Pesquisadores da Ufes descrevem novo sinal radiológico que contribui para aumentar precisão de diagnóstico

Imagens radiológicas do cérebro que indicam as lesões com duplo halo. Foto: Divulgação
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– Por Sueli de Freitas –

Pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde da Ufes descreveram um novo sinal radiológico, presente em 100% dos pacientes com paracoccidioidomicose que apresentam lesões semelhantes a tumores no cérebro. O artigo sobre está na edição de outubro da American Journal of Neuroradiology. Este tipo de micose é comum no Brasil, no entanto, a incidência no sistema nervoso central não é tão frequente, segundo os pesquisadores.

O sinal – em formato duplo halo – ajuda a pensar na doença provocada pelo fungo Paracoccidioides spp em áreas endêmicas, auxiliando no diagnóstico e no pronto tratamento dos pacientes. Com a identificação desse sinal, é possível evitar que as lesões provocadas pelo fungo sejam confundidas com​ neoplasias malignas no cérebro. 

A American Journal of Neuroradiology é uma das mais renomadas revistas da área de neurorradiologia do mundo. Um dos pesquisadores, o professor de radiologia Marcos Rosa, atribui a aceitação do artigo “Paracoccidioidomicose do sistema nervoso central: achados de imagem por tomografia computadorizada e ressonância magnética”, que já saiu na versão online da revista no dia 12 de setembro, a esse achado de imagem e ao fato de ser o maior número de casos reunidos num estudo sobre a paracoccidioidomicose (PCM) no sistema nervoso central. Os dados são de 24 pacientes, atendidos entre os anos de 1979 e 2019.

A pesquisa foi conduzida em parceria entre os professores da radiologia e da infectologia da Universidade, em conjunto com o Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes. Participaram os professores Marcos Rosa e Paulo Peçanha, do Departamento de Clínica Médica; Aloísio Falqueto, do Departamento de Medicina Social; Sarah Gonçalves, do Departamento de Patologia; e Tânia Velloso, do Departamento de Clínica Odontológica.

Micose sistêmica

O Ministério da Saúde aponta, em seu site, que a PCM é a principal micose sistêmica no Brasil. É provocada pela inalação do fungo Paracoccidioides spp. Está relacionada com o “manejo do solo contaminado” em “atividades agrícolas, terraplenagem, preparo de solo, práticas de jardinagens, transporte de produtos vegetais, entre outras”. Não há contaminação de pessoa para pessoa nem de animais para humanos. “A maioria dos indivíduos que adoeceram com a PCM apresenta história de atividade agrícola exercida nas duas primeiras décadas de vida”, indica o Ministério da Saúde.

O professor Marcos Rosa explica que o fungo, presente no solo, é inalado e se aloja nos pulmões. A consequência mais frequente são lesões pulmonares, na pele ​e nas mucosas, mas pode atingir outros órgãos se o fungo entrar na corrente sanguínea. A doença pode levar à morte se houver demora em iniciar o tratamento. “Em geral, os pacientes são agricultores que têm contato com o fungo. A pessoa pode desenvolver fibrose pulmonar, o que​ pode levar à insuficiência respiratória se não for tratada”, afirma o professor.

A incidência de PCM no sistema nervoso central não é tão frequente no mundo, mas no Espírito Santo surgem de um a dois casos por ano. “Antes dessa nossa pesquisa, havia estudos publicados com número menor de casos. Nosso artigo traz vinte e quatro pacientes”, informa Marcos Rosa.

A pesquisa apresenta os principais aspectos de imagem elencados na tomografia e na ressonância magnética dos pacientes com lesões ocasionadas pelo fungo no sistema nervoso central.

1 Comentário

  1. Parabéns aos pesquisadores, aos professores Marcos Rosa e seus colegas. Gratificante sabermos que no ES em especial na UFES temos profissionais que contribuem e aprimoram os estudos científicos. Parabéns .

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