Ufes participa do maior estudo do Brasil sobre poluição nas praias por microplásticos

Tartaruga verde (Chelonia mydas) morta devido à ingestão de plástico - Foto: Robson Santos
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O professor do Departamento de Oceanografia Fabian Sá e o doutor em Biologia pela Ufes Ryan Carlos de Andrades fazem parte da equipe executora do projeto MicroMar, o maior já realizado no Brasil sobre a poluição por microplásticos nas praias brasileiras. No projeto, coordenado pelo professor do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) Guilherme Malafaia, pesquisadores de várias instituições brasileiras estão reunindo esforços conjuntos para a realização de um levantamento em larga escala sobre a poluição microplástica em praias ao longo da costa brasileira, cujo objetivo é prover um diagnóstico atual, abrangente e inédito sobre essa temática no Brasil.

Clique aqui e assista ao documentário elaborado pelo projeto MicroMar.

Considerada um problema mundial sem precedentes na história planetária, a poluição plástica nos ecossistemas aquáticos instiga preocupações globais. Os microplásticos, definidos como partículas de tamanho entre 100 nanômetros (nm) e 5 milimetros (mm), passam facilmente pelos sistemas de filtração de água e acabam chegando aos rios, lagos e oceanos, representando uma ameaça potencial à vida aquática. Diante disso, esforços crescentes têm sido despendidos para caracterizar a presença e o risco que esses poluentes podem representar para os ambientes naturais, o conjunto de organismos que habita uma área específica (biota), bem como para a saúde humana.

Até o momento, os pesquisadores realizaram a coleta de mais de 6.700 amostras de areia e água em 750 praias localizadas em 300 municípios/distritos nos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Um total de 5.578 quilômetros de orla já foi percorrido ao longo de julho de 2023 e fevereiro de 2024. De acordo com o coordenador do projeto, até abril de 2024 a coleta em todos os estados brasileiros litorâneos já terá sido realizada, abrangendo uma área que vai da praia de Goiabal (localizada no município de Calçoene, no Amapá) até a Barra do Chuí, no extremo sul do Brasil.

Mapas da poluição

Com o auxílio do grupo do professor Fabian Sá, as amostras serão analisadas em laboratório, visando a quantificação e tipificação de microplásticos, estabelecimento de valores de background, construção e disponibilização de mapas de distribuição da poluição microplástica, bem como a determinação de índices de risco de polímero e de carga poluidora. O projeto MicroMar prevê, ainda, a realização de uma análise sobre as correlações entre os níveis de poluição por microplásticos nas praias com variáveis oceanográficas, condições ambientais e com aspectos gerais do litoral brasileiro.

“O projeto MicroMar reúne, pela primeira vez, pesquisadores de instituições sediadas ao longo de todo o Brasil em busca de prover subsídios para a tomada de decisões locais, regionais e nacional, visando a prevenção de possíveis danos e minimização de gastos futuros nas áreas ambiental e de saúde pública”, salienta o professor Ryan Andrades.

A equipe executora do projeto MicroMar engloba, além de pesquisadores da Ufes e do IF Goiano, outros vinculados à Universidade do Estado do Amapá, à Universidade de São Paulo e às universidades federais de Goiás, do Pará, do Ceará, do Maranhão, do Rio Grande do Norte, Fluminense, de Alagoas, do Rio Grande, da Bahia, de Uberlândia e de Santa Catarina. Além disso, o projeto conta com a colaboração de pesquisadores do Catalan Institute for Water Research e University of Girona (Espanha), Universidade de Aveiro (Portugal), Jahangirnagar University (Bangladesh), Assiut University (Egito), Universidad Nacional del Sur (Argentina), Begum Rokeya University (Bangladesh), Universiti Teknologi Brunei (Brunei), Periyar University (Índia), University of Virginia (EUA) e Leibniz-Institut für Ostseeforschung Warnemünde (Alemanha).

O projeto MicroMar conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, em consonância com o Programa Ciência no Mar (PCMar/MCTI) e com o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar (PNCLM).

Com informações da coordenação do projeto
Edição: Thereza Marinho

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