Principal revista de reabilitação do mundo publica pesquisas do curso de Fisioterapia

Paciente é conduzida por estudantes de iniciação científica em treino com estumulação craniana. Foto: Professor Lucas Nascimento/ Ufes
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– Por Lidia Neves –

Dois trabalhos de conclusão de curso (TCCs) desenvolvidos no curso de Fisioterapia da Ufes foram publicados neste ano no Journal of Physiotherapy, o mais importante do mundo na área de reabilitação. Orientadas pelo professor Lucas Nascimento, do Departamento de Educação Integrada em Saúde da Ufes, as pesquisas fizeram revisões sistemáticas de estudos relativos à reabilitação de pessoas com disfunções neurológicas.

“Em nossas pesquisas, procuramos trazer respostas para a prática clínica, com benefícios para os indivíduos, seja na estrutura de seu corpo ou nas atividades do dia a dia”, afirma Nascimento, que se dedica à reabilitação de pessoas com doenças como Parkinson e acidente vascular cerebral (AVC).

Tratamento pós-AVC

O primeiro estudo atualiza uma revisão sistemática sobre o treinamento da atividade de andar realizado em esteiras para o tratamento pós-AVC, comparando-o ao treinamento em solo. “Verificamos que o efeito do treinamento em esteira e em solo é semelhante para a reabilitação de pessoas pós-AVC que já andam; portanto ambos os modos de treinamento podem ser utilizados. O importante não é o modo de treinamento, mas sim a quantidade de treinamento”, detalha Nascimento.

Desenvolvida no TCC de Augusto Boening e Abílio Galli, a pesquisa foi intitulada Caminhada em esteira melhora a velocidade e a distância da caminhada em pessoas que deambulam após o AVC e não é inferior à caminhada no solo: uma revisão sistemática (em inglês, Treadmill walking improves walking speed and distance in ambulatory people after stroke and is not inferior to overground walking: a systematic review). Ela amplia um trabalho desenvolvido durante o doutorado do professor Nascimento.

O levantamento mapeou 16 estudos, envolvendo 713 participantes.Colaboraram no artigo as professoras Janaíne Polese, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, e Louise Ada, da Universidade de Sidney.

Estimulação transcraniana na doença de Parkinson

O segundo estudo, desenvolvido durante o TCC de Willian do Carmo e Gabriela de Oliveira, analisou cinco pesquisas que investigam se a adição de estimulação transcraniana, por meio de eletrodos colocados externamente na cabeça dos pacientes, potencializa os efeitos do treinamento da caminhada em pessoas com Parkinson.

O artigo foi intitulado A estimulação transcraniana por corrente contínua não fornece benefícios clinicamente importantes sobre o treinamento de caminhada para melhorar a caminhada na doença de Parkinson: uma revisão sistemática (no original, Transcranial direct current stimulation provides no clinically important benefits over walking training for improving walking in Parkinson’s disease: a systematic review) e contou com a colaboração dos professores Fernando Zanela e Fernanda Dias, do Departamento de Educação Integrada em Saúde da Ufes.

“Já sabemos que o treino de marcha traz benefícios e, com esse levantamento, foi possível concluir que não fez diferença colocar o eletrodo, um método novo de tratamento especializado, mas que também o torna mais caro. Até o momento, esse novo método não potencializou os efeitos”, explica o orientador.

Os estudos analisados envolviam 117 pacientes, todos com incapacidade leve. Um novo ensaio clínico, coordenado pelos professores Lucas Nascimento e Fernando Zanela, irá verificar as respostas da estimulação transcraniana em pacientes com incapacidade moderada, ou seja, em um estágio um pouco mais avançado da doença. A pesquisa está em andamento na Clínica Escola da Ufes, e o protocolo do estudo pode ser lido na íntegra em artigo publicado no periódico Trials.

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