Pesquisador da Ufes participa de expedição da National Geographic Society à Amazônia

Floresta Tambopata, no Peru. Fotos: Taylor Schuelke/National Geographic
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– Por Sueli de Freitas* –

A National Geographic Society – organização sem fins lucrativos com sede nos Estados Unidos – lançou nesta terça-feira, 12, o projeto Perpetual Planet Expedição Amazônia (Planeta Perpétuo Expedição Amazônia), no qual está inserido o pesquisador da Ufes Ângelo Bernardino, professor do Departamento de Oceanografia. Trata-se de uma série de expedições de pesquisas científicas que abrangerão toda a bacia do Rio Amazonas, desde os Andes até o Atlântico.

A jornada, planejada para durar dois anos, conta com o apoio da Rolex e é parte da iniciativa Perpetual Planet. Os exploradores da National Geographic trabalharão em distintas linhas de estudo e em materiais fotojornalísticos.

O professor Bernardino, que já está na Amazônia desde o último final de semana, vai pesquisar os manguezais na foz do Rio Amazonas na costa atlântica para avaliar as mudanças em sua capacidade de sequestro de carbono. Além disso, em parceria com a também pesquisadora da National Geographic Margaret Owuor, o professor vai trabalhar na primeira avaliação de mapeamento dos serviços ecossistêmicos da região.

“Essa pesquisa busca entender a importância dos manguezais da costa amazônica para o mundo, como uma solução baseada na natureza para a crise do clima. Estamos saindo hoje (dia 12) de Macapá (AP) pela foz do Rio Amazonas para investigar a ecologia desses manguezais, analisar as mudanças no ciclo hidrológico e no ciclo do carbono, ver os poluentes lançados na bacia e a relação desses manguezais com a ecologia aquática”, afirma o professor Bernardino.

Ele destaca que essa é a primeira vez que uma expedição dessa natureza é realizada na Bacia Amazônica. “A gente espera que esses dados sejam usados para mostrar a importância dos manguezais, especialmente da Amazônia, para a vida de quem mora nas zonas costeiras e para uma solução climática para o Brasil e o mundo em termos de sequestro de poluentes, de carbono e outros compostos que os manguezais conseguem absorver”.

A expedição, a primeira da jornada, teve início na terça-feira e vai até 28 de abril. Além do professor Bernardino, estão embarcados uma aluna de pós-doutorado da Ufes, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual do Amapá e de instituições dos Estados Unidos, do Peru, da Escócia e da Austrália.

Coração do planeta

Como um ‘coração do planeta’, a bacia do Rio Amazonas abriga a maior floresta tropical do mundo. Nela vivem mais de 40 milhões de pessoas e mais de três milhões de espécies de plantas e animais, além de um sistema fluvial que canaliza o maior volume de chuvas da Terra, inundando uma área maior que 70% dos países do mundo. A água do Rio Amazonas é o sangue vital de nosso planeta, embora raramente seja o foco quando se fala da região.

Terra, oceano, atmosfera, pessoas e animais estão todos conectados por seu ciclo hidrológico, cujo fluxo e refluxo natural afetam quase todos os organismos vivos em seus arredores. Entretanto, a crescente degradação do ambiente, causada pelo desmatamento, caça ilegal, agricultura comercial e mudanças climáticas, diminui a capacidade do rio de fornecer, de maneira adequada, esses serviços ecossistêmicos tão críticos para o planeta.

As expedições, listadas abaixo, serão lideradas por exploradores da National Geographic, cientistas, contadores e contadoras de histórias e membros da comunidade. O objetivo é investigar a Bacia Amazônica através das lentes de diferentes disciplinas científicas: da ecologia à biologia, incluindo hidrologia, climatologia, geologia e geoquímica. Trabalhando em múltiplos países e ecossistemas, as expedições mostrarão a diversidade da região e a intrincada conectividade de todo o sistema, e focarão sua atenção no ciclo hidrológico da bacia e o papel crítico que a inundação sazonal do rio tem para garantir o acesso à água doce e à sobrevivência das comunidades e da vida selvagem locais.

Conheça a atuação dos pesquisadores:

  • Ângelo Bernardino: explorará os manguezais na foz do Rio Amazonas, na costa atlântica, para avaliar as mudanças em sua capacidade de sequestro de carbono. Bernardino e Margaret Owuor: realizarão a primeira avaliação de mapeamento dos serviços ecossistêmicos da região.
  • Ruthmery Pillco Huarcaya e Andy Whitworth: pesquisarão os impactos do desmatamento e das mudanças climáticas sobre o urso andino, animal cujo ciclo de vida e alcance migratório é importante para o ecossistema da floresta nublada (floresta tropical elevada).
  • João Campos-Silva e Andressa Scabin: investigarão mudanças no habitat e nas condições migratórias da vida selvagem aquática em toda a bacia do Rio Amazonas, e farão parcerias com as comunidades locais para criar o primeiro modelo de conservação que abrange toda a bacia.
  • Fernando Trujillo: rastreará populações de botos ao longo da Amazônia e avaliará o nível de contaminação por mercúrio em sua dieta como um indicador da saúde do rio. Ele também fará parcerias com a comunidade local para desenvolver acordos de pesca e iniciativas de reflorestamento para evitar a perda de água por escoamento.
  • Hinsby Cadillo-Quiroz e Josh West: se juntarão à geóloga Jennifer Angel Amaya para explorar dois rios na Bacia Amazônica e determinar o impacto do desmatamento e da mineração sobre os rios e a qualidade da água. Será a primeira avaliação já feita na Amazônia da produção de carbono e mercúrio em lagos de mineração e seu impacto sobre os cursos d’água.
  • Thiago Silva: estudará a resiliência das florestas amazônicas às inundações, incluindo uma medição da capacidade de sequestro de carbono e morfologia foliar das espécies de árvores aquáticas, que servirão como um indicador da capacidade da floresta amazônica de absorver gases de efeito estufa.
  • Baker Perry e Tom Matthews: instalarão uma estação meteorológica perto no Nevado Ausangate para obter dados meteorológicos de um dos picos mais altos da Bacia Amazônica. O projeto vai recolher amostras de carbono preto e SWE para monitorar os impactos das mudanças climáticas em sua torre de água, que é a principal fonte de água doce para os ecossistemas andinos e a jusante.

Para saber mais sobre as expedições Perpetual Planet, visite a página da iniciativa.

*Com informações da National Geographic Society  

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