Whey protein atenua a queda de força em resposta ao dano muscular resultante de contrações excêntricas.

Whey protein isolate attenuates strength decline after eccentrically-induced muscle damage in healthy individuals.

J Int Soc Sports Nutr. 2010 Sep 22;7:30.
Exercise Metabolism Unit, Institute for Sport, Exercise and Active Living, School of Biomedical and Health Sciences, Victoria University, Melbourne, Australia. alan.hayes@vu.edu.au.

Abstract

BACKGROUND: We examined the effects of short-term consumption of whey protein isolate on muscle proteins and force recovery after eccentrically-induced muscle damage in healthy individuals.
METHODS: Seventeen untrained male participants (23 ± 5 yr, 180 ± 6 cm, 80 ± 11 kg) were randomly separated into two supplement groups: i) whey protein isolate (WPH; n = 9); or ii) carbohydrate (CHO; n = 8). Participants consumed 1.5 g/kg.bw/day supplement (~30 g consumed immediately, and then once with breakfast, lunch, in the afternoon and after the evening meal) for a period of 14 days following a unilateral eccentric contraction-based resistance exercise session, consisting of 4 sets of 10 repetitions at 120% of maximum voluntary contraction on the leg press, leg extension and leg flexion exercise machine. Plasma creatine kinase and lactate dehydrogenase (LDH) levels were assessed as blood markers of muscle damage. Muscle strength was examined by voluntary isokinetic knee extension using a Cybex dynamometer. Data were analyzed using repeated measures ANOVA with an alpha of 0.05.
RESULTS: Isometric knee extension strength was significantly higher following WPH supplementation 3 (P < 0.05) and 7 (P < 0.01) days into recovery from exercise-induced muscle damage compared to CHO supplementation (Fig. 1). In addition, strong tendencies for higher isokinetic forces (extension and flexion) were observed during the recovery period following WPH supplementation, with knee extension strength being significantly greater (P < 0.05) after 7 days recovery (Figs 2 and 3). Plasma LDH levels tended to be lower (P = 0.06) in the WPH supplemented group during recovery.
CONCLUSIONS: The major finding of this investigation was that whey protein isolate supplementation attenuated the impairment in isometric and isokinetic muscle forces during recovery from exercise-induced muscle injury.
Figure 1. Effect of CHO and WPH on isometric knee extension muscle strength after exercise-induced muscle damage.
Figure 2. Effect of CHO and WPH on isokinetic knee extension muscle strength after exercise-induced muscle damage.
Figure 3. Effect of CHO and WP on isokinetic knee flexion muscle strength after exercise-induced muscle damage
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[UFES] Disciplina: Fundamentos e Métodos do Treinamento de Força e Flexibilidade

Turma 2010/02


Aulas às Quartas (20:30 às 22:00) e Sextas (18:30 às 20:00).

Avisos:
– O pdf das aulas encontram-se no e-mail da disciplina.

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[UFES] Disciplina: Informática e Estatística Aplicadas à Educação Física

Turma 2010/02


Aulas às Segundas (18:30 às 20:00) e Terças (20:30 às 22:00)

Avisos:
– O pdf das aulas encontram-se no e-mail da disciplina.

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HMB supplementation: clinical and athletic performance-related effects and mechanisms of action

Amino Acids. 2010 Jul 6. [Epub ahead of print]



Abstract

Amino acids such as leucine and its metabolite alpha-ketoisocaproate (KIC), are returning to be the focus of studies, mainly because of their anti-catabolic properties, through inhibition of muscle proteolysis and enhancement of protein synthesis. It is clear that these effects may counteract catabolic conditions, as well as enhance skeletal muscle mass and strength in athletes. Moreover, beta-hydroxy-beta-methylbutyrate (HMB) has been shown to produce an important effect in reducing muscle damage induced by mechanical stimuli of skeletal muscle. This review aims to describe the general scientific evidence of KIC and HMB supplementation clinical relevance, as well as their effects (e.g., increases in skeletal muscle mass and/or strength), associated with resistance training or other sports. Moreover, the possible mechanisms of cell signaling regulation leading to increases and/or sparing (during catabolic conditions) of skeletal muscle mass are discussed in detail based on the recent literature.
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Efeito do IGF-1 sobre o Tecido Muscular Esquelético.

Camundongos transgênicos que super-expressam IGF-1 apresentam hipertrofia muscular, atenuação da atrofia relacionada à idade e melhoria na massa e força musculares (BARTON-DAVIS et al, 1998; FIOROTO et al, 2003). Um mecanismo envolvido parece ser o aumento da replicação das células satélites e, conseqüentemente, do número de mionúcleos, evidenciado pelo aumento do conteúdo total de DNA (FIOROTO et al, 2003). Desta forma, está bem estabelecido que este hormônio exerce ação anabólica no músculo esquelético, levando à hipertrofia das fibras musculares.
Foi demonstrado que a hipertrofia de miotúbulos in vitro induzida por IGF-1 depende da via de sinalização celular iniciada pela PI3K e Akt, que leva à ativação da mTOR. Alvos desta proteína são a p70s6k e a 4E-BP1. Desta forma, este hormônio promove a síntese protéica, ao estimular o início da tradução. Rapamicina, um inibidor seletivo da mTOR, bloqueou a hipertrofia e todos os modelos experimentais testados, sem causar atrofia em músculos controle. Em contrapartida, a inibição da via da calcineurina não bloqueou a hipertrofia nestes modelos (BODINE et al, 2001). Além de ativar a mTOR, o IGF-1, bem como a insulina, também ativam a via da MAPK (proteína quinase ativada por mitógenos).
A administração de IGF-1 a animais em jejum provocou a inibição da expressão de proteínas envolvidas na proteólise dependente de proteassoma, que se mostrou elevada nos animais não tratados. Além disso, a adição deste hormônio inibiu a expressão destas proteínas também em células musculares em cultura submetidas a altas doses de glicocorticóides (DEHOUX et al, 2004). Assim, o IGF-1, além de seus efeitos anabólicos, atua também inibindo o processo de degradação protéica, via sistema ubiquitina-proteassoma, uma vez que a Akt modula a transcrição de ubiquitinas-ligases ao regular a translocação nuclear dos fatores de transcrição FoxO1 e FoxO3. Quando fosforilado pela Akt, as proteínas FoxO ficam retidas no citosol, permanecendo incapazes de estimular a transcrição de atrogin-1 e MuRF1, que são proteínas-chave no processo de proteólise dependente de proteassoma (FAVIER et al, 2008).
O IGF-1 é produzido por diversos tecidos, em especial pelo fígado e músculo esquelético, e é importante para o desenvolvimento tanto embrionário quanto pós-natal (BAKER et al, 1993). O IGF-1 é capaz de estimular a proliferação, diferenciação e fusão das células satélites, apresentando-se assim possivelmente como um importante mediador da resposta ao treinamento de força. De fato, a expressão gênica do IGF-1 se relaciona com a hipertrofia das fibras musculares (ADAMS; HADDAD, 1996) e se mostrou elevada 48 horas após uma sessão de treinamento de força para membros inferiores (BAMMAN et al, 2001).
Mais recentemente, foi identificada uma isoforma expressa pelo músculo esquelético, processada através de splicing alternativo do gene do IGF-1. Esta isoforma, denominada de MGF (mechano growth factor) é expressa quando o músculo é submetido à sobrecarga (GOLDSPINK, 2003), ou seja, sendo regulada por sinais mecânicos. A isoforma hepática, que também é produzida pelo músculo, é denominada IGF-1Ea (GOLDSPINK et al, 2006).
Apesar de o aumento da do IGF-1 no músculo esquelético ser suficiente para promover a hipertrofia (ADAMS; McCUE, 1998; MUSARO et al, 2001), o IGF-1 proveniente do fígado não parece ser determinante para a hipertrofia muscular, como demonstrado por Yakar et al (1999). Estes autores utilizaram camundongos transgênicos que não expressavam IGF-1 hepático e, apesar dos níveis plasmáticos bastante reduzidos do hormônio, não tiveram prejuízo no crescimento. Goldberg (1967) também já havia demonstrado que a hipertrofia muscular em resposta à tenotomia de músculos agonistas ocorria mesmo em animais hipofisectomizados que, desta forma, não produziam GH. E ainda, foi demonstrado que a administração de GH e/ou IGF-1 não parece ser um estímulo eficaz para o aumento de massa muscular na ausência de sobrecarga mecânica (ALLEN at al, 1997; RENNIE, 2003; DOESSING et al, 2009).


Lucas Guimarães Ferreira


Obs.: Solicite as Referências por E-mail.
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Material de Disciplina: Fisiologia Neuromuscular

Material da Disciplina de Fisiologia Neuromuscular do Curso de Especialização em Exercício Físico Físico como Terapêutica na Clínica Médica, da Universidade Federal de São Paulo.



Aula: 14/08/2010 (.pdf, atualizada) [Download]

Artigos:
The Neuromuscular Junction: Structure, Function and its Role in the Excitation of Muscle
Plasticity of human skeletal muscle gene expression to in vivo function
The molecular regulation of skeletal muscle mass
Normal mammalian skeletal muscle and its phenotypic plasticity
Determinantes Moleculares da Hipertrofia do Músculo Esquelético Induzidos pelo Treinamento…
Mecanismos celulares e moleculares que controlam o desenvolvimento e o crescimento muscular

Animações:
Potencial de Ação no Músculo Esquelético
A Junção Neuromuscular
O Encurtamento dos Sarcômeros
Função da Troponina e Tropomiosina


Livros indicados:
TIIDUS. Skeletal Muscle Damage and Repair. Human Kinetics, 2008.
LIEBER. Skeletal Muscle: Structure, Function and Plasticity. 3.ed. Lippincott Williams and Wilkins, 2009.
McINTOSH et al. Skeletal Muscle: Form and Function. 2.ed. Human Kinetics, 2006.
KOMI. Força e Potência no Esporte. Artmed, 2006.
CARNEIRO. Histologia Básica. 11.ed. Guanabara Koogan, 2008.

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Proteólise dependente de Proteasoma [Vídeo]

Este vídeo disponível no Youtube mostra de forma bem didática a marcação de uma proteína com a cauda de poliubiquitina e a posterior proteólise que ocorre no interior do proteassoma 20S, passando pelo reconhecimento pela subunidade regulatória 19S. Bem legal.

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A descoberta do Sistema Ubiquitina-Proteassoma [Parte II]

Parte I


A descoberta
Partindo do princípio de que o fenômeno que estavam observando dependia de uma proteína (protease) que efetuava a hidrólise do substratoalvo na presença de ATP, e que essa protease era parte integrante do conteúdo protéico do lisado de reticulócitos, esses pesquisadores aplicaram o lisado a uma coluna cromatográfica de Sepharose® DEAE com o objetivo de separar (isolar) essa protease desconhecida. Duas das frações obtidas nesse processo, quando eram misturadas, reconstituíam a proteólise ATPdependente. No entanto, quando testadas separadamente não apresentavam atividade. Continuando a purificação das proteínas contidas em cada uma dessas frações, eles isolaram uma proteína termoestável de massa molecular 9000 u. Essa proteína foi identificada como um componente ativo para que ocorresse proteólise ATP-dependente. Quando essa proteína era adicionada à outra fração ocorria proteólise, porém nunca na sua ausência. Denominaram essa proteína de APF-1 (Active Principle of Fraction 1). Ela foi identificada em 1980 como sendo a ubiquitina que já havia sido descrita anteriormente, porém desconhecia-se sua atividade. Rapidamente, verificou-se que a molécula dessa proteína tinha 76 resíduos de aminoácidos e era altamente conservada nas células eucarióticas, sendo essencialmente idêntica em organismos tão distintos como uma levedura ou uma vaca.
Continuando o fracionamento por técnica cromatográfica, conseguiram identificar uma fração que continha as enzimas tiólicas E1 e E2 e a enzima E3 e, numa outra fração, identificaram uma proteína de alta massa molecular, também essencial para a atividade que haviam descrito. Muito provavelmente essa proteína era a protease que buscavam. No entanto, foi somente 10 anos mais tarde que ela foi identificada por outros investigadores como sendo o proteassoma, na verdade um complexo protéico de alta massa molecular capaz de reconhecer e catalisar a hidrólise de proteínas marcadas com cauda de ubiquitina. Os experimentos escritos acima e as conclusões a que chegaram estão descritos em publicações de 1978 e 1979 (Ciechanover et al., 1978; Hershko et al., 1979).
Ciechanover, Hershko e Rose continuaram buscando os elementos do processo de proteólise ATP-dependente, desviando-se daí em diante da protease e concentrando-se nos demais componentes do processo. Uma vez tendo purificado a ubiquitina (Ub), chamada de APF-1 até aquele momento, eles a marcaram com iodo radioativo (125I) e demonstraram inequivocamenteque inúmeras proteínas no lisado de reticulócitos estavam ligadas covalentemente à Ub. Logo em seguida, numa outra série de experimentos, fizeram marcação de três proteínas diferentes com 125I ao invés de marcar a Ub. Utilizando essas proteínas como substratos da proteólise, eles demonstraram que múltiplas unidades de Ub podiam conjugar-se com a proteína-alvo.
Essa seqüência de trabalhos (Ciechanover et al., 1980; Hershko et al.,1980) incluiu ainda uma série de detalhes sobre como é a ligação de Ub às proteínas-alvo e, também, antecipou a existência de uma enzima que remove da proteína-alvo a cauda de poliubiquitina. Entre 1981 e 1983, tendo já sido criada a hipótese sobre o sistema de marcação com Ub da proteólise ATPdependente, eles se dedicaram à elucidação completa do processo. Os trabalhos dessa época culminaram com a purificação e caracterização das três enzimas ubiquitinadoras (E1-E3) e elucidaram o mecanismo completo de marcação por Ub.
Os trabalhos desse período são ainda textos-referência para a descrição do sistema. Eles utilizaram protocolos experimentais bastante elegantes àquela época. Purificaram a enzima E1 por cromatografia de afinidade ligando a Ub covalentemente a uma coluna de Sepharose®. O lisado de reticulócitos era aplicado à coluna, sendo que a enzima E1 ficava retida na coluna por ligação à Ub; dessa maneira conseguiram purificar e demonstrar o tipo de ligação covalente entre Ub e E1. Utilizando-se de metodologia semelhante conseguiram purificar as duas outras enzimas: E2 e E3. Neste caso, usaram como estratégia eluições diferenciadas – lembrando que a eluição consiste na etapa cromatográfica que usa um solvente ou solução para retirar o material retido na coluna. Dessa maneira isolaram as três enzimas e demonstraram que E2 liga-se a E1 na coluna diferentemente de E3, que era eluída da coluna isoladamente. Todos esses passos estão descritos em publicações feitas por eles em 1981 e 1983 (Ciechanover et al., 1981; Hershko et al., 1983).
Implicações fisiológicas e patológicas
O processo de degradação de proteínas sinalizado por ubiquitina participa de inúmeros processos intracelulares muito importantes para a manutenção da homeostase ou da defesa celular. Alguns exemplos são enumerados a seguir.
Sistema imunológico
Alguns dos peptídeos gerados dentro da célula pelo sistema Ub-proteassoma são utilizados pela célula como antígenos de superfície celular e são reconhecidos pelos linfócitos T. Se esses peptídeos não forem produtos de uma proteína humana, os linfócitos T reconhecem o peptídeo na superfície celular como um antígeno, um componente estranho, e desencadeiam o processo que levará à destruição daquela célula. Esse mecanismo é muito importante em casos de infecção viral. Uma célula infectada com um vírus terá como produtos de hidrólise peptídeos originários de proteínas virais que serão reconhecidos pelos linfócitos T como estranhos ao organismo e, portanto, a célula será destruída, evitando a continuidade da replicação viral.
Resposta inflamatória
As células possuem proteínas denominadas fatores de transcrição. Essas proteínas se ligam ao DNA e induzem a transcrição de determinados genes. Um desses fatores de transcrição, denominado NFkB, localiza-se no citoplasma associado a uma proteína que inibe sua atividade
junto ao DNA. Quando a célula é infectada por uma bactéria, esse inibidor sofre uma alteração estrutural, é ubiquitinado e degradado pelo proteassoma. Dessa maneira a proteína NFkB fica livre e desloca-se para o núcleo, desencadeando a transcrição de inúmeros genes relacionados à resposta inflamatória que se constitui em um processo vital de defesa.
Terapêutica anti-tumoral
Inibidores do proteassoma ou da ubiquitinação protéica estão prestes a serem introduzidos na terapêutica anti-tumoral. Essa estratégia se baseia no fato de que a inibição irreversível do sistema Ub-proteassoma leva a célula à morte celular programada – apoptose -, muito desejável em se tratando de células tumorais, pois impede que elas proliferem.
Referências bibliográficas
CIECHANOVER, A.; HELLER, H.; ELIAS, S.; HAAS, A.L. e HERSHKO, A. ATP-dependent conjugation of reticulocyte proteins with the polypeptide required for protein degradation. Proc. Natl. Acad. Sci., v. 77, p. 1365-1368, 1980.
CIECHANOVER, A.; HELLER, H.; KATZ-ETZION, R. e HERSHKO, A. Activation of the heat-stable polypeptide of the ATP-dependent proteolytic system. Proc. Natl. Acad. Sci., v. 78, p. 761-765, 1981.
CIECHANOVER, A.; HOD, Y. e HERSHKO, A. A heat-stable polypeptide component of an ATP-dependent proteolytic system from reticulocytes. Biochem. Biophys. Res. Commun., v. 81, p. 1100-1105, 1978.
HERSHKO, A.; CIECHANOVER, A.; HELLER, H.; HAAS, A.L. e ROSE, I.A. Proposed role of ATP in protein breakdown: Conjugation of proteins with multiple chains of the polypeptide of ATP-dependent proteolysis. Proc. Natl. Acad. Sci., v.77, p. 1783-1786, 1980.
HERSHKO, A.; CIECHANOVER, A. e ROSE, I.A. Resolution of the ATP-dependent proteolytic system from reticulocytes: A component that interacts with ATP. Proc. Natl. Acad. Sci., v. 76, p. 3107-3110, 1979.
HERSHKO, A.; HELLER, H.; ELIAS, S. e CIECHANOVER, A. Components of ubiquitin-protein ligase system. J. Biol. Chem., v. 258, p. 8206-8214, 1983.
Texto de: Demasi e Bechara. Química Nova na Escola, n.20, p. 3-8, 2004.
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A descoberta do Sistema Ubiquitina-Proteassoma [Parte I]

Já postei aqui um texto meu sobre o sistema ubiquitina-proteassoma a um tempo atrás. Agora vou postar a primeira parte do artigo publicado pela professora Dra Marilene Demasi, do Instituto Butantan, publicado na revista Química Nova na Escola logo após os pesquisadores que desvendaram o funcionamento deste sistema receberam o prêmio Nobel de Química em 2004. Espero que gostem.

Prêmio Nobel de Química 2004: Proteólise ATP-Dependente de Proteínas Marcadas com Ubiquitina

A primeira referência à degradação intracelular de proteínas foi feita por Schoenheimer em 1942, que, através de marcação radioisotópica, demonstrou que proteínas são constantemente sintetizadas e desmontadas. A partir de então, várias proteases envolvidas na degradação protéica não-dependente de energia foram descritas. Uma das primeiras a ser amplamente estudada foi a tripsina, na luz intestinal, responsável pela catálise da hidrólise de proteínas ingeridas na dieta alimentar (proteólise extracelular).

O processo intracelular de degradação protéica dependente de energia, captada na forma de ATP, foi descrito pela primeira vez por Sympson em 1953 e retomado por Hershko em 1971. Este pesquisador, durante um estágio de pós-doutoramento no laboratório de Gordon Tomkins, na Universidade da Califórnia, em São Francisco, publicou um trabalho realizado com cultura de células hepáticas, mostrando que a degradação intracelular da enzima tirosina aminotransferase era um processo dependente de ATP . Na época, o fato de que a degradação de proteínas pudesse consumir energia era paradoxal, uma vez que a proteólise é uma reação de hidrólise e, portanto, um processo exotérmico. Hershko, no entanto, insistiu nessa investigação exatamente pela aparente contradição. Suas conclusões nesse trabalho, que foi considerado um marco para investigações posteriores, convergiam para a possibilidade da existência de um processo proteolítico mais complexo do que aqueles conhecidos até então. Concluiu afirmando que: “Esta dependência por ATP para a degradação protéica intracelular parece ser incompatível com um mecanismo proteolítico simples e sugere que o processo seja de múltiplas etapas… Pode ser que o ATP esteja diretamente envolvido na modificação da proteína antes de sua degradação ou na formação de um metabólito intermediário”.

Um importante avanço nos estudos da proteólise ATP-dependente foi o modelo experimental publicado por Etlinger e Goldberg, em 1977, utilizando lisado de reticulócitos de coelho. Lisado é o material citoplasmático obtido experimentalmente pelo rompimento mecânico de células e posterior centrifugação para se obter a fração solúvel do citoplasma celular. Esse sistema levantou a possibilidade de se poder distinguir a atividade proteolítica lisossomal da não-lisossomal. O lisossoma é o compartimento intracelular responsável pela degradação de inúmeras macromoléculas, incluindo proteínas extracelulares, que são trazidas para o interior das células pelo processo de endocitose, além de proteínas de membranas e proteínas intracelulares de vida média longa. Um exemplo de proteína com vida longa é a hemoglobina: aproximadamente 110 dias. No modelo de estudo proteolítico com lisado de eritrócitos foi possível a diferenciação entre atividade proteolítica não-lisossomal e lisossomal, uma vez que as enzimas lisossomais têm atividade proteolítica em pH ácido, sendo que a atividade ATP-dependente, então descrita, possuía atividade ótima em pH ligeiramente alcalino, nominalmente 7,8.

Foi a partir de então, entre o final da década de 70 e início da de 80, que Ciechanover, Hershko e Rose desenvolveram uma série de estudos que culminaram com a elucidação do mecanismo de proteólise dependente de ATP e da ubiquitina. Os encontros que mantiveram e o trabalho realizado em conjunto foram possíveis graças a uma série de estágios sabáticos de Ciechanover e Hershko no laboratório de Rose, na Pensilvânia (EUA).

Aaron Ciechanover

Nascido em 1947 na cidade de Haifa, Israel, foi aluno de doutorado (1981) de Avram Hershko, na área de Medicina, no Instituto de Tecnologia de Israel (Technion), em Haifa. Atualmente é professor de Bioquímica do Instituto de Pesquisas em Ciências Médicas Família Rappaport do Technion. Em 2000, já recebera, juntamente com Hershko, o Prêmio Albert Lasker para Pesquisa Médica Básica; em 2003, foi-lhe outorgado o Prêmio Israel.
Avram Hershko

Nascido em 1937 em Karcag, na Hungria, emigrou para Israel em 1950 e hoje é cidadão israelense. Doutorou-se em 1969 pela Universidade Hebraica, em Jerusalém, sendo professor no mesmo centro de pesquisa onde atua Ciechanover. Em 1994, já recebera o Prêmio Israel e, em 2001, o Prêmio Wolf de Medicina.
Irwin Rose

Nascido em 1926 em Nova Iorque (EUA), doutorou-se em 1952 pela Universidade de Chicago. Foi professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, de 1953 a 1963, quando se mudou para o Centro Fox Chase para Câncer, na Filadélfia, do qual se aposentou em 1995. Atualmente é pesquisador emérito no Departamento de Fisiologia e Biofísica da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em Irvine, Califórnia (EUA).





Texto de: Demasi e Bechara. Química Nova na Escola, n.20, p. 3-8, 2004.
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[Vídeo] Teoria dos Filamentos Deslizantes da Contração Muscular

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