Pesquisas do campus de Alegre são premiadas em Encontro Latino-Americano de Iniciação Científica

Campus de Alegre
As pesquisas foram realizadas no campus de Alegre da Ufes. Foto: Arquivo
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– Por Lidia Neves –

Estudos de iniciação científica da Ufes realizados no campus de Alegre (foto) foram reconhecidos entre os melhores trabalhos no XXIII Encontro Latino-Americano de Iniciação Científica, realizado na Universidade do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo. Em Engenharia Agronômica e em Iniciação à Docência, os artigos apresentados pela Ufes foram considerados os melhores trabalhos de cada categoria.

A pesquisa Diagnósticos de amostras de cafeeiro recebidas na Clínica Fitopatológica do CCAE-Ufes entre junho de 2017 e junho de 2019, da área de Engenharia Agronômica, foi resultado de um trabalho de extensão, que recolheu 37 exemplares da cultura trazidos do Espírito Santo, da Bahia, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de outros estados.

As principais doenças nas amostras foram fungos (em 35,89% das amostras), fitonematoides (um tipo de verme de solo, com 33,33%), bactérias (5,13%) e ácaros e insetos-praga (5,13%). O principal agente etiológico (causal) diagnosticado foi o Meloidogyne spp. (33,33%), seguido do fungo Fusarium spp. (17,95%).

“Com essa informação, os produtores rurais e profissionais da área terão um diagnóstico preciso das doenças que estão ocorrendo no cafeeiro, o que possibilita uma correta tomada de decisão e, consequentemente, um manejo eficiente. Com isso, espera-se uma redução no uso de agrotóxicos utilizados nas lavouras ou dos que são utilizados de forma incorreta, obtendo, assim, uma produção de alimentos saudáveis, com proteção do meio ambiente e sustentabilidade”, explica o professor de Agronomia Willian Moraes, que orientou o trabalho.

Participaram da pesquisa os estudantes Mila Letice Ferreira, Guilherme Camara e Aline da Silva, e os professores de Agronomia Fábio Alves e André Xavier.

Incentivo à docência

Na categoria Incentivo à docência, ficou em primeiro lugar o trabalho Júri simulado: uma proposta para debater a inserção de cotas raciais por alunos de licenciatura em Química na Ufes. O artigo apresentado é fruto de trabalho da estudante Julia Bodart e da professora Maria Aparecida de Carvalho, do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS).

“O exercício do júri, em sua função, levou os alunos a um confronto sadio e construtivo sobre o tema proposto e mostrou, como resultado, um cenário onde os sujeitos envolvidos puderam se engajar ativamente no processo de ensino-aprendizagem”, aponta o artigo selecionado.

A atividade foi desenvolvida junto aos 23 alunos matriculados na disciplina Metodologia do Ensino de Química e Ciências (MEQC), no 1º semestre letivo de 2019, ministrada para estudantes de graduação, dentro dos Projetos Especiais de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Paepe I), que são parte do Programa Integrado de Bolsas (PIB) da Ufes.

Os alunos da turma foram designados para cumprir os papéis de advogados e testemunhas – de acusação e de defesa – e também de jurados. Tiveram três semanas para estudar e elaborar seus argumentos, que foram apresentados no dia do “julgamento”.

A professora Maria Aparecida de Carvalho aponta que a atividade se insere no contexto das leis 10.639/08 e 11.645/08, que incluem no currículo escolar a obrigatoriedade de abordar a temática da História e Cultura Afro-Brasileira. A disciplina aborda as leis e seu diálogo com os direitos humanos a partir de autores como Bárbara Pinheiro, Roberto Dalmo de Oliveira e Glória Regina Queiroz.

“Como esses autores colocam, abordar tais temáticas é uma luta contra os discursos que apontam ideias como ‘somos responsáveis apenas pelo conteúdo de Ciências’, ‘não tenho tempo para isso’, ‘não fui formado para isso’ ou ‘isso é responsabilidade dos professores de Filosofia e Sociologia’. É preciso desconstruir essa ideia, e nada mais apropriado do que um curso de formação de professores”, afirma Maria Aparecida de Carvalho. Ela avalia que a disciplina teve “momentos ricos de discussão, desconstrução e construção de ideias”.

Ciências Biológicas

Na área de Biologia, o artigo premiado foi fruto de um projeto de iniciação científica desenvolvido no Laboratório de Ecotoxicologia (Labtox) da Ufes. Intitulado Avaliação da qualidade dos rios e córregos dos municípios do Caparaó Capixaba utilizando o microcrustáceo Daphnia similis, o estudo analisa a qualidade da água em toda a extensão da Bacia do Rio Itapemirim.

“No estudo, avaliamos as áreas de captação de água para abastecimento dos munícipios do Caparaó Capixaba e os trechos urbanos de rios de córregos da região. Existe uma acentuada queda de qualidade quando o rio cruza o interior dos munícipios. Isso está relacionado ao fato de grande parte (83%) do esgoto da região não ser tratado, sendo liberado diretamente nos rios e córregos da região. A região do Caparaó Capixaba possui uma média superior do que a do Espírito Santo, de 54,9% do esgoto sem tratamento”, detalha a professora do curso de bacharelado em Ciências Biológicas da Ufes em Alegre Cristiane Vergilio, que coordena o laboratório e orienta a iniciação científica.

A pesquisa foi desenvolvida pelos estudantes Joyce Souza, Marjore Barbosa, João Vitor Visa e Echily Sartori.

Amostras de água de diversos trechos do rio Itapemirim e seus principais afluentes foram coletadas e analisadas em laboratório. Um dos estudos observou os efeitos tóxicos sobre algas e outro – o que foi premiado – sobre o microcrustáceo Daphnia similis. “No trabalho reconhecido, observamos a redução da sobrevivência dos microcrustáceos expostos à água de alguns trechos, sendo um indicativo da presença de poluentes que estão inviabilizando a vida aquática”, aponta Cristiane Vergilio.

Para a professora, o problema da piora da qualidade da água se soma ao de escassez hídrica, uma vez que a região do Caparaó ainda não se recuperou totalmente da seca que sofreu em 2016.

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