O sistema ubiquitina-proteassoma é o sistema proteolítico mais recentemente descoberto, sendo dependente de ATP. A vasta maioria das proteínas celulares é degradada através deste sistema (CAO et al., 2005). Este processo proteolítico envolve a participação de um complexo enzimático denominado proteassoma 26S, formado por 2 subunidades regulatórias (19S) e uma subunidade catalítica (20S). A subunidade 19S reconhece proteínas “marcadas” com uma cadeia de ubiquitina, um peptídeo de 76 aminoácidos (CIECHANOVER, 2005).
Três componentes enzimáticos são necessários para ligar a cadeia de ubiquitina nas proteínas destinadas à degradação: as enzimas E1 (ativadora de ubiquitina) e E2 (proteínas conjugadoras de Ub) preparam a Ub para conjugação, enquanto que as E3 (Ub-ligases), as enzimas-chave do processo, liga a Ub à proteína, que é então reconhecida pelo proteassoma 26S, um complexo proteolítico multi-unidades e multi-catalítico que degrada as proteínas ubiquitinadas em fragmentos menores (figura 3; CAO et al., 2005; CIECHANOVER, 2005).
Fig 3: sistema ubiquitina-proteassoma (adaptado de Jefferson et al.,2001).
Existe apenas uma proteína E1, algumas E2, e milhares de E3. Desta forma, esta última é o componente que confere especificidade ao sistema (CAO et al., 2005). Das diversas ubiquitina-ligases conhecidas, está bem estabelecido na literatura que atrogin-1 (MAFbx), MuRF-1 e E3α têm grande importância no processo de atrofia muscular. (LECKER et al., 1999a; 1999b; 2004; BODINE et al., 2001; GOMES et al., 2001, JONES et al., 2004). Verificou-se que E3α atua em conjunto com uma proteína conjugadora de ubiquitina, denominada E214k, que também tem sua expressão aumentada em situações de atrofia (WING & BANVILLE, 1994; LECKER et al., 1999a; 1999b).
A ubiquitinação das proteínas é um processo reversível. Enzimas desubiquitinadoras desempenham um importante papel na proteólise ubiquitina-dependente, catalisando a remoção da Ub das proteínas, livrando-as da degradação (KIM et al., 2003).
Foi demonstrado que o passo inicial para a proteólise via sistema ubiquitina-proteassoma no músculo esquelético parece ocorrer pela ação da caspase-3. Uma vez que o proteassoma não é capaz de clivar diretamente os complexos de actomiosina e as miofibrilas, verificou-se que esta caspase cliva estas estruturas em peptídeos menores, com cerca de 14 kDa, que são então ubiquitinados e, assim, degradados pelo proteassoma 26S (DU et al., 2004; 2005). Além disso, há evidências indicando que as calpaínas poderiam também participar da clivagem inicial do complexo de actomiosina (HUANG & FORSBERG, 1998; WILLIAMS et al., 1999).
Em condições que levam à atrofia muscular, desvernação, hipertireoidismo e sépse, a utilização de um inibidor de proteassoma (MG132) reduziu a proteólise muscular em 70%, 40-70% e 100%, respectivamente, demonstrando a importância do sistema ubiquitina-proteassoma em condições de intenso catabolismo protéico muscular (TAWA et al., 1997).
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Nos próximos posts, discutiremos alguns mecanismos moleculares envolvidos no processo de hipertrofia muscular.
Lucas Guimarães
oi boa tarde, gostei do seu blog, muito interessante, parabéns.
Excelente post.Sou discente do mestrado em Biociências aqui na FANUT/UFMT e ainda hj tive uma palestra relacionada a proteólise em diabéticos e sobre as vias catabólicas, dentre elas a ub-proteassoma.Gostaria de receber material relacionado ao tema e especialmente com relação ao exercício.AtenciosamenteProf.Msd. Adilson Reis Filho
Olá, sou karla,sou academica do curso de Educação Fisica e gostaria de algum artigo relacionado a Aptidao Músculo-esquelética de trabalhadores do setor de confecçoes, talvez pudesse me dar algumas dicas sobre o tema.Obrigada por sua atencao e admiro seus artigos publicados.abraços