– Por Lidia Neves –
O livro Práxis criadora: arte no espaço educativo, da professora do Departamento de Artes Visuais da Ufes Stela Maris Sanmartin, apresenta a pesquisa sobre a didática do ensino de arte e o impacto das experiências de arte-educação não formal no desempenho de professores em suas atividades desenvolvidas em escolas formais após esse período. Publicado pela Editora da Ufes (Edufes), o e-book está disponível para download.
No estudo, Sanmartin se baseou no trabalho desenvolvido pelos profissionais que haviam participado do programa Enturmando, desenvolvido pela Secretaria do Menor do Estado de São Paulo para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, nos anos de 1987 a 1994, no contexto das políticas de complementação escolar. Por meio de entrevistas e levantamento de dados documentais, a pesquisadora concluiu que essa experiência fortaleceu a concepção de arte como pesquisa.
“Nesse projeto, desenvolvido em um espaço físico adequado de ateliê e com farto e diversificado material artístico, os educadores eram incentivados a planejar, com liberdade, atividades que, ao mesmo tempo, acolhessem as expectativas das crianças e jovens, mas também propusessem repertórios, a partir dos trabalhos de artistas”, relata a professora.
Um dos aspectos detalhados no livro, que foi baseado na pesquisa de doutorado de Sanmartin na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), é o ateliê de percurso, em que os professores estimulavam o desenvolvimento de projetos individuais dos alunos, com base em uma orientação inicial comum, mas que poderia levar a trajetórias diferentes. “Essa medida se difere do que se costuma fazer no espaço escolar, em que muitas vezes se trabalha com atividade única. Da maneira trabalhada ali, os estudantes podiam idealizar e desenvolver projetos e processos criativos semelhantes ao dos artistas, ou seja, com expectativa própria”, explica.
Criatividade no ensino
Em suas pesquisas atuais na Ufes, Stela Sanmartin segue trabalhando com o conceito de arte no espaço educativo, buscando aproximar as possibilidades autorais e criativas do fazer e ensinar arte. “Apesar da carga horária pequena para as artes na educação formal e de muitas vezes não haver espaços físicos adequados, é possível alterar a didática para criar situações de aprendizagem efetiva dos alunos, operando na linguagem artística como uma forma de compreender e traduzir o mundo e os anseios das crianças e jovens para ele”, avalia.
Para qualificar a formação de arte-educadores, a professora tem pesquisado e desenvolvido orientações no Programa de Pós-graduação em Artes (PPGA/Ufes); e realizado trabalhos no seu Grupo de Pesquisa Criatividade, Educação e Arte, além de projetos de extensão que abordem a criatividade no processo de ensino de arte. “Assim, buscamos desconstruir o mito de que só algumas pessoas são criativas e que essa característica se destina apenas às artes e às invenções”.
Ela explica que a criatividade é um potencial a ser desenvolvido, em quatro eixos: o da pessoa, o dos processos, o do produto e o das características do ambiente que podem favorecer essa validação. “Para crianças e jovens, tal conhecimento pode ainda estimular o pensamento crítico e a autonomia de escolha”, indica Sanmartin.
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