–Por Ana Paula Vieira–
Comunicar ciência exige técnica e a Ufes tem um professor que é especialista no assunto: Breno Salgado, do Departamento de Patologia do CCS. Ele foi um dos onze finalistas da etapa nacional de 2018 do Famelab, uma das maiores competições de comunicação científica do mundo, realizada pelo British Council em 32 países. O único capixaba na final dá a dica: toda a estrutura da mensagem deve ser planejada e, para isso, conhecer o seu público e a si mesmo são os pontos principais.
Para o professor Breno, dentro do ambiente acadêmico, os pesquisadores refinam o conhecimento a um nível muito elevado, e isso faz com que eles usem muitos termos técnicos e jargões. “Temos que lembrar que do outro lado podem estar pessoas que não entendem do assunto. Conhecendo o nosso público, temos que rever a mensagem de forma a torná-la acessível, concisa e objetiva, evitar linguagem técnica e torná-la atrativa”, explica.
Uma das estratégias para a comunicação da ciência é o uso de analogias. Salgado dá um exemplo: “Trabalho com o sistema imunitário, que é o nosso sistema de defesa contra infecções, câncer, todos os desafios que temos em termos de doença. Hoje, estão muito em voga os filmes de super-heróis, então eu posso fazer uma analogia de que o nosso sistema de defesa são nossos super-heróis, combatendo os vilões”. Para o professor, as analogias facilitam à pessoa que ouve a mensagem conseguir se colocar na situação e entender a ideia.
Na comunicação científica, a concisão das mensagens é um desafio, conta Salgado. Ele se lembra das TED Talks, formato de palestra que virou febre mundial e alcança grande circulação na internet. As TED Talks são apresentações com 18 minutos e, segundo o professor, pesquisas já comprovaram que nesse tempo específico a absorção da mensagem é maior. “Além disso, como você fala, se veste, caminha, interage com o público e utiliza recursos audiovisuais fazem parte da comunicação”, explica. Para ele, conhecimento do conteúdo é fundamental: “Você pode apresentar sua mensagem sem recurso audiovisual nenhum, mas também não adianta colocar um recurso audiovisual, deixar um slide lá durante toda a sua palestra e ficar falando como se você estivesse sem esse recurso”.
Breno também sugere que se evite copiar modelos. “Por exemplo, se eu gosto muito de alguém, acho que ele se apresenta bem, fala bem, tem uma oratória muito boa, então vou imitá-lo. É pouco provável que dê certo, porque não vai ser em uma semana ou duas que você vai conseguir adquirir certa característica e, além disso, você tem as suas próprias características”, defende. Na opinião do professor, existe uma grande divulgação acadêmica de pesquisas – por meio de artigos e de entrevistas –, mas também é preciso alcançar a sociedade em geral: “Como servidores que prezam pelos preceitos do que é uma universidade, nós não podemos esquecer que a população também tem que ser comunicada. Nós temos que prestar contas”, finaliza.
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A ” reserva de vagas para a comunidade” em alguns cursos, por certo aproxima a universidade. No entanto fazer com que cursandos/as, independentes de serem ou não da comunidade, a utilizarem de terminologias mais populares , e por consequncias menos técnicas, é imprescindível nas apresentações. ” Descer” degraus deveria ser mais fácil .