Educação hospitalar garante inclusão de menino em tratamento

Naruto brinca com colar durante sua fase de educação no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória. Foto: Acervo pessoal
Naruto brinca com colar durante sua fase de educação no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória. Foto: Acervo pessoal.
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Por Laís Santana–

Em alguns casos, a deficiência torna impossível a inserção da criança no ambiente escolar. Um exemplo é o de Naruto, 6 anos, diagnosticado com craniofaringioma, que consiste em tumores benignos no crânio. A neoplasia provocou-lhe deficiência visual e pode gerar ainda vários efeitos colaterais.

Por esse motivo, o menino, que adotou o nome fictício em homenagem ao personagem de animação japonês, tem direito à educação especial hospitalar. A experiência de Naruto foi abordada na dissertação de mestrado em Educação de Hedlamar Fernandes Silva Lima, intitulada “Naruto, um aluno com craniofaringioma na educação especial hospitalar: um estudo fenomenológico e existencial inspirado em Paulo Freire”. O trabalho, realizado em 2015, descreve e analisa as vivências do aluno na classe hospitalar do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória e em sua residência, ambas em Vitória. O objetivo era compreender os desafios de Naruto e explicitar os obstáculos que a vítima dessa enfermidade tem de enfrentar para se realizar como ser humano.

Em sua base teórica, Hedlamar explica que a abordagem fenomenológica e existencial de Paulo Freire indica que o homem é um participante ativo da sociedade. Os sujeitos dependem uns dos outros e do mundo para se transformar e existir. Freire aponta que a educação ajuda o homem a tomar consciência do meio em que está inserido e de sua vivência no mundo.

Durante a análise sobre pedagogia hospitalar e experiências próprias em classes hospitalares, Hedlamar Lima explicita a conquista de bases legais para alunos-pacientes em contraste com relatos das lacunas na parceria entre escolas e hospitais. De acordo com a autora, evidenciaram-se, na época, alguns aspectos a serem aprimorados pelo poder público. “A Secretaria de Educação deixou um pouco a desejar. Os pais precisavam cobrar muito deles”, narra. “A Secretaria deveria ser parceira dos hospitais e ter feito um controle maior, entrado em contato com o hospital, respondido às solicitações, enviado os conteúdos que deveriam ser trabalhados na classe hospitalar”.

Apesar dos desafios e das dificuldades da patologia, os indivíduos envolvidos na educação hospitalar de Naruto possibilitaram a sua inclusão na escola comum, com as adaptações necessárias. Segundo a pesquisadora, “Naruto se encontra, atualmente, inserido na classe regular, com o uso do Braille e acompanhado de um profissional habilitado”.

Confira também as pesquisas da Ufes sobre inclusão na Educação Infantil

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