Ilhas de calor da Grande Vitória podem chegar a ser 5°C mais quentes que áreas arborizadas

Diferentes usos do solo impactaram na situação em cada localidade, aponta estudo. Foto: Bento Mattos/CC
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– Por Ana Clara Andrade* –

Um estudo realizado no Instituto de Estudos Climáticos da Ufes indica que as áreas mais urbanizadas da Grande Vitória podem alcançar até 5°C a mais do que regiões arborizadas. A pesquisa, realizada por Wesley Correa, durante seu pós-doutorado, avalia a evolução do fenômeno da ilha de calor urbana (ICU) e suas consequências para os residentes da região.

A pesquisa é a primeira que se debruça sobre o tema no Espírito Santo. “Antes do meu estudo, não encontrei nada que versasse sobre isso aqui no estado, enquanto em São Paulo, por exemplo, há pesquisas desse tipo desde a década de 80”, afirma Correa. 

A ilha de calor é considerada um fenômeno urbano e se refere ao excedente de temperatura que a cidade produz, se comparado com ambientes rurais. O pesquisador analisou o comportamento das ilhas de calor ao longo do tempo e espaço e estudou cenários hipotéticos de como seria a temperatura do ar na região metropolitana sem a presença dos elementos característicos da cidade.

Mapa mostra a intensidade das ilhas de calor de superfície da Grande Vitória. Regiões em vermelho apontam acúmulo de calor superior a 6°C. Imagem: Divulgação

Resultados e propostas

Foram utilizados os dados das cinco estações meteorológicas presentes na Grande Vitória, dentre as quais uma é rural (Vila Velha). Os resultados mostraram que os diferentes usos do solo impactaram na situação em cada localidade. Cariacica e Carapina se destacaram como, respectivamente, a primeira e segunda região com maior concentração de calor, ou seja, que apresentaram temperaturas mais elevadas. A diferença entre os dados das regiões foi pequena e os resultados foram considerados homogêneos.

Também foi criado um cenário hipotético, substituindo a cidade por área verde, a fim de saber qual seria a temperatura na Grande Vitória se nos locais mais urbanos houvesse apenas vegetação. O resultado apontou que as regiões estudadas teriam uma redução de 5°C na temperatura.

Exemplos de uso do solo na região metropolitana. Mapa mostra, em vermelho e em rosa, as regiões mais urbanizadas. Imagem: Divulgação

A fim de evitar a intensificação desse cenário e suas possíveis consequências à saúde, Correa defende um maior planejamento urbano como uma das ações para reduzir esses impactos. “O clima deve ser levado em consideração na construção de projetos estruturais. Infelizmente, é raro observar uma preocupação ligada a essa questão”, lamenta. Já para mitigar os efeitos negativos presentes no cotidiano, as soluções incluem o aumento de área verde nas regiões urbanizadas (ou ao redor), telhados e paredes verdes, incentivos aos sistemas de bicicletas compartilhadas, dentre outras sugestões que colaboram para a diminuição da poluição e consequente melhora na qualidade de vida.

*Bolsista em projeto de Comunicação

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