Educação pública estadunidense: uma crítica para nossa reflexão

Do livro Kevin D. Williamson: O Livro Politicamente Incorreto da Esquerda e do Socialismo. Editora Agir: 2013: pp.86-88.

Talvez a descoberta mais dramática da análise sobre as escolas [públicas americanas] tenha sido a de que classes menores geralmente não demonstram qualquer impacto no desempenho dos alunos, ainda que tenham implicações obvias para os custos. Além disso, a evidência econométrica básica é sustentada por evidências experimentais, fazendo deste um dos resultados mais claros desse tema bastante pesquisado. Mesmo que algumas instruções específicas possam ser reforçadas em classes menores, o desempenho estudantil na maioria das aulas não é afetado pela variação do tamanho da classe em situações que contem com um número entre, digamos, quinze e quarenta alunos. Contudo, mesmo diante de altos custos que não trazem benefícios aparentes de desempenho, a política geral de estados e distritos locais vem sendo a de reduzir o tamanho das classes com o intuito de aumentar a qualidade. / Uma segunda constatação, quase igualmente dramática, é a de que a obtenção de uma graduação mais avançada não garante que os professores trabalhem melhor na sala de aula. A probabilidade de que um professor com um diploma de bacharel consiga extrair de seus alunos um bom desempenho é a mesma de um professor que tenha concluído o mestrado. Uma vez que o salário de um educador aumenta invariavelmente com o título de mestre, esse é mais um exemplo de despesas adicionais que não geram qualquer ganho no desempenho escolar. / Esses efeitos de recurso são importantes por dois motivos. Em primeiro lugar, as variações nas despesas educacionais nas salas de aula são amplamente determinadas pela proporção de alunos por professor e pelo salário do educador, que, por sua vez, é amplamente determinado por sua escolaridade e experiência. Se esses fatores não têm uma influência sistemática no desempenho do aluno – como mostram as evidências –, a ampliação dos recursos, como vem acontecendo até o momento, dificilmente proporcionará uma melhoria. Em segundo lugar, seja explícita ou implicitamente, as escolas vêm buscando um programa para acrescentar esses recursos específicos. Hoje em dia, as instituições de ensino apresentam recordes de baixa proporção de alunos por professor, recordes de educadores com mestrado e os profissionais com maior experiência, pelo menos desde os anos 1960. Esses fatores são resultados de muitos programas específicos que contribuíram para o rápido crescimento do custo por aluno, mas não levaram a um melhor desempenho escolar. As escolas não tentam se certificar de que o aumento das despesas produza uma melhoria no desempenho. / A última frase é particularmente reveladora: os educadores não tentam se certificar de que o aumento das despesas resulte num melhor desempenho escolar. Mas por que? (…) / Quando não há relação entre salários e desempenho, os custos inevitavelmente sobrem e a qualidade diminui, e é precisamente o que aconteceu com as escolas públicas americanas.”

Referência citada: Eric Hanushek: Resultados, custos e incentivos nas escolas. Melhorando as escolas dos Estados Unidos: o papel dos incentivos. Conselho Nacional de Pesquisa. Washington, D.C.: National Academi Press, 1996: pp.29-52.