Escalada Esportiva: Lesão nos dedos da mão

Uma das lesões mais comuns em atletas e praticantes recreativos da escalada esportiva, tanto indoor como em rocha, é a lesão das bainhas que protegem os tendões dos dedos da mão.
Nós não possuímos músculos nos dedos, os movimentos de flexão dos dedos que tanto fazemos uso na escalada são produzidos por músculos presentes no antebraço: o flexor profundo dos dedos (FPD) e o flexor superficial dos dedos (FSD).
Pois bem, estes tendões se inserem nas falanges médias (FSD) e distais (FPD) dos dedos da mão, passando pela palma, falange proximal e falange média. As bainhas (A1, A2, A3 e A4), fazem com que estes tendões mantenham-se próximos ao ossos das falanges, aumentando a força produzida no movimento de flexão dos dedos.

Quando utilizamos a pegada fechada, em agarras menores (closed crimp), a articulação interfalangiana distal sofre uma extensão completa, ou mesmo uma hiperextensão, enquanto que a articulação interfalangiana proximal é mantida em 90 graus. Isso causa uma pressão dos tendões FPD e FSD sobre essas bainhas, especialmente a A2 e A4. Cronicamente, isso pode ocasionar pequenas lesões a estas estruturas. Ou mesmo o pior, podem sofrer ruptura completa, especialmente se o indivíduo está fazendo a utilização da pegada fechada e perde o apoio do pé, transferindo muita carga aos dedos. Nestes casos, os escaladores relatam que ouvem um “pop”, seguido de dor intensa.

Esta lesão provoca dor e limitação de movimento de flexão dos dedos. O mais comum é a ocorrência nos dedos anular e médio. O tratamento depende do grau da lesão, mas consiste em cessar as atividades de escalada imediatamente, tratamento com gelo 2x ao dia por uma semana e utilização de medicação anti-inflamatória. Estima-se que o tempo ideal, no caso de rupturas parciais, para voltar à escalada é em torno de 40 dias. Casos mais graves de ruptura completa podem necessitar de intervenção cirúrgica para reconstrução da bainha danificada. É muito importante que o indivíduo não retorne às atividades muito precocemente, logo que a dor cesse, pois na realidade a lesão ainda não foi completamente curada e com certeza haverá reincidência.
Bons treinos!
Lucas Guimarães

Sobre Lucas Guimarães Ferreira

Professor do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo
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