Mais oportunidades e diversidade na graduação

Nos últimos cinco anos, aumento do número de vagas na graduação foi de 10%. Foto: Reprodução/TV Ufes
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Por Camila Fregona –

Nos últimos cinco anos, o número de cursos de graduação da Ufes cresceu. A oferta de vagas para os estudantes foi ampliada e inclui opções exclusivas de formação no estado e no país

Criada há 65 anos com o desafio de formar profissionais, a Universidade Federal do Espírito Santo segue evoluindo nessa tarefa, junto a outras relativas a desenvolver e compartilhar conhecimentos. Nos últimos cinco anos, de 2014 a 2019, o ensino de graduação foi marcado pela alteração na forma de ingresso à Universidade: do tradicional vestibular em duas etapas, houve a migração, concluída em 2017, para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC), que avalia os estudantes exclusivamente pela nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Também foram ampliados a oferta de cursos e o número vagas e, paralelamente, foram reduzidas as vagas ociosas, o que reafirma o crescimento e o compromisso da Ufes com o ensino superior público.

Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 10% no número de vagas, que totalizaram 5.531 em 2019. A ampliação foi resultado do incremento na quantidade de cursos de graduação presencial, que subiu de 92 em 2014 para 104 neste ano. Entre as novidades está a Licenciatura em Educação do Campo, criada em 2014 com o objetivo de formar professores para atuar em escolas do ensino básico localizadas em áreas rurais. A graduação pode ser cursada nos campi de Goiabeiras e São Mateus e tem 160 vagas anuais.

Como o curso de dirige a um público que possui vínculo com o campo, a seleção é feita por edital específico. “Esses cursos formam professores que compreendam a cultura do lugar, que entendam que a formação e a atuação não são descontextualizadas. São cursos que também revelam o compromisso da instituição com o desenvolvimento social”, explica a pró-reitora de Graduação, Zenólia Figueiredo. Outro exemplo é a Licenciatura Intercultural Indígena, destinada a professores Tupinikim e Guarani que lecionam em aldeias no território capixaba. O curso, criado em 2015 com 70 vagas, acontece na Base Oceanográfica da Ufes, no município de Aracruz, e sua primeira turma de estudantes se forma em 2019.

Segundo a pró-reitora de Graduação, professora Zenólia Figueiredo, a oferta
de vagas pelo Sisu possibilitou aumentar a taxa de preenchimento dos cursos. Foto: Jorge Medina/Ufes

Nesse período, muitas graduações existentes ampliaram as habilitações ofertadas e o número de turmas e de estudantes. Em 2016, a Engenharia de Produção, no campus de Goiabeiras, passou a ser oferecido no período noturno, uma ampliação de 40 vagas, além de dobrar as oportunidades no período vespertino, que passaram de 20 para 40. No Direito, também houve o aumento de 10 vagas anuais a partir de 2017, chegando a 120.

Democratização do acesso

Além de ampliar as vagas, a Ufes adotou, desde 2007, um sistema de inclusão social em seus processos seletivos. Inicialmente, esse método reservava 40% das oportunidades disponíveis para os estudantes que cursaram pelo menos quatro anos das séries do ensino fundamental e todo o ensino médio em escola pública, que tivessem renda familiar até sete salários mínimos e que não possuíssem nenhum curso de graduação completo. Portanto, a primeira resolução aprovada na Ufes no sentido de democratizar o acesso ao ensino superior ocorreu bem antes da regulamentação federal, que veio em 2012, com a lei nº 12.711. Por meio dela, 50% das vagas da universidade passaram a ser reservadas para estudantes que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas, com renda familiar inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa, autodeclarados pretos, pardos e indígenas ou pessoas com deficiência. A partir de então, esse modelo foi o adotado por todas as instituições federais de ensino superior do país.

A Ufes já adotava iniciativas de inclusão social antes da política de cotas regulamentada em 2012. Foto: Reprodução/TV Ufes

A experiência antecipada da Ufes com o sistema de reserva de vagas possibilitou que a instituição desenvolvesse, desde 2008, um plano de assistência aos estudantes de graduação presencial, a fim de favorecer a sua permanência e a conclusão do curso superior. Em 2010, o Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) estabeleceu um recorte de renda familiar para estudantes assistidos, de até 1,5 salário mínimo por pessoa. Atualmente, 6 mil estudantes estão cadastrados no Programa de Assistência Estudantil da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil e Cidadania (Proaeci) e recebem auxílios para transporte, moradia, material de consumo e alimentação (acesso gratuito ao restaurante universitário), além de empréstimo estendido de livros.

Outra medida de democratização do acesso ao ensino superior público foi a adoção do Sisu, a partir de 2014. Naquele ano, o Sisu serviu como forma de ingresso aos cursos com início no segundo semestre nos campi de Alegre e São Mateus. A experiência positiva observada legitimou a decisão de tornar o Sisu a única forma de ingresso nos cursos de graduação presencial da instituição a partir de 2017, eliminando assim o modelo anterior, composto por uma primeira etapa classificatória com base nas notas do Enem e uma segunda etapa discursiva, com provas de redação e conhecimentos específicos. Algumas graduações, contudo, permaneceram com editais de ingresso em separado, devido a especifidades no processo seletivo. Entre eles, estão os cursos de Música e Letras-Libras, bem como a Licenciatura em Educação do Campo. Em 2019, a universidade passou a participar de duas edições anuais do Sisu, separando, assim, as entradas para o primeiro e o segundo semestre.

A oferta de vagas por meio do Sisu promoveu uma grande mudança no acesso à universidade: com o sistema nacional, estudantes de qualquer unidade federativa do país poderiam participar do processo seletivo sem ter de se deslocar para realizar as provas. A facilidade, contudo, não afetou o perfil de origem dos ingressantes: segundo a Pró -Reitoria de Graduação da Ufes (Prograd), o percentual de estudantes vindos de outros estados brasileiros se manteve na casa dos 25%.

Mesmo adotando o sistema nacional de ingresso à universidade, o percentual de estudantes de fora do Espírito Santo na Ufes se manteve na casa dos 25%. Foto: Reprodução/TV Ufes.

O maior diferencial, no entanto, foi o aumento da taxa de preenchimento dos cursos e a consequente redução do número de vagas remanescentes. Em 2015, por exemplo, das 4.178 oportunidades ofertadas no VestUfes, 978 não foram preenchidas e passaram por outros processos seletivos de remanejamento, tal como o de vagas surgidas. Em uma análise comparativa, o número representava uma ocupação em torno de 70%, enquanto em 2018 a taxa saltou para 99%. Isso porque, no Sisu, o candidato já conhece a nota de corte dos cursos na hora de fazer sua escolha e, além disso, pode selecionar uma segunda opção de graduação, caso não seja classificado na primeira. Apesar da facilidade para inscrição e visualização das chances em determinada área, a Prograd garante que as notas de corte dos cursos foram mantidas no mesmo patamar do vestibular.

Em termos qualitativos, as graduações da Ufes têm apresentado melhoria constante nos últimos cinco anos, segundo o Índice Geral de Cursos do MEC. Desde 2012, a quase totalidade dos cursos da Ufes foi avaliada com conceitos positivos, o que representa nota igual ou maior que 3 no Conceito Preliminar de Curso (CPC). O indicador considera a nota dos estudantes no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade); o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Esperado e Observado (IDD), que mede o quanto o curso de graduação agregou ao desenvolvimento do discente; o perfil dos professores, incluindo o regime de trabalho e atitulação; e o questionário aplicado aos estudantes sobre as percepções do processo formativo. Dos 86 cursos avaliados no último ciclo do Enade, 50 obtiveram conceito 4 no CPC e 35 deles, igual a 3.

O MEC também realiza avaliações in loco, tanto para cursos que não participaram do Enade naquele período quanto para aqueles que obtiveram CPC menor do que 3. Desde 2014, foram visitados 42 cursos da Ufes e todos obtiveram Conceito de Curso positivo (maior ou igual a 3). Quatro deles alcançaram a nota máxima (5): Estatística, em 2019; Filosofia, na modalidade a distância, em 2018; Pedagogia, no campus de São Mateus, em 2017; e Arquivologia, em 2016.

Dos 86 cursos avaliados no último ciclo do Enade, 50 obtiveram conceito 4 no CPC e 35 deles foram avaliados com nota 3. Foto: Reprodução/TV Ufes.

De acordo com a Secretaria de Avaliação Institucional (Seavin), os números se refletem em boas classificações para a Ufes, como por exemplo a 26ª posição no Ranking Universitário Folha, entre as 196 instituições de ensino superior (IES) brasileiras avaliadas. A Seavin tem buscado, junto com a Secretaria de Relações Internacionais, inserir a Ufes nos rankings internacionais, levantando os dados necessários para as análises.

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Referência

Única universidade pública no Espírito Santo, a Ufes é referência em ensino superior no estado. A capilaridade proporcionada por meio de seus 27 polos de ensino a distância e a interiorização de suas atividades, com a atuação dos campi universitários nos municípios de Alegre, no sul do estado, e São Mateus, no norte, são alguns exemplos da importância do trabalho desenvolvido pela instituição, que oferece uma ampla gama de cursos.

No Espírito Santo, algumas graduações, na modalidade presencial, são encontradas exclusivamente na Ufes. Alguns exemplos são Arquivologia, Artes Plásticas, Biblioteconomia, Cinema e Audiovisual, Engenharia de Alimentos, Geologia, Oceanografia, Terapia Ocupacional e Zootecnia.

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