Eclipse lunar total estará visível este fim de semana

Eclipse total da lua em 3 de março de 2007 (Figura 2). Foto: Alessandro Leite/CC.
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– Artigo de Sérgio Mascarello Bisch* –

Na noite de 15 para 16 de maio de 2022, de domingo para segunda-feira, um dos mais belos espetáculos naturais será novamente visível no céu: um eclipse lunar total. O eclipse será visível em todo o Brasil, se as condições meteorológicas assim o permitirem e o céu não estiver nublado, bem como nas Américas, África e em grande parte da Europa.

A Lua começará a ser encoberta pela sombra da Terra (umbra, Figura 1) às 23h28min do dia 15 de maio, pelo horário de Brasília. A fase total do eclipse – quando a Lua ficará totalmente encoberta pela sombra da Terra – iniciará à 00h29min e terminará à 01h54min do dia 16 de maio, durando cerca de 1h25min. Após esse período de totalidade, ela ainda permanecerá parcialmente eclipsada até às 02h55min. No início do eclipse, a Lua estará aproximadamente no meio do céu, sendo facilmente visível, se o tempo não estiver nublado.

Haverá um segundo eclipse lunar total neste ano, no dia 8 de novembro, porém ele não será visível no Espírito Santo, mas, no Brasil, apenas nos estados situados mais a oeste, como o Acre e o Amazonas. Um eclipse lunar ocorre sempre que há um alinhamento entre o Sol, a Terra e a Lua, nesta sequência, fazendo com que a Lua penetre no cone de sombra projetado pela Terra, denominado “umbra” (Figura 1).

Figura 1: Geometria do eclipse lunar total. Fonte: Wikipedia

Ao contrário de um eclipse solar, que requer equipamentos e cuidados especiais para uma observação segura, um eclipse lunar pode ser observado a olho nu por qualquer pessoa, com toda a segurança. O uso de binóculos ou de um pequeno telescópio poderão tornar a observação mais interessante, mas o espetáculo é belo e cativante mesmo quando observado a olho nu.

Os eclipses lunares só ocorrem na Lua Cheia, pois só nesta fase pode acontecer o alinhamento anteriormente citado. Entretanto, na maioria das Luas Cheias não há eclipse, porque o plano da órbita da Lua em torno da Terra não coincide exatamente com o plano da órbita da Terra em torno do Sol, mas formam entre si um ângulo de 5,2°. Isso faz com que o alinhamento Sol-Terra-Lua, na maioria das Luas Cheias, não seja perfeito, não se produzindo, portanto, um eclipse, que só ocorrerá quando houver a coincidência de a Lua atingir a fase de Lua Cheia no mesmo instante em que estiver cruzando ou muito próxima do plano da órbita da Terra – denominado “plano da eclíptica” – que recebe este nome justamente porque só ocorrem eclipses, lunares ou solares, quando a Lua estiver passando por ele.

Curiosamente, a Lua não fica completamente escura durante um eclipse lunar total, mas apresenta, em geral, uma coloração vermelho-alaranjada, perfeitamente visível (Figura 2, em destaque na página). Isto se explica pelo fato de a Terra possuir atmosfera, a qual funciona como se fosse uma lente e um filtro: como uma lente, ela desvia, por refração, os raios de luz vermelha do Sol para o interior do cone de sombra da Terra e, agindo como um filtro, bloqueia a luz solar azul, espalhando-a em outras direções (Figura 3).

Figura 3: A luz branca do Sol é uma mistura de todas as cores do arco-íris. Quando um raio de luz solar “branca” incide na atmosfera da Terra, as moléculas do nosso ar espalham a luz azul em todas as direções (por isso o céu da Terra é azul!…). A luz avermelhada que restou após a “filtragem” do azul é desviada (refratada) para dentro do cone de sombra da Terra, iluminando a Lua e produzindo a sua típica coloração avermelhada durante um eclipse lunar total. Fonte: Tony Phillips, NASA.

Um astronauta que estivesse na Lua, olhando para a Terra durante um eclipse lunar total, veria o nosso planeta como um disco escuro circundado por um anel vermelho brilhante. Esse anel nada mais seria do que a luz dos crepúsculos e auroras ocorrendo ao redor de toda a Terra naquele instante. É essa luz que incide sobre a Lua durante um eclipse lunar total, produzindo a sua coloração vermelho-alaranjada. Se a Terra não possuísse atmosfera, não teríamos este efeito.

Cada eclipse lunar total é único e diferente dos outros. A coloração exata que a Lua apresenta nessas ocasiões varia bastante, podendo ser laranja, vermelha, marrom escura ou, até mesmo, cinza escuro, dependendo do tipo e quantidade de poeira existente na alta atmosfera da Terra e das nuvens nas regiões onde ocorrem as auroras e crepúsculos no momento do eclipse. A cor da luz da Lua, durante o eclipse, nos informa não sobre ela, mas sobre a atmosfera da Terra.

Programação do Planetário de Vitória

A partir deste mês, o Planetário de Vitória, retomará seus atendimentos presenciais a turmas de escolas, comunidade universitária e ao público em geral, divulgada em seu website, com a apresentação de sessões de planetário, oficinas e sessões de observação do céu com telescópio.
Mais informações: site https://planetariodevitoria.ufes.br/; telefones: (27) 3227.2531, (27) 4009.2489.

Referências:

BISCH, Sérgio Mascarello. Introdução à Astronomia. Vitória: UFES, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2012. Disponível em: . Acesso em: 08 mai. 2022.

NASA, páginas sobre os eclipses:
http://eclipse.gsfc.nasa.gov/eclipse.html;
https://eclipse.gsfc.nasa.gov/LEdecade/LEdecade2021.html;
https://eclipse.gsfc.nasa.gov/LEplot/LEplot2001/LE2022May16T.pdf.
Acesso em: 08 mai. 2022

*Professor do Departamento de Física da UFES e Diretor Técnico-Científico do Planetário de Vitória. sergio.bisch@ufes.br

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