Estudo analisa o uso de materiais orgânicos para retirar agrotóxico da água

Biocarvão desenvolvido na pesquisa contribui para retirar agrotóxico da água. Foto: José Cruz/ABr
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– Por Mikaella Mozer* – 

Uma pesquisa investigou a possibilidade de usar biocarvões ativados produzidos com o bagaço da cana de açúcar, casca de coco e endocarpo de babaçu para remover um agrotóxico da água. O material serviria para remover o herbicida 2,4-D, um agrotóxico utilizado para o controle de ervas daninhas na agricultura, que contamina a água ao ser utilizado.

O estudo foi realizado por Gilberto Brito, em seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA) da Ufes, sob a orientação da professora Edumar Coelho. A resposta foi positiva.

“Essa metodologia é inovadora. Nesse processo de produção do biocarvão, nós utilizamos apenas água, durante o tratamento térmico a 800°C, dentro de um forno especial”, explica Brito.

Os pesquisadores descobriram que o carvão obtido nesse processo pode ser aplicado no tratamento da água contaminada com herbicida, com mais efetividade do que a dos produtos já existentes no mercado, por ser mais poroso. Quanto maior a porosidade, mais moléculas do herbicida 2,4-D podem ser removidas, pois mais partículas menores são apreendidas. Esse carvão funciona como as esponjas utilizadas em casa: quanto mais poros, mais água é absorvida.

Biocarvão ativado, produzido com bagaço da cana de açúcar, casca de coco e endocarpo de babaçu, é usado para remover um agrotóxico da água. Foto: Gilberto Brito/Ufes

“Os lugares de tratamento de água também muitas vezes não conseguem dar conta de tratar tanta quantidade contaminada. A aplicação dos resíduos desse carvão resolveria o problema por ser de execução mais fácil”, afirma Brito.

Os resultados dessa pesquisa foram publicados no artigo “Alto desempenho do biocarbono ativado com base em resíduo de biomassa agrícola aplicado para remoção de herbicida 2,4-D da água: adsorção, avaliações cinéticas e termodinâmicas” da revista Journal of Environmental Science and Health, Part B.

A descoberta está em processo de pedido de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), juntamente com outro pedido de Brito e Edumar Coelho, relativo ao uso do lítio para produzir biocombustível a partir do óleo de cozinha.

*Bolsista de Comunicação

Edição: Lidia Neves

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