,5%), mas continua inferior em relação à do mesmo mês do ano passado (7,8%. Na região metropolitana de São Paulo, a taxa de desemprego aberto foi de 7,10% no mês de maio. O aumento do desemprego foi ocasionado principalmente, pelo Comércio que aumentou sua taxa de desemprego de 6,9%, em abril, para 7,2% em maio. A média registrada nos cinco primeiros meses deste ano foi de 6,2%, inferior à do mesmo período do ano passado, que foi de 7,9%.
O número de pessoas ocupadas ou trabalhando em maio aumentou 0,4% em relação a abril deste ano e 0,2% em relação a maio do ano passado. O rendimento médio nominal das pessoas ocupados no mês de abril foi de R$ 746,12, o que equivale a 4,1 salários mínimos. Esse rendimento manteve-se constante em relação a março deste ano e caiu 0,4% em relação a abril do ano passado. O rendimento médio do primeiro quadrimestre deste ano foi ligeiramente inferior ao do mesmo período do ano passado (-0,4%0.
A Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED), realizada pelo DIEESE na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), mostra que a taxa de desemprego total, do mês de maio, foi de 17,5% contra 17,7% do mês de maio, foi de 17,5% contra 17,7%, do mês de abril, diminuindo 0,2 ponto percentual no contingente de desempregados. Esse comportamento interrompeu a trajetória de crescimento da taxa iniciada em fevereiro deste ano. A relativa estabilidade do nível de ocupação (0,2%) reproduziu o comportamento típico desse período do ano. No entanto, este resultado decorreu da criação de 14.000 ocupações ocorridas principalmente no setor público, no aumento de trabalhadores autônomos e de empregados domésticos.
O nível de ocupação da Indústria praticamente não variou em maio (-0,3%), mantendo o mesmo patamar registrado em abril. Esse resultado decorreu do desempenho diferenciado dos seguintes ramos de atividade: aumento nos ramos de Alimentação (4,1%), Vestuário e Têxtil (3,0%) e Química e Borracha (2,6%) e redução nos ramos de Gráfica e Papel (-6,4%), Metal-Mecânica (-1,8%) e Outras (-1,5%). Segundo o DIEESE, o rendimento médio dos ocupados no mês de abril doi ed R$ 831,00, apresentando variação negativa de 0,5$ em relação ao mês anterior. Esse comportamento negativo tem sido registrado desde novembro do ano passado. O Salário médio, ao contrário, aumentou 1,3%, totalizando R$ 877,00. No setor privado, o salário médio elevou-se em 1,5%. Os maiores aumentos foram verificados no Comércio (1,8%) e nos Serviços (1,2%), enquanto que na Indústria permaneceu praticamente estável em abril (0,2%).
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) foi criado através da Lei 4.923 de 12/65 e tem como finalidade acompanhar e fiscalizar o processo de admissão e dispensa dos trabalhadores. IOs dados têm periodicidade mensal, registram o fluxo dos trabalhadores admitidos e desligados (empregados no primeiro dia do mês + admitidos – desligados = empregados no último dia do mês) e englobam apenas os empregados celetistas. Esses dados permitem analisar as transformações recentes ocorridas no mercado de trabalho formal. Eles são desagregados por estados, municípios, regiões administrativas do país, por setores e subsetores produtivos, pela classificação nacional de atividades econômicas e por grupos de ocupação. Torna-se, neste sentido, um importante indicador do mercado formal de trabalho brasileiro.
O número de postos de trabalho criado no país manteve tendência de alta de março a maio deste ano. Em março foram criados 34.484 novos postos de trabalho, enquanto que em abril e maio, 139.997 e 161.898, respectivamente. As principais atividades econômicas responsáveis por esse aumento, ao logo dos últimos dois meses, forma: Serviços, Comércio e Agropecuária (tabela 4.5). Apenas as atividades econômicas da Extrativa Mineral, em março, e Serviços Industriais de Utilidade Pública, em março e maio, diminuíram o número de postos de trabalho. O aumento significativo na Agropecuária em maio deve-se à colheita de café, que está começando nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
O comportamento do emprego formal no Espírito Santo manteve a mesma tendência de crescimento da do emprego nacional. De um saldo negativo em março, a geração de postos de trabalho apresentou saldo positivo em abril e maio, gerando 5.367 e 6.572 postos de trabalho, respectivamente. A principal atividade econômica responsável por essa elevação é a Agropecuária que tem na colheita do café o produto responsável por esse crescimento. O início da colheita do café representa, aproximadamente, a contratação de cerca de seis mil empregos temporários com carteira de trabalho assinada, sendo que cerca de “(…) 80 a 90 mil pessoas estarão trabalhando nas lavouras capixabas” (A Gazeta, 04/06/01).
Emprego e salários no Espírito Santo
Segundo o IDEIES o resultado do nível de emprego no primeiro trimestre deste ano também foi positivo, crescendo 0,82%. Dentre os gêneros que mais ampliaram o número de postos de trabalho, destacaram-se: Química (31,30%), Material Elétrico e de Comunicações (11,77%) e Construção Civil (10,40%). Já a taxa acumulada nos últimos doze meses foi de 7,78%. Os setores que mais contribuíram para este crescimento foram Construção Civil (43,24%) e Química (29,38%). Os salários reais pagos pela indústria capixaba, no mês de março, apresentaram uma redução de 0,52% em relação ao mês de fevereiro. Por sua vez, os salários reais acumulados nos últimos doze meses apresentaram um ganho de 3,63% (tabela 4.3).
Os dados da intermediação de mão-de-obra mostram que a demanda por ocupação, no SINE/ES, caiu, em relação a março, 35% no mês de abril e 38% no mês de maio. Por sua vez, o número de vagas captadas no mês de maio foi maior que o número de vagas captadas no mês de abril (tabela 4.4). Já a taxa de alocação, que mostra o percentual de trabalhadores alocado em relação ás vagas captadas, caiu de 64,17%, em abril para 50,80%, em maio. O desempenho dos indicadores de mão-de-obra nos cinco primeiros meses deste ano foi bem mais favorável ao trabalhador do que no mesmo período do ano passado, já que todas as especificações foram maiores em 2001. A demanda por ocupação teve pouca variação entre os anos, mas a oferta de vagas aumentou praticamente 100%, saindo de 7.403, em 2000, para 15.094, em 2001. A taxa de alocação passou de 47,21%, em 2000, para 56,13% em 2001.
Política Monetária: Base monetária
Nos meses de abril e maio, não ocorreram variações significativas no saldo da base monetária. Nesses dois meses a base monetária teve um aumento de 0,5% e 0,2%, respectivamente. Essa estabilidade na base monetária foi obtida pelos resultados inversos nos fluxos de criação e destruição de moeda nas operações do tesouro nacional e dos títulos públicos federais.
O superávit nas contas do governo tem sido o principal instrumento de contração da base monetária, através de uma política fiscal contracionista na qual aumentam-se as reservas do governo. Porém, as operações com títulos públicos têm contrabalançado esse efeito mantendo a estabilidade da base monetária.
A variação no saldo da base monetária, calculada através da média dos saldos dos dias úteis, sofreu forte oscilação nos dois primeiros meses registrados na tabela 5.1 e pequena variação nos meses seguintes. A variação, em fevereiro, foi de R$ 5,5 bilhões, em março menos R$ 6,5 bilhões, em abril menos R$ 457 milhões e maio R$ 542 milhões. O efeito das variações na base monetária, decorrente das operações do setor externo, foi pouco significativo no período. A desvalorização do real não produziu um impacto significativo em vendas de dólar pelo Banco Central. Em fevereiro, o BCB adquiriu R$ 2,0 bilhões; vendeu R$ 668,0 milhões, em março; comprou R$ 11,0 milhões em abril e vendeu R$ 554,0 milhões em maio, apesar dos sucessivos recordes de desvalorização cambial. Os maiores impactos monetários, decorrentes da corrida pelo dólar, deverão aparecer no mês de junho, quando o BCB vendeu quantidades maiores de dólares.
Com a pressão para a desvalorização do Real, devido aos constrangimentos provocados pelas complicações no cenário externo e interno, o BCB mudou duas vezes sua política cambial, entre o final do mês de junho e o início do mês de julho. A última decisão, de vender US$ 50,0 milhões por dia, deverá provocar uma contração de mais de R$ 2,0 bilhões ao mês na base monetária até o final do ano, caso o BCB consiga manter essa meta. Nesse caso, a contração na base monetária deverá ser compensada por resgates de títulos públicos, isso se a meta de crédito doméstico líquido, determinada no acordo com o Fundo Monetário Internacional, o permitir. Caso contrário, corre-se o risco de uma crise de liquidez se o Comité de Política Monetária – COPOM – insistir em elevar a taxa básica de juros.
Operações de Crédito
Nos meses de março, abril e maio de 2001 o montante das operações de crédito do sistema financeiro continuou a crescer, confirmando a tendência dos últimos meses. O total do crédito concedido pelo sistema financeiro em maio foi R$ 346,5 bilhões, representando um aumento de 1,62% no mês e 4,17% no trimestre. O volume de crédito para o setor privado foi R$ 333,1 bilhões em maio, significando uma elevação de 1,63% em relação a abril. As principais contribuições vieram do aumento do crédito para a indústria (2,91%) e para pessoas físicas (2,10%). O setor de habitação foi o único em que o volume de empréstimo apresentou um decréscimo (-0,38%).
A dívida bancária do setor público alcançou R$ 13,3 bilhões em maio, representando um aumento de 1,14%, em relação ao mês anterior. A dívida do Governo Federal foi R$ 3,5 bilhões em maio e a dos estados e municípios chegou a R$ 9,9 bilhões, no mesmo mês. Em comparação com o trimestre anterior, a dívida pública apresentou uma expansão de 3,51%. Em relação aos níveis de risco das operações de crédito do sistema financeiro, 65,7% do total de empréstimos concedidos pelo sistema financeiro foi classificado como de baixo risco (AA ou A) e apenas 5,4% no grupo de maior risco (H). Não houve nenhuma melhora ou piora significativa quanto ao perfil de risco da dívida. O setor habitacional é o único que requer uma preocupação maior, pois 14,6% de sua dívida está classificada como de maior risco, além de vir apresentando uma diminuição dos financiamentos nos últimos seis meses. O último aumento na taxa de juros Selic decidido na última reunião do COPOM inviabilizou a redução da taxa de juros “na ponta”. Entretanto, ocorreu uma ligeira queda na taxa de juros cobrada sobre o cheque especial. O diretor de Política Monetária do COPOM creditou isso ao aumento da concorrência entre os bancos, que têm usado taxas mais baixas como estratégia de marketing e considerou que não será duradouro, dada a trajetória dos juros brasileiros. Assim, o consumidor e o empresário são fortemente afetados pelas decisões do Banco Central de elevar a taxa básica de juros do país, pois o empréstimo torna-se mais caro e, portanto, mais arriscado. Além disso, as instituições financeiras tendem a assumir uma postura mais conservadora, com medo de que a inadimplência aumente pela incapacidade dos agentes de honrarem seus compromissos.
Taxa de juros
O COPOM, em sua última reunião, resolveu aumentar a taxa anual Selic para 18,25%, um aumento de 1,5 ponto percentual em relação à taxa anterior que era de 16,75%. Essa taxa é a maior desde maio de 2000. A tônica da última reunião foi a mesma das anteriores, qual seja, a preocupação com as metas inflacionárias acordadas com o FMI. Segundo o Banco Central, o cumprimento das metas ficou comprometido devido, principalmente, à pressão que vem sofrendo a taxa de câmbio e à crise energética.
A taxa de câmbio vem atingindo, nos últimos dias, patamares superiores a R$ 2,30 por dólar. A explicação para a escalada do câmbio reside, principalmente, no cenário internacional conturbado. No cenário externo temos, principalmente, a crise Argentina. Boatos recentes de renúncia do presidente De la Rúa e de demissão do ministro Domingo Cavallo, além da expectativa dos investidores de uma desvalorização do peso frente ao dólar, anularam parcialmente os efeitos positivos gerados pelo alongamento da dívida em títulos do país na ordem de US$ 29,5 bilhões, que diminuíram a necessidade de financiamento do setor público em US$ 16,0 bilhões, até 2005. Além da Argentina, a perda de dinamismo das economias da zona do euro e o cenário indefinido no Japão e nos Estados Unidos também contribuíram para uma piora das expectativas dos investidores internacionais. Internamente, temos a crise política que se instaurou no Brasil, desde a renúncia dos senadores Antônio Carlos Magalhães e ……??
Para evitar um aumento ainda maior da cotação do dólar, o que comprometeria as metas inflacionárias, o Banco Central realizou várias intervenções no mercado de câmbio. Segundo estimativas de alguns analistas, somente na quarta-feira, 27/06/01, o BCB, na tentativa de segurar a taxa de câmbio, gastou cerca de US$ 5,0 bilhões, sendo US$ 1,0 bilhão em espécie e mais US$ 4,0 bilhões em títulos cambiais. De acordo com o COPOM, as operações com títulos do governo (incluindo títulos do Tesouro e do BCB) geraram um impacto expansionista na base monetária da ordem de R$ 2,2 bilhões.
A crise energética foi o outro ponto de destaque da última reunião do COPOM. De acordo com as previsões do BCB, o nível de atividade da indústria brasileira, que já vinha arrefecendo mesmo antes da crise de energia, sofrerá impactos negativos significativos devido ao racionamento imposto pelo governo. A crise está afetando crucialmente o comércio internacional do país. O maior impacto deve ser sentido no setor exportador de bens semi-manufaturados, por ser um setor que utiliza energia elétrica de forma intensiva. As importações também devem ser arrefecidas, devido à menor importação de combustíveis e bens de capital.
Os impactos da escalada da taxa de câmbio, que vem ocorrendo nos últimos meses, e da crise energética já começam a ser refletidos na taxa de inflação. Os preços administrados, principalmente o da gasolina, sofrerão aumentos significativos, gerando aumentos nos índices de preços. Segundo o BCB os preços administrados, pressionados pelo câmbio e pela crise energética, serão os responsáveis pelos maiores aumentos do IPCA (índice utilizado pelo governo para a política de metas de inflação).
Política Fiscal
O resultado primário do Governo Central, no conceito “acima da linha” (tabela 6.1) foi superavitário em R$ 3,5 bilhões em maio, 47% inferior ao resultado de abril, R$ 6,6 bilhões. Os principais fatores que contribuíram para essa diminuição foram a redução na arrecadação total (-5%), a elevação das transferências aos estados e municípios (19%) e a elevação das despesas de custeio e capital (25%). A redução na arrecadação era esperada em função de um efeito sazonal: o crescimento das receitas de impostos, em abril, por conta da concentração do pagamento do imposto de renda. A maior arrecadação de abril é responsável, também, pelo aumento das transferências aos estados e municípios ocorrido em maio.
No acumulado dos cinco meses, o resultado primário foi superavitário em R$16,9 bilhões, 25,6% superior ao do mesmo período do ano anterior. Na comparação com o PIB, foi 0,35 ponto percentual maior nos cinco primeiros meses de 2001 (3,52%), em relação ao mesmo período do ano anterior (3,17%). É o Tesouro Nacional que vem contribuindo para a obtenção de tais resultados, dado que a Previdência Social e o Banco Central apresentaram déficit no período, a primeira de R$ 3,52 bilhões e o segundo de R$ 0,28 bilhão. A tabela 6.2 mostra o resultado consolidado do setor público, no conceito “abaixo da linha”, isto é, pela necessidade de financiamento do setor público. Observa-se que um valor positivo nesta tabela representa um déficit das contas públicas e, em contrapartida, um resultado negativo representa um superávit.
O resultado primário, que não leva em conta as despesas financeiras, apresentou-se positivo para todo o período, tanto para o governo central (Governo Federal, INSS, Banco Central e empresas estatais federais), quanto para os governos regionais (Estados, Distrito Federal, municípios e empresas estatais estaduais e municipais). Mas o superávit primário do setor público, em maio, caiu para R$ 3,71 bilhões (3,60% do PIB mensal), ante R$ 8,24 bilhões (8,51% do PIB) em abril. O governo central foi o responsável pela quase totalidade dessa queda, pois o seu saldo primário se reduziu de R$ 6,77 bilhões em abril para R$ 2,69 bilhões em maio. A explicação para tal fato coincide com os comentários feitos, anteriormente, quanto à concentração da arrecadação no mês de abril.
Ainda de acordo com a tabela 6.2, o superávit primário alcançou a cifra de R$ 26,96 bilhões nos cinco primeiros meses de 2001, apresentando um crescimento de 23,0% em comparação com o mesmo período do ano passado (R$ 21,93 bilhões). Esse resultado ficou acima daquele acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), para o primeiro semestre do ano: R$ 21,47 bilhões.
Os números positivos do resultado primário contrastam com os déficits nominais, altos e crescentes. No período de janeiro a maio de 2001, o resultado nominal atingiu um déficit de R$ 29,26 bilhões, apresentando um crescimento de 117,0% sobre o déficit verificado em igual período do ano anterior (R$ 13,48 bilhões). Isto é, o crescimento do superávit primário não foi suficiente para cobrir a disparada da conta de juros que atingiu o montante de R$ 58,22 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano. São R$ 11,64 bilhões mensais, em média. Mais ainda, essa despesa com juros vem crescendo mês a mês, tendo alcançado a cifra de R$ 17,77 bilhões em maio/2001. Esse aumento do gasto com juros está associado a duas causas básicas. Em primeiro lugar, é uma consequência da desvalorização cambial que remunera, além da dívida pública externa (US$ 90,74 bilhões, em março de 2001 – tabela 7.4), os títulos dolarizados da dívida interna (R$ 148,94 bilhões em maio último – tabela 6.4). Em segundo lugar, o crescimento das despesas com juros está vinculado ao aumento da taxa Selic que remunera 49,7% da dívida mobiliária federal, ou R$ 279,32 bilhões em maio passado.
A dívida líquida do setor público como um todo atingiu, em maio último, o montante de R$ 618,51 bilhões, com aumento de 3,6% sobre os R$ 596,72 bilhões do mês anterior. Desde fevereiro, esse crescimento é de 7,5%. Tal ascensão está vinculada a duas causas principais. Em primeiro lugar, é explicada pela elevação mais acentuada do componente externo da dívida, que cresceu 22,5%, entre fevereiro e maio. Esse crescimento maior da dívida pública externa, tem a ver com a forte desvalorização cambial ocorrida no período, que onera tanto a transformação do estoque da dívida externa para reais, quanto o pagamento dos juros externos em dólares. Em segundo lugar, o crescimento da dívida líquida do setor público está sendo impulsionado pelo crescimento dos déficits públicos nominais que, conforme analisado anteriormente, vem sendo incrementado pela elevação da taxa de juros interna e pela desvalorização cambial que corrige uma parte significativa dos títulos públicos internos.
A relação dívida/PIB, um indicador importante para medir a saúde das contas externas, também vem apresentando uma trajetória ascendente. Correspondia a 49,3% do PIB, em fevereiro, e atingiu 51,9%, em maio. Assim, a meta acordada com FMI de atingir, até o final do ano, uma relação dívida/PIB de 46,5% será fortemente ultrapassada. Tal fato se deve, além das causas anteriormente apresentadas, à revisão, para baixo, das expectativas quanto ao crescimento econômico, e ao Programa de Saneamento dos Bancos Federais, que envolverá gastos de aproximadamente R$ 102,9 bilhões.
A tabela 6.4 trata da dívida mobiliária federal, isto é, da dívida representada pelos títulos públicos federais que estão no mercado. Essa dívida representa, portanto, apenas uma parte, embora a maior delas, da dívida líquida do setor público, retratada na tabela anterior.
Os dados da tabela 6.4 mostram a evolução da dívida mobiliária federal nos últimos quatro meses. Em maio de 2001, a dívida alcançou o valor de R$ 562,02 bilhões, confirmando seu movimento ascendente. Proporcionalmente, os títulos indexados ao câmbio tiveram sua participação elevada de 22,6% em fevereiro, para 26,5% em maio. Tal aumento se vincula a três fatores principais. Em primeiro lugar, à desvalorização do real em relação ao dólar que afetou os títulos vinculados ao câmbio. Em segundo lugar, retrata o aumento na emissão de títulos dolarizados com a finalidade de segurar a explosão da taxa cambial. Em último lugar, tal aumento se deve aos significativos resgates líquidos de títulos indexados à taxa Selic ou pré-fixados. Os títulos corrigidos pela Selic tiveram sua participação reduzida de 51,5% do total, em fevereiro, para 49,7%, em maio, enquanto os pré-fixados apresentaram redução de 14,4%, em fevereiro, para 11,6%, em maio. A participação maior de títulos pós-fixados, indexados à taxa Selic ou com proteção cambial (49,7% e 26,5% do total, respectivamente), reflete as dificuldades encontradas pela equipe econômica para rolagem da dívida mobiliária federal. Dificuldades essas fundamentadas na crise argentina e no cenário mundial instável, como vem realçando o governo, mas que encontram campo fértil na fragilidade dos fundamentos econômicos internos, como os desajustes do setor externo e o crescimento descontrolado da dívida interna.
Setor Externo
Os fundamentos externos da economia brasileira vêm se deteriorando fortemente neste início de 2001. A conta de transações correntes apresentou, no período de janeiro a maio, um déficit de US$ 11,4 bilhões, correspondente a 5,2% em relação ao PIB, superando as metas estabelecidas com o Fundo Monetário Internacional. No mesmo período do ano anterior esse déficit foi de 3,6%; durante todo o ano de 2000, ficou em 4,2%; e de janeiro a março de 2001 ficou em 4,8% do PIB. No mês de maio de 2001, o déficit em transações correntes atingiu US$ 2,3 bilhões, permanecendo praticamente estável em confronto com o mês anterior (US$ 2,4 bilhões), mas crescendo muito em relação a maio de 2000, quando ficou em US$ 1,6 bilhão.
Todas as principais sub-contas que compõem a conta de transações correntes apresentaram deterioração neste início de ano. De acordo com os dados divulgados pelo Banco Central, a balança comercial acumulou, de janeiro a maio, um déficit de US$ 547,0 milhões, contra um superávit de US$ 530,0 milhões no mesmo período de 2000. O crescimento de 12,2% apresentado pelas exportações nos primeiros cinco meses de 2001, comparado com o mesmo período do ano anterior, foi suplantado pelo crescimento de 17,7% das importações. Em maio de 2001 a balança comercial ficou praticamente equilibrada (saldo de US$ 11,0 milhões), contra um saldo positivo de US$ 362,0 milhões em maio de 2000. As expectativas do governo de obter um superávit na balança comercial de aproximadamente US$ 1,0 bilhão neste ano, foram revistas para um déficit de US$ 500,0 milhões, mas os especialistas já estão projetando um déficit de US$ 2,0 bilhões, apesar dos efeitos positivos derivados da desvalorização cambial.
A conta de serviços, aqui considerada separada da conta de rendas, de acordo com a nova metodologia do Banco Central, apresentou um saldo negativo de US$ 3,1 bilhões de janeiro a maio deste ano, com aumento de 16,3% sobre os US$ 2,7 bilhões, também negativos, do mesmo período de 2000. Em maio de 2001, o déficit foi de US$ 776,0 milhões, contra os US$ 501,0 milhões de abril de 2001 e US$ 653,0 milhões de maio de 2000.
A conta de rendas, que inclui os juros, os lucros e dividendos e os salários e ordenados pagos a não residentes, representa o maior sorvedouro de divisas das contas externas brasileira. O déficit alcançou o montante de US$ 8,4 bilhões nos primeiros cinco meses de 2001, com um crescimento de 17,4% sobre o déficit de US$ 7,2 bilhões observado no mesmo período do ano anterior. Em maio de 2001 o déficit foi de US$ 1,7 bilhão, contra US$ 1,5 bilhão em maio de 2000 e US$ 2,1 bilhões em abril de 2001. Observa-se que a maior parte dessa conta refere-se ao pagamento de juros ao exterior, déficit líquido de US$ 6,2 bilhões de janeiro a maio de 2001, correspondente a 74,0% do déficit total da conta. Assim, um crescimento da taxa de juros cobrada no exterior, que se encontra em patamar muito baixo, pode comprometer ainda mais as contas externas brasileiras.
Ao contrário da conta de transações correntes, cujo comportamento negativo foi analisado nos parágrafos anteriores, a conta de capital e financeira (nova denominação e composição adotada pelo Banco Central, de acordo com a $5^a$ edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI) apresentou comportamento positivo neste início de ano. O saldo de US$ 13,4 bilhões conseguido no período de janeiro a maio foi mais do que suficiente para cobrir o déficit em transações correntes, permitindo alcançar um superávit na balança de pagamentos de US$ 3,1 bilhão. No mesmo período de 2000, o saldo da conta de capital e financeira foi de apenas US$ 1,4 bilhão, provocando um déficit no balanço de pagamentos de US$ 7,3 bilhões. A diferença entre esses dois períodos está estampada no comportamento da conta outros investimentos onde se registram os financiamentos das importações, os empréstimos em moeda e as transferências para depósito no exterior, que apresentou saldo positivo de US$ 2,0 bilhões nos primeiros cinco meses de 2001, contra um déficit de US$ 11,8 bilhões no mesmo período do ano anterior. O principal componente da conta financeira continuou sendo a sub-conta dos investimentos estrangeiros diretos que, de janeiro a maio de 2001, alcançou um superávit de US$ 8,5 bilhões, mas apresentou redução de 11,4%, quando comparado com o saldo de US$ 9,6 bilhões que entrou no país no mesmo período de 2000. Deve-se ressaltar a expectativa de queda na entrada dos investimentos diretos neste ano: US$ 20,0 bilhões, contra os US$ 29,6 bilhões conseguidos no ano de 2000, o que aumenta a dependência em relação aos empréstimos e financiamentos. Os investimentos estrangeiros diretos que entraram no Brasil, no período compreendido entre janeiro e maio últimos, tiveram como origens principais: os Estados Unidos (24%), a Espanha (19,2%), os Países Baixos (10,0%), as Ilhas Cayman (8,4%), a França (6,7%) e as Bermudas (6,7%). Deste montante, apenas 4,0% destinou-se ao setor primário, a indústria captou 25,5% e o os serviços receberam o maior volume: 70,5% do total.
No mês de maio, as reservas internacionais totalizaram US$ 35,4 bilhões no conceito caixa e US$ 35,5 bilhões no de liquidez internacional. Estas demostram apenas uma pequena queda em relação ao mês anterior de aproximadamente US$ 200 milhões e uma perda de US$ 3,5 bilhões em relação a dezembro de 2000. Esses números não traduzem ainda os gastos de divisas que o Banco Central foi obrigado a fazer, durante o mês de junho, para conter a pressão no mercado de câmbio.
A dívida externa total apresentou, no mês de março de 2001, uma redução de US$ 1,5 bilhão em relação ao mês anterior, situando-se quase no mesmo patamar de dezembro último: US$ 236,7 bilhões. A dívida de médio e longo prazo alcançou em março o total de US$ 207,7 bilhões, enquanto a de curto prazo atingiu o montante de US$ 29,0 bilhões. A maior parte da dívida de médio e longo prazo (57,1%) e de curto prazo (94,2%) está sob a responsabilidade do setor privado.
A identificação dos reais problemas do setor externo brasileiro passa necessariamente por uma análise da fragilização das contas externas implementada pelo atual governo. É sabido que esse processo começou no início da década de 90, com o governo Collor, entretanto, as políticas adotadas pela atual equipe econômica exacerbaram essa dependência.
A crise enfrentada no mercado de câmbio tem como fundamento principal a expansão do déficit no balanço de transações correntes que já ultrapassou os 5,0% do PIB, alcançando o maior índice desde o início dos anos oitenta. Esse processo tem como propulsores os contínuos déficits da balança comercial (previsão para este ano, próxima dos US$ 2,0 bilhões), o pagamento crescente de juros externos e o aumento dos lucros remetidos para o exterior pelas multinacionais (fruto do processo de transferência de propriedade das empresas nacionais, principalmente das estatais). A redução na entrada de investimentos diretos, a crise da Argentina, as expectativas de redução do nível de atividade com a crise energética e o início do processo da sucessão presidencial completam o ambiente de incertezas e desestabilizam o mercado de câmbio, forçando as intervenções do Banco Central.
Neste contexto, o Banco Central, numa tentativa de “normalizar” o controle da taxa de câmbio e impedir uma contaminação maior dos fundamentos econômicos, divulgou no dia 21/06/01 sua intenção de utilizar os US$ 10,8 bilhões, disponíveis pelo acordo com o FMI, como reforço de reservas que lhe permitirá intervir de forma mais agressiva no mercado para segurar a disparada do câmbio. Neste ano, o Banco Central já contabiliza um gasto de aproximadamente US$ 2,0 bilhões em moeda estrangeira e o lançamento de R$ 14,0 bilhões em títulos cambiais, com o objetivo de acalmar o mercado de câmbio. Todavia, o resultado não tem sido o esperado e o mercado continua pressionando, em busca de proteção (hedge).
Deve também ser ressaltado, como fonte de pressão sobre o mercado de câmbio, o pacote econômico anunciado no início de junho pelo ministro Cavallo da Argentina, que teve como principal característica a quebra da paridade entre o peso e o dólar. Assim, o peso passou a ser cotado em função de uma cesta de moedas, contendo o dólar e o euro. Na prática, significou uma desvalorização da moeda local em cerca de 8,0% para as exportações e importações. A medida visa a aumentar a competitividade dos produtos argentinos no mercado internacional e a reduzir as importações para amenizar o desequilíbrio das contas externas. Mas a adoção do câmbio múltiplo (o câmbio financeiro continua fixo na paridade antiga) gerou mais desconfiança do que benefícios. É que a maioria dos contratos de financiamento argentinos estão firmados em dólar e a expectativa de mudança no câmbio financeiro gera preocupação externa e pânico interno.
Mestrado em Economia - Graduação em Economia | Departamento de Economia | Universidade Federal do Espírito Santo
Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
Coordenadores: Fabrício Augusto de Oliveira e Paulo Nakatani.
Professores Pesquisadores: Maurício de Souza Sabadini e Sebastião José Balarini.
Colaborou neste número: Angela Maria Morandi e Reinaldo A. Caracanholo
Participaram neste número: Aline Faé Stocco, Aline Yukiko Yshii, Ana Letícia Espolador Leitão, Anderson Rubens Fonseca, Andressa Nunes Amorim, Caroline Nunes Lopes Santos, Débora Sader, Elaine Delpupo, Estevão Nicolau R. dos Santos, Everlan Montibeler, Fernanda Martins Mariani, Flávia Miranda Pinheiro Ronconi, Lucas Pena Vetekesky, Oberdan Pandolfi Ermitão, Polyana Baldi Nazário, Priscila Santos de Araújo, Rodrigo Emmanuel S. Borges, Roger Pereira Ferreira, Rômulo Patrick da Silva Santos, Sérgio Manhans Jr, Tyago Ribeiro Hoffmann, Tyeli Tozato Alves, Vanessa Pelissari Azevedo, Vanuza da Silva Pereira.
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