Barbaridade: vontade de vingar!

Vontade de vingar! Fico imaginando se não vi isso recentemente…

  • “A ética do bárbaro é a ética do dente por dente, do olho por olho. É a ética da vingança, é a norma do que deseja apenas o castigo, do sádico que só se satisfaz ao ver o adversário morder o pó da derrota. Não é o que vence e dá a mão para levantar o vencido. Não é o que busca a solução que o tornará amigo de seus semelhantes. Não é o que ama, mas o que odeia.”
    Mário Ferreira dos Santos: Invasão Vertical dos Bárbaros. É Realizações Editora: 2012: p.71

Os Princípios Acima das Preferências

Um comentário baseado num elemento do caso Dreyfus

Em poucas palavras, o caso Dreyfus consistiu da condenação fraudulenta por alta traição do oficial do exército francês Alfred Dreyfus (1859-1935), no final do século XIX. Apesar de alguns fatos ainda permanecerem obscuros, há relativa segurança sobre contribuição de diversos fatores para a realidade do que aconteceu, sobretudo: desinformação (o processo parece ter sido elaborado pelo serviço de inteligência francês para despistar dos inimigos o desenvolvimento de uma inovadora arma de guerra, um canhão de 75mm com sistema para amortecimento do recuo), anti-semitismo (Dreyfus era judeu de uma família próspera e havia alguns movimentos anti-semitas florescendo na França da Belle Époque), conflitos político-ideológicos (como a oposição da Igreja Católica ao governo republicano, que culminou na lei que separou Igreja e Estado como consequência do desfecho do caso Dreyfus). Entretanto, de tudo o se sabe que aconteceu nesse caso, quero destacar o  tenente-coronel Georges Picquart, que casualmente descobriu a falsidade das provas pelas quais Dreyfus foi condenado e tomou providências sob duras represálias para que fosse inocentado apesar de pessoamente detestar Dreyfus (por ele ser judeu, dentre outras coisas). Conforme Émilie Zola (1840-1902) em sua J’accuse…! [Eu acuso…!], carta endereçada ao então Presidente da República da França, Félix Faure:

O tenente-coronel Picquart estava cumprindo suas obrigações de homem honesto. Insistia com seus superiores, em nome da justiça. Respondia, dizia quanto suas decisões eram apolíticas, diante da terrível tempestade que se construía, que se daria quando a verdade fosse conhecida”.

“E o fantástico resultado dessa prodigiosa situação é que o honesto tenente-coronel Picquart, que apenas cumpriu seu dever, será ele a vítima, o ridicularizado e o punido. Ah!, justiça, que terrível desespero rasga o coração! Chega-se ao cúmulo de dizer que ele é o falsificador, que fabricou o telegrama para incriminar Esterhazy. Mas, ó Deus! Por quê? Com que razão? Dai-me um motivo. Ele também foi pago pelos Judeus? O mais engraçado é que ele é justamente o anti-semita!”

Émile Zola: L’Acuse…!: Lettre au Presidént de la Repúblique. L’Aurore, 1898.

Não sei por que Picquart era anti-semita e detestava Dreyfus, mas me parece certo que, apesar disso, ele considerava que a verdade e a justiça deviam prevalescer sobre as preferências pessoais e que devia lutar por isso mesmo tendo que sofrer duras consequências.

Uma característica do caráter honrado e digno é ter os princípios verdadeiros acima das preferências pessoais. Por isso, Picquart é admirável e o resto é só resto

Referências

  1. Lauro M. Coelho: Caso Dreyfys: A fraude que revoltou a frança. URL: http://super.abril.com.br/historia/caso-dreyfus-a-fraude-que-revoltou-a-franca (Acessado em 14/05/2016)
  2. Émile Zola: L’Acuse: Lettre au Presidént de la Repúblique. O Marrare, no.12: 204-217. URL: http://www.omarrare.uerj.br/numero12/pdfs/emile.pdf (Acessado em 14/05/2016)
Posted in Crônica, Sociedade | Comentários desativados em Os Princípios Acima das Preferências

Barbaridade: falta de vontade de estudar!

Fico imaginando se não é um sinal de barbarismo a aversão que muitos alunos de graduação em ciências exatas têm às demonstrações mais elementares da Matemática, aversão que significa recusa absoluta em conhecer as razões subjascentes aos conceitos e técnicas de cálculo aplicados nas disciplinas básicas.

  • O bárbaro é o que sabe sem saber o porquê do que sabe; o civilizado, o que sabe, sabendo o porquê do que sabe. Só há ciência quando se sabem os porquês próximos e remotos de uma coisa, de suas causas, de suas razões.” “O perigo da pedagoria moderna, em seus aspectos negativos, consiste em julgar que basta apenas informar bem o educando para atingir o conhecimento, quando a verdadeira pedagogia consistiria em dar a este a capacidade de, por si mesmo, investigar as causas, as razões, os porquês das coisas. Eis aqui um tema de máxima importância e que merece de nós uma atenção mais cuidada: o problema pedagógico sob o aspecto da formação mental do homem. Não deve ser a primacial finalidade da pedagogia consgtruir mentes capazes de investigarem os porquês, as causas e as razões das coisas, ou apenas formar mentes medíocres, eruditas de certo modo, mas sem saberem por si mesmas alcançar as causas das coisas?”
    Mário Ferreira dos Santos: Invasão Vertical dos Bárbaros. É Realizações Editora, 2012: p.43.

 

Ensino e Programação

A programação, no sentido de escrever algoritmos ou códigos de computador, pode contribuir significativamente para o ensino e aprendizagem, particularmente para o ensino e aprendizagem da Matemática?

Acredito que sim! Alguns aportes:

  • Lúcio S. Fassarella: Resolução Computacional de Problemas de Probabilidade. Proceedings Series of the Brazilian Society of Computational and Applied Mathematics, v.3, n.2 (2015): 020129 [6 pages]. ISSN:2359-0793. DOI:10.5540/03.2015.003.02.0129.
  • S. Li, D. Wang, J.-Z. Zhang: Symbolic Computation and Education. World Scientic: 2007.
  • Kids as coders. URL!
  • Mitch Resnick: Let’s teach kids to code. TEDxBeaconStreet, November 2012. URL!
  • Torgeir Waterhouse: Teach Kids code. TEDxOslo, January 2015. URL!
  • https://code.org/ (Site sem fins lucrativos que tem por objetivo tornar acessível o aprendizado de programação.)
  • http://www.codekids.ca/ (Code Kids documenta um movimento popular liderados por cidadãos de New Bunswick, Canadá, que busca inspirar estudantes, educadores, decisores de políticas públicas e o público em geral a adotar a tecnologia nas escolas de ensino fundamental e médio.)
  • http://www.bbc.co.uk/schools/0/computing/ (Ações da BBC para computação na escola.)
  • https://www.edsurge.com/ (Página Teaching Kids to Code.)
  • http://www.vmps.org/ (Texto Kids as Coders.)

Ambientes de Programação

Juventude e Heroísmo

Se estão perdidos, quero encontrar;

Se estão desesperados, quero consolar;

Não quero pregar ilusões, nem fazer promessas vazias;

Quero ser verdadeiro,

Quero dar um modo de vida:

Sonhar e Lutar – ou seja,

Esperançar!

Mas, há que se ter heroísmo;

Há que se ser destemido;

Há que se buscar o paraíso

mesmo que todos o neguem,

e se afastar do abismo,

mesmo que todos o preguem.

  • “O homem dará a vida pela sua pátria, sua sociedade, sua família. Tomará a decisão de atirar-se sobre uma granada para salvar seus camaradas; ele é capaz da mais alta generosidade e do mais elevado auto-sacrifício. Mas tem que sentir e crer que aquilo que está fazendo é verdadeiramente heroico, transcendente ao tempo e extremamente significativo. A crise da sociedade moderna está precisamente no fato de que os jovens já não se sentem seres heroicos no plano de ação preparado pela sua cultura. Eles não acreditam que este plano seja verdadeiro para os problemas de suas vidas e de sua época. Estamos vivendo uma crise de heroísmo que atinge todos os aspectos da vida social. Há os que abandonam o heroísmo da universidade, outros, o da atividade econômica e de uma carreira, alguns o da atividade política. (…). A grande perplexidade e agitação de nossa época é que os jovens perceberam – sabe-se lá quais as consequências – uma grande verdade sócio-histórica: assim como há auto-sacrifícios inúteis em guerras injustas, também existe uma ignóbil atividade heroica de sociedades inteiras: pode ser a perversamente destruidora atividade heroica da Alemanha de Hitler ou o simples, degradante e tolo ato heroico da aquisição e exibição de bens de consumo, no acúmulo de dinheiro e de privilégios que agora caracteriza sistemas de vida inteiros, tanto capitalistas como soviéticos.”
    Ernest Becker: A Negação da Morte – 6a. edição. Tradução: Luiz Carlos do Nascimento Silva. Record: Rio de Janeiro, 2013: p.26.

Mais uma birra…

Se a moda é reivindicar certos direitos, é melhor ser antiquado: até birra tá valendo, veja esta:

  • Flavio Morgenstern: Conheça a Geração Z: a geração Merthiolate-que-não-arde que não tem mais o que fazer. www.sensoincomum.org, 27/02/2016. Link! Cópia!
    • O fato: “Alunas do colégio Anchieta, um dos mais antigos (e caros) de Porto Alegre, fizeram uma mobilização, com ato, demonstração e petição online, pelo direito de usar shortinho quando forem para as aulas.”
    • Extremismo: “Dez meninos também aderiram à campanha, e fizeram também um ato de shortinho em apoio às meninas de shortinho, o que foi fato sobejante para nova notícia.”
    • Politicagem: “… a principal articuladora do grupo faz parte do Juntos!, o “coletivo” de atuação pré-adolescente do PSOL, e atuou com afinco na campanha de Luciana Genro.”
    • Repercussão: “As moças das pernocas de fora ganharam o noticiário nacional. A merenda às vezes é comentada en passant. O resultado pífio em Português e Matemática, praticamente nunca.”
    • Opinião: “Esta é a tal “geração Z” (…): uma geração que não tem mais o que fazer.”

Estudo X Distrações

Se “há males que vêm para o bem”, também há boas coisas com consequências ruins.

A comunicação proporcionada pelos dispositivos eletrônicos e seus recursos  é algo bom, mas que tem prejudicado muitas pessoas na medida em que eles ocupam a atenção e o tempo necessários para realizarmos diversas atividades cotidianas importantes. No caso dos estudantes, celulares e Internet usados irresponsavelmente prejudicam o aprendizado tanto pelo tempo que roubam dos estudos quanto pela distração que causam durante os estudos. Progredir do uso parcimonioso para o vício no celular ou na Internet é algo que pode acontecer de modo mais fácil do que se pode imaginar! Veja:

  • Tony Schwartz (The New York Times, 20/02/2016): Somos todos viciados em distração. Tradutor: Adriano Scandolara. Gazeta do Povo: www.gazetadopovo.com.br.

O problema do vício relacionado à pornografia online é especialmente preocupante, devido às suas causas e consequências:

  • Bol Notícias: Como vício em pornografia está afetando saúde sexual de jovens britânicos.  http://noticias.bol.uol.com.br, 16/08/2016. Link! Link!
  • http://yourbrainonporn.com/

Para ilustrar, talvez um depoimento baste:

 

 

Artigos sobre Educação Superior

Educação Superior nos EUA:

  • John Aubrey Douglass: A educação superior nos EUA: passado e futuro. Ensino Superior UNICAMP, Ano I – nº 1 (Abril de 2010). Link!

Educação Superior no Brasil:

  • Luiz Davidovich (entrevista): “O ensino superior está fora do horizonte dos jovens. Esse é o gargalho brasileiro.” Ensino Superior UNICAMP, Ano I – nº 1 (Abril de 2010). Link!
Posted in Sem categoria | Comentários desativados em Artigos sobre Educação Superior

Educação pública estadunidense: uma crítica para nossa reflexão

Do livro Kevin D. Williamson: O Livro Politicamente Incorreto da Esquerda e do Socialismo. Editora Agir: 2013: pp.86-88.

Talvez a descoberta mais dramática da análise sobre as escolas [públicas americanas] tenha sido a de que classes menores geralmente não demonstram qualquer impacto no desempenho dos alunos, ainda que tenham implicações obvias para os custos. Além disso, a evidência econométrica básica é sustentada por evidências experimentais, fazendo deste um dos resultados mais claros desse tema bastante pesquisado. Mesmo que algumas instruções específicas possam ser reforçadas em classes menores, o desempenho estudantil na maioria das aulas não é afetado pela variação do tamanho da classe em situações que contem com um número entre, digamos, quinze e quarenta alunos. Contudo, mesmo diante de altos custos que não trazem benefícios aparentes de desempenho, a política geral de estados e distritos locais vem sendo a de reduzir o tamanho das classes com o intuito de aumentar a qualidade. / Uma segunda constatação, quase igualmente dramática, é a de que a obtenção de uma graduação mais avançada não garante que os professores trabalhem melhor na sala de aula. A probabilidade de que um professor com um diploma de bacharel consiga extrair de seus alunos um bom desempenho é a mesma de um professor que tenha concluído o mestrado. Uma vez que o salário de um educador aumenta invariavelmente com o título de mestre, esse é mais um exemplo de despesas adicionais que não geram qualquer ganho no desempenho escolar. / Esses efeitos de recurso são importantes por dois motivos. Em primeiro lugar, as variações nas despesas educacionais nas salas de aula são amplamente determinadas pela proporção de alunos por professor e pelo salário do educador, que, por sua vez, é amplamente determinado por sua escolaridade e experiência. Se esses fatores não têm uma influência sistemática no desempenho do aluno – como mostram as evidências –, a ampliação dos recursos, como vem acontecendo até o momento, dificilmente proporcionará uma melhoria. Em segundo lugar, seja explícita ou implicitamente, as escolas vêm buscando um programa para acrescentar esses recursos específicos. Hoje em dia, as instituições de ensino apresentam recordes de baixa proporção de alunos por professor, recordes de educadores com mestrado e os profissionais com maior experiência, pelo menos desde os anos 1960. Esses fatores são resultados de muitos programas específicos que contribuíram para o rápido crescimento do custo por aluno, mas não levaram a um melhor desempenho escolar. As escolas não tentam se certificar de que o aumento das despesas produza uma melhoria no desempenho. / A última frase é particularmente reveladora: os educadores não tentam se certificar de que o aumento das despesas resulte num melhor desempenho escolar. Mas por que? (…) / Quando não há relação entre salários e desempenho, os custos inevitavelmente sobrem e a qualidade diminui, e é precisamente o que aconteceu com as escolas públicas americanas.”

Referência citada: Eric Hanushek: Resultados, custos e incentivos nas escolas. Melhorando as escolas dos Estados Unidos: o papel dos incentivos. Conselho Nacional de Pesquisa. Washington, D.C.: National Academi Press, 1996: pp.29-52.

 

Matemática: fascinante e fundamental

A Matemática é fascinante e esse fascínio leva muitas pessoas a se dedicarem a seu estudo e desenvolvimento. Mas não é por causa do fascínio pela Matemática que a sociedade paga os matemáticos e custeia suas despesas com pesquisa: é por causa das suas inumeráveis aplicações na ciência, tecnologia, engenharia, comunicação, economia, administração,…

De fato, nossa sociedade tecnológica tornou-se tão dependente da Matemática que atualmente é impossível conceber a humanidade persistindo sem ela, a não ser imaginando a ocorrência de um cataclismo mundial que deixe relativamente poucos de nós vivos!

“Nem sempre esta relação da matemática com outras ciências é clara, nem é ela que guia o trabalho dos matemáticos, mais atraídos por questões de estética e beleza, mas essa influência de suas descobertas em outras áreas costuma aparecer, nem que seja muitos anos depois. A verdade é que, se a matemática parar, a física, a biologia, a engenharia também vão estagnar, e por isso é importante para um país manter um corpo de pesquisadores capacitados em matemática.” Fernando Codá Marques (IMPA) [1]

[1] Cesar Baima (O Globo): A multiplicação de talentos do Instituto de Matemática Pura e Aplicada. JC e-mail 4742, de 07 de Junho de 2013. Link!