– Por Noélia Lopes* –
Pesquisas desenvolvidas pela Ufes em costões rochosos e monumentos naturais do Espírito Santo estão contribuindo para o reconhecimento da diversidade geológica capixaba. Seis projetos foram realizados por estudantes finalistas do curso de Geologia, no campus de Alegre no período de 2017 a 2021, orientados pelo professor Paulo Fortes. Com os resultados, foram produzidos mapas geológicos de detalhe (escalas 1:20.000 e 1:2.000) dos costões rochosos do estado e realizado o cadastro de cinco sítios geológicos capixabas no Sistema de Cadastro e Avaliação de Sítios Geológicos (Geossit).
Quatro das pesquisas são sobre Geologia dos Costões Rochosos e Ilhas Costeiras, realizadas no litoral dos municípios de Anchieta, Piúma, Guarapari, Presidente Kennedy, Marataízes, Vitória e Vila Velha. Foram desenvolvidas pelos estudantes Heitor Oliveira, Hudson Oliveira, Letícia D’Agostim e Pedro Henrique Brandão.
Os outros trabalhos – produzidos pelos estudantes Hérick Ribeiro e Tamires Ribeiro – são relacionados à Geoconservação e Geoturismo do Espírito Santo, sendo um sobre o Monumento Natural dos Pontões Capixabas, localizado no município de Pancas, e o último sobre a Pedra do Caramba, em Cachoeiro de Itapemirim.
Mapas geológicos
Além das atividades de campo, os pesquisadores trabalharam com análises de amostras em laboratório. O professor Fortes aponta que a existência de uma cartografia geológica estadual já disponibilizada pelo Serviço Geológico do Brasil/Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB/CPRM) colaborou para a confecção desses mapas. “A cartografia geológica em nível estadual, antes disponível na escala de 1:1.000.000, foi significativamente melhorada com o Mapa Geológico do Espírito Santo na escala de 1:400.000 publicado pelo SGB/CPRM em 2013. Entretanto, como explica o professor, “a cartografia geológica em escala de detalhe contribuiu para o melhor entendimento da evolução geológica na área de estudo, ao serem definidas as relações de contato entre os diferentes tipos de rochas associadas a diferentes unidades de mapeamento”.
Colaboraram nesses projetos os geólogos graduados pela Ufes Marcelo Silva e Mauro Lima Filho, que captaram, utilizando drones, as imagens de alta resolução espacial das regiões estudadas.
As pesquisas realizadas nas áreas de Anchieta, Piúma, Guarapari, Vitória e Vila Velha foram apresentadas no 50º Congresso Brasileiro de Geologia, em 2021 e em capítulos do livro Contribuições à Ciência e Técnica dos(as) Jovens Geólogos(as) Brasileiros(as), organizado pela Sociedade Brasileira de Geologia (SBG).
Sítios geológicos
A partir das pesquisas, foram reconhecidos e cadastrados no Sistema de Cadastro e Avaliação de Sítios Geológicos (Geossit) cinco sítios geológicos (geossítios ou sítios da geodiversidade) de relevância nacional: Pontões Capixabas, O Frade e a Freira, Pico do Forno Grande, Poços Amarelos do Parque Estadual Forno Grande e Gruta do Limoeiro.
O Geossit é uma plataforma de uso público destinada ao inventário, qualificação e à avaliação quantitativa de geossítios e de sítios da geodiversidade em nível nacional. Inventariar um geossítio é o primeiro passo para um projeto com o objetivo de conservar o patrimônio geológico. “Uma determinada região com limites definidos deve ser escolhida, e nela são desenvolvidas as atividades de campo para a identificação e descrição de sua geodiversidade, o que possibilita a caracterização de locais com aspectos únicos que podem ser considerados como geopatrimônio”, explicou Fortes.
Para o desenvolvimento dos projetos, os pesquisadores contaram com a colaboração do geólogo e coordenador para o Espírito Santo do projeto Mapa do Patrimônio Geológico da América do Sul, Valter Vieira do SGB/CPRM, e da professora Ariadne de Souza, do Departamento de Geologia da Ufes/Alegre.
Novo projeto
Ainda neste ano, Fortes pretende desenvolver o projeto de pesquisa Inventário de locais de interesse geológico (geossítios) em falésias, costões rochosos e ilhas costeiras no sul do Espírito Santo. O trabalho será objeto de estudo em nível de pós-doutorado a ser realizado no Programa de Pós-Graduação em Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a supervisão da professora Kátia Mansur.
* Bolsista em projeto de Comunicação
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