Tecnologia com uso de infravermelho possibilita diagnóstico rápido e mais barato para COVID

Tecnologia com uso infravermelho possibilita diagnóstico mais rápido e barato para COVID
O modelo de teste infravermelho pode ser adaptado de forma rápida em caso de mutações virais.
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– Por Jorge Medina –

Pesquisadores da Ufes, em colaboração com universidades do Brasil e da Inglaterra, estão utilizando a espectroscopia por infravermelho para a realização de testes que identificam, de forma rápida e de baixo custo, as tendências e as reações em tempo real do novo conoravírus. Os resultados obtidos por esse procedimento podem fornecer dados importantes para o diagnóstico e o rastreamento da infecção em toda a população brasileira, principalmente em um momento em que a pandemia está em todo o território nacional e aumenta a necessidade de realizar testes em massa para detectar a doença e verificar o número real de infectados.

 “A espectroscopia de infravermelho é uma técnica analítica rápida, de baixo custo, sem reagentes, não invasiva e não destrutiva, capaz de gerar um espectro de impressões digitais de materiais biológicos. A luz infravermelha interage com as estruturas moleculares das principais biomoléculas contidas na amostra, como os ácidos nucleicos, gerando um sinal quantitativo para a informação viral. Além disso, o teste é passivo de automação, de modo que os diagnósticos podem ser realizados quase instantaneamente e o modelo de diagnóstico pode ser facilmente atualizado para mutação viral ou outras cepas”, explica o coordenador do projeto e professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da Ufes, Valério Barauna.

As coletas estão sendo realizadas no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam-Ufes), no Vila Velha Hospital e no Hospital Roberto Arnizaut Silvares (São Mateus), e, em breve, pretende-se iniciar nos Hospitais Dório Silva e Jayme dos Santos Neves (ambos no município de Serra). “Estamos na primeira etapa da pesquisa e já temos dados preliminares promissores. Inicialmente, vamos coletar amostras de swab, que é um cotonete estéril que serve para coleta de saliva dos pacientes suspeitos de COVID-19. Após a coleta, as amostras são analisadas pelo computador com a tecnologia de espectroscopia de infravermelho. Por meio desse sistema de inteligência artificial, o computador vai identificar se os pacientes estão infectados ou não pelo coronavirus”, explica um dos pesquisadores e professor da Ufes José Geraldo Mill.

O objetivo inicial é chegar a 600 amostras num prazo de dois meses. Atualmente, 250 pessoas já fizeram o teste. O professor Mill ressalta que a pesquisa também pretende incluir outros municípios e outros estados, uma vez que o vírus não é igual, tem várias mutações, manifestando-se de forma diferente em cada região. O projeto pretende incluir na pesquisa pacientes das cidades de Belo Horizonte (MG) e de Ilhéus (BA). “Um diagnóstico exato é fundamental para propor aos órgãos de saúde medidas de prevenção e de controle da doença”, enfatiza.

Software

Na segunda fase da pesquisa, está previsto o desenvolvimento de um software que realiza todo o processo automático de reconhecimento da doença, similar a um reconhecimento de face ou de impressão digital. “A partir desse momento, o teste será realizado pelo computador e será extremamente rápido, gerando o resultado entre um e dois minutos. Além disso, o custo estimado do exame ficará aproximadamente entre 50 a 75 reais, bem abaixo dos atuais testes, que estão custando entre 200 e 300 reais e levando até 48 horas para divulgar o resultado”,  explica Barauna.

O professor reforça ainda que a testagem é fundamental para se identificar as pessoas infectadas e onde estão as regiões de maior risco. Isso permitirá o isolamento inteligente de áreas sem afetar a dinâmica de um país inteiro e facilitar a alocação de recursos para combater estrategicamente a doença, como equipamentos de suporte e ventilatório, medicamentos e equipe médica.

Além dos professores Barauna e Mill, participam do projeto o professor da Ufes Leonardo dos Santos, os pesquisadores Luis Felipe de Carvalho, de São Paulo; e Paula Vassallo, de Minas Gerais; além de profissionais da Inglaterra. A pesquisa tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e foi a única proposta aprovada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnologia (CNPq), cuja coordenação está no Espírito Santo.

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