Treinamento de força e síntese protéica muscular

Após uma sessão de treinamento de força, a taxa de síntese protéica mostra-se elevada de 2 a 5 vezes em relação aos valores de repouso, podendo se estender por até 48 horas em indivíduos alimentados (PHILLIPS et al., 1997). Após o exercício de força ocorre aumento tanto da síntese de proteínas miofibrilares quanto mitocondriais (WILKINSON et al, 2008). Pesquisa recente aponta que a resposta máxima na magnitude da síntese protéica miofibrilar após este tipo de exercício ocorre entre 60 e 90% de 1RM (KUMAR et al., 2009a). A ativação de proteínas da cascata de sinalização que regulam a iniciação da tradução, como Akt (ou PKB) e mTOR, 4EBP-1, p70S6k e proteína ribossomal S6, tem sido associada ao aumento da síntese protéica pós-exercício (BAAR e ESSER, 1999; KARLSSON et al, 2004; DREYER et al, 2006; WILKINSON et al, 2008; VOLPI et al, 2008; KUMAR et al, 2009a, MAYHEW et al, 2009).

Entretanto, Kumar et al (2009b), apontam que ainda há evidências dúbias quanto à relação precisa entre a extensão das modificações nas cascatas de sinalização intracelular e conseqüentes modificações nas taxas de síntese protéica no músculo esquelético em resposta ao exercício físico. De fato, Greenhaff et al (2008) recentemente demonstraram que a infusão de insulina e aminoácidos, apesar de provocar aumento significante na fosforilação da Akt e p70S6k de forma dose dependente, não resultou em aumento concomitante na taxa de síntese protéica no músculo esquelético à medida que a dose de insulina era aumentada. Além disso, Wilkinson et al (2008) verificaram que esta via de sinalização foi estimulada tanto pelo exercício de força quanto pelo de resistência aeróbica, apesar da resposta sobre o fenótipo do músculo esquelético mostrar-se distinta de acordo com o estímulo. Está claro que se trata de um processo complexo, e que outros fatores estão envolvidos nas respostas moleculares ao exercício. É provável que pesquisas posteriores esclareçam melhor a relação temporal e de dose-resposta entre o treinamento de força, expressão e fosforilação de vias de sinalização intracelular e a síntese protéica muscular.

Referências:

Baar K, Esser K. Phosphorylation of p70(S6k) correlates with increased skeletal muscle mass following resistance exercise. Am J Physiol Cell Physiol 276: C120–C127, 1999.

Dreyer HC, Fujita S, Cadenas JG, Chinkes DL, Volpi E, Rasmussen BB. Resistance exercise increases AMPK activity and reduces 4E-BP1 phosphorylation and protein synthesis in human skeletal muscle. J Physiol 576: 613–624, 2006.

Greenhaff PL, Karagounis LG, Peirce N, Simpson EJ, Hazell M, Layfield R, Wackerhage H, Smith K, Atherton P, Selby A, Rennie MJ. Disassociation between the effects of amino acids and insulin on signaling, ubiquitin ligases, and protein turnover in human muscle. Am J Physiol Endocrinol Metab 295: E595–E604, 2008.

Karlsson HK, Nilsson PA, Nilsson J, Chibalin AV, Zierath JR, Blomstrand E. Branched-chain amino acids increase p70S6k phosphorylation in human skeletal muscle after resistance exercise. Am J Physiol Endocrinol Metab 287: E1–E7, 2004.

Kumar V, Atherton P, Smith K, Rennie MJ. Human muscle protein synthesis and breakdown during and after exercise. J Appl Physiol 106: 2026-2039, 2009b.

Kumar V, Selby A, Rankin D, Patel R, Atherton P, Hildebrandt W, Williams J, Smith K, Seynnes O, Hiscock N, Rennie MJ. Age-related differences in the dose-response of muscle protein synthesis to resistance exercise in young and old men. J Physiol 587: 211–217, 2009a.

Mayhew, DL, Kim, J, Cross, JM, Ferrando, AA, Bamman, MM. Translational signaling responses preceding resistance training-mediated myofiber hypertrophy in young and old humans
J Appl Physiol, November 1, 2009; 107(5): 1655 – 1662.

Phillips SM, Tipton KD, Aarsland A, Wolf SE, Wolfe RR. Mixed muscle protein synthesis and breakdown after resistance exercise in humans. Am J Physiol Endocrinol Metab. 273: E99–E107, 1997.

Wilkinson SB, Phillips SM, Atherton PJ, Patel R, Yarasheski KE, Tarnopolsky MA, Rennie MJ. Differential effects of resistance and endurance exercise in the fed state on signaling molecule phosphorylation and protein synthesis in human muscle. J Physiol 586: 3701–3717, 2008.

Sobre Lucas Guimarães Ferreira

Professor do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo
Esta entrada foi publicada em bioquímica, musculação, Músculo, plasticidade muscular, treinamento. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Uma resposta para Treinamento de força e síntese protéica muscular

  1. Fala companheiro… otimo post!E o layout esta mto legal…Abç

Deixe um comentário para Ddo. Ms. Frederico Gerlinger Romero Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *